Cidades

Dupla de estelionatarios lucra mais de R$ 4 milhões com golpes

Robson Soares dos Santos, 35 anos e Marcelo Vieira Vidal de amoraes, 38 anos, foram apreendidos por venderem imóveis que já haviam possuidores.

Deborah Fortuna
postado em 27/09/2017 12:19
Robson Soares dos Santos, 35 anos e Marcelo Vieira Vidal de amoraes, 38 anos, foram apreendidos por venderem imóveis que já haviam possuidores.
A Polícia Civil do Distrito Federal estima que a dupla de estelionatários que participava de um esquema de venda ilegal de terrenos no Distrito Federal chegou a arrecadar R$ 4 milhões em golpes. Em dois anos de atividade, a organização fez mais de 20 vítimas na região de Planaltina. Entretanto, a corporação acredita que com a divulgação dos relatos, outras pessoas que foram prejudicadas devem aparecer para fazer a ocorrência contra os criminosos. As investigações apontam que os dois suspeitos se aproveitaram de possuidores de imóveis sem escritura pública, prometiam uma valorização do terreno e revendiam o local para terceiros.
Robson Soares dos Santos, 35 anos, e Marcelo Vieira Vidal de Moura, 38 anos, foram presos durante a Operação Gárano, deflagrada na manhã de ontem. Outras duas pessoas também foram indiciadas por participarem do esquema como ;laranjas;. Apesar de um esquema funcionar desde 2015, as denúncias só começaram em dezembro do ano passado. Para o delegado adjunto da 16 ; Delegacia de Polícia Diogo Barros Cavalcante, o problema é que muitas pessoas que compraram os lotes ou que tiveram seu terreno vendido demoraram para perceber que caíram em um golpe. Isso porque Robson seria o mandante da organização, e teria registro legal de corretor de imóveis no Conselho Regional de Corretores de Imóveis (Creci-DF). O que dava a ele credibilidade e confiança. ;A gente acredita que, com o crescimento da bolha imobiliária, para manter o padrão de vida, ele começou a aplicar os golpes. Quando procuravam ele (os supostos clientes), ele prometia outro lote e continuava enganando. Em 2017, começaram ser registradas denúncias e nós iniciamos a investigação de forma isolada;, explicou o delegado.
Para enganar as pessoas, Robson supostamente iria atrás de possuidores de imóveis que não tinham escritura. Ou seja, apesar de possuírem o terreno, essas vítimas não tinham o documento de posse. Então, o esquema ocorrida da seguinte forma: o corretor de imóveis conversava com o morador do lote, e prometia que se ele assinasse uma procuração, o terreno poderia passar por reformas e, no futuro, seria valorizado. Essas mudanças custariam em torno de R$ 100 mil a R$ 200 mil reais. Como Robson era um nome renomado no mercado, as vítimas assinavam o documento, sem saber que nele também estava uma autorização de venda de terreno. Assim, Robson passava o lote para o nome de um ;laranja;, e conseguia revendê-lo, por meio de um contrato de cessão de direitos ou procuração.
Quando as vítimas procuravam o corretor de imóveis para dizer que havia alguém morando no lote, ele se justificava falando que conseguiu o terreno, mas que ainda não havia sido pago e depois entregaria o dinheiro, quando recebesse. E, em muitos casos, chegou a prometer outros terrenos ; que também seriam parte do esquema. ;Ele começou de forma simples, enganando pessoas mais carentes. Depois, começou a incrementar. Fraudava documento, escrevia contrato de compra e venda sem valor jurídico, reconhecia firma. E aí no fim do ano, o prestígio dele entrou em declínio. E aí começou a fazer tudo por fora, e a usar a ajuda do Marcelo;, contou o delegado.
Além disso, os dois também procuravam por donos de terrenos que foram doados pela Companhia de Desenvolvimento Habitacional do DF (Codhab). Segundo o delegado-chefe da 16; Edson Medina, esses terrenos são lícitos e os proprietários têm os documentos de posse. Porém, eles não podem ser vendidos, pois o governo na época fez algumas doações a servidores públicos cadastrados na companhia. Robson convencia os donos de que a venda era permitida para tentar vendê-los. ;Os indivíduos passaram a comprar esses imóveis, mas eles não podem ser vendidos. E aí começou a criar uma teia. Ele vendia o imóvel, e recebia um veículo como forma de pagamento;, contou.
Em nota, a Creci/DF afirmou que aguarda a Polícia Civil encaminhar a documentação de Robson para tomar as devidas providências. ;O referido corretor tem restrições junto ao Conselho, por isso não é possível emitir a sua Certidão de Regularidade no website do CRECI/DF;, disse a nota. Além disso, o órgão recomendou que ao contratar um profissional da área, é imprescindível consultar a certidão de regularidade no site.

A Operação Gárano


Deflagrada na manhã de ontem, a operação cumpriu a prisão de Robson e Marcelo e mandados de busca e apreensão na casa dos autores do crime. Na casa do corretor de imóveis foi encontrado uma pistola importada, e R$ 800 em espécie. Ele será indiciado por quatro estelionatos, apropriação indébita, associação criminosa e porte ilegal de arma de fogo, o que pode resultar em 30 anos de prisão. Já o comparsa foi autuado por associação criminosa e três estelionatos, o que pode render 18 anos de reclusão. ;Mesmo não havendo uma grave ameaça, ou violência, eles estão causando um dano quase irreparável para essas pessoas que estão comprando e que pode evoluir para outros crimes;, concluiu Medina.

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