Cidades

Primeiros de dias de chuva já causam transtornos e moradores pedem solução

Muita gente comemorou a chegada da água, mas houve também quem sofreu com os problemas decorrentes das precipitações

Gabriela Sant'Anna - Especial para o Correio
postado em 28/09/2017 21:00
Primeiro dia de chuva deixa rastro de lama em Vicente Pires. Moradores como Rayanne Gomes de Oliveira reclamam
Na última quarta-feira (27/9), Brasília rompeu com o período de 128 dias sem chuvas, para a alegria da maioria dos brasilienses. Em algumas regiões, porém, o volume de água, ainda que baixo, provocou transtornos. Engarrafamentos, acidentes, lama e carros danificados são alguns dos problemos decorrentes deste primeiro dia pós-estiagem. Segundo dados da Central Integrada de Atendimento e Despacho do Distrito Federal (Ciade), o número de acidentes aumentou em 51,35%. Foram registradas 37 ocorrências na quarta-feira da semana passada (20), frente a 56 na desta semana.
O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) prevê que, no fim de semana, a intensidade das precipitações deve aumentar. A previsão é de que a temperatura mínima seja de 17;C e 28;C, a máxima. ;O céu ficará encoberto na maior parte do tempo e há possibilidade de chuvas em áreas isoladas. Os prognósticos são de que o volume será cada vez maior;, diz o meteorologista Mamedes Luiz Melo.

A atenção deve ser redobrada no trânsito, é o que afirma a Secretaria de Estado da Defesa Civil do Distrito Federal. No início do mês, vários órgãos, entre eles secretarias, Inmet, as polícias civil e militar e o Corpo de Bombeiros se reuniram para elaborar uma cartilha com as orientações e cuidados a serem tomados pela população para diminuir os riscos nessa época chuvosa. Confira abaixo.

Lama


Vicente Pires é um dos bairros que mais sofre no período de chuvas. A pouca quantidade de água que caiu na última quarta-feira foi suficiente para inúmeros problemas eclodirem entre os moradores, principalmente na Rua 4C e na Vila São José. A região administrativa passa por obras de infraestrutura em diversas ruas, que fazem parte de um plano de urbanização executado desde 2015. As ações promovem benfeitorias como captação de águas pluviais, implantação de redes de esgoto, drenagem e pavimentação. Porém, muitas delas estão interrompidas.
O diretor da Faculdade Mauá, Felipe Leitão, 30 anos, diz que os comerciantes da região passam por momentos difíceis. ;Já tem muito tempo que cavaram e prepararam tudo para realizar as melhorias, no entanto, está tudo parado há uns dois meses. Primeiro, o problema era a poeira, agora a chuva formou esse barro escorregadio;.
Felipe conta que há inúmeras reclamações dos alunos, que tiveram dificuldades de enfrentar a lama para chegar à faculdade. Isso porque a passarela de acesso ao local, que passa por cima do córrego de Vicente Pires, foi tomada pelo barro. ;Além da sujeira, tiveram quedas de motos, a rua está intransitável. Essa chuva foi fraca, o nosso medo é a chuva forte. O problema vai ser triplicado;.
Segundo empresários locais, o comércio em geral sentiu grande impacto desde ontem. Breno Andrey de Lima, 26 anos, é dono de um restaurante que fica em frente à faculdade e afirmou que o movimento na quarta-feira foi muito abaixo do esperado. ;A rua ficou virou um caos total. Ontem (quarta-feira) o pessoal não veio para a aula, teve gente que caiu na hora de atravessar a rua, carro que escorregou. Isso refletiu diretamente na quantidade de vendas e no movimento;, comenta.
[SAIBAMAIS]Rayanne Gomes de Oliveira, 26 anos, é síndica do Residencial Safira, localizado na mesma rua, e diz que os moradores estão indignados com o descaso com a obra. ;Antes era a poeira. Agora, com a chuva, o pesadelo é a lama. Os carros que passam por aqui estão derrapando, já houve batida aqui na frente, os carros não conseguem frear. Além da lama, tem os buracos que estão aí na frente, que impossibilitam os carros de circularem normalmente. Alguns moradores do condomínio estavam relatando hoje no grupo do WhatsApp vários danos aos carros, como arranhões e sujeira;.
A Secretaria de Infraestrutura e Serviços Públicos (Sinesp) informou que "os transtornos ocasionados pelas chuvas são inevitáveis em obras de drenagem e pavimentação". A pasta alega que os trabalhos estão em andamento desde maio deste ano, mas a conclusão está prevista para maio de 2018. O investimento total em obras de drenagem pluvial, pavimentação asfáltica, meios-fios e calçadas em Vicente Pires é de R$ 463 milhões.

Vila São José


Perto dali, na Vila São José, além da lama, moradores lidam com os primeiros buracos provocados pela chuva. O bairro fica localizado na Rua 8, a que mais sofre com as tempestades nessa época do ano. Apesar de ter passado por uma operação tapa-buraco em fevereiro, muitas pessoas temem que a rua volte a apresentar problemas.
Wabsson Martins é dono de uma loja localizada em frente a outro ponto de obras do plano de urbanização. Ele acha que a obra está sendo bem feita e é bem vinda, mas que começou em um período desfavorável. ;Essa começou há dois dias, foi muito tarde. Parece que esperaram só as chuvas. Nós até temos paciência, mas clientes nós não temos mais. Quando a água começar a cair de verdade, vai alagar tudo. Sem falar nos buracos;, comenta.
Na Vila São José, segundo a Sinesp, uma empresa prepara o terreno para conter a água das chuvas. Somente após essa etapa é que as obras de pavimentação devem começar, com previsão para janeiro de 2018.

Cuidados

Antes da chuva

- Providencie a poda ou corte de árvores próximas às residências. (Procure a Administração Regional de sua cidade ou o Corpo de Bombeiros);
- Conserte as falhas do telhado, troque as telhas quebradas, reforce a fixação renovando pregos e madeiras e isole a fiação elétrica;
- Não acumule lixo nem entulhos nas ruas. Com a chuva, os mesmos vão parar nos bueiros (bocas-de-lobo) causando entupimentos;
Durante a chuva
- Se o nível da água estiver subindo, procure um local seguro e abrigue-se. Caso esteja ao ar livre, procure abrigar-se longe de árvores, pois elas atraem raios e seus galhos podem cair. Evite acidentes;

Depois das Chuvas
- Cuidado com a água que for beber. Veja se não foi contaminada pela inundação, enxurradas ou alagamentos. Água contaminada oferece sérios riscos à saúde;
- Não use equipamentos elétricos que tenham sido molhados e evite utilizar eletricidade em locais inundados, pois há risco de choque elétrico e curto-circuito.


Raios

Se as chuvas vierem acompanhadas por raios, adote também as seguintes medidas:
Se estiver em casa:
- Não use telefone (os aparelhos sem fio podem ser usados);
- Não fique próximo às tomadas, canos, janelas e portas metálicas;
- Não toque em equipamentos elétricos que estejam ligados a rede elétrica.
Se estiver na rua:
- Não segure objetos metálicos longos, tais como varas de pesca e tripés;
- Nunca empine pipas ou aeromodelos com fio;
- Não ande a cavalo;
- Nunca permaneça na água (piscina, lagos, rios, etc.)
- Evite permanecer em terrenos descampados, ou grandes áreas abertas.
Recomendações:
- Evite lugares que ofereçam pouca ou nenhuma proteção contra raios, pequenas construções não protegidas, tais como:
1. Celeiros;
2. Tendas ou barracos;
3. Veículos sem capota, como tratores, motocicletas ou bicicletas;
- Alguns lugares são extremamente perigosos durante uma tempestade. Por isso:
1. Não permaneça em áreas abertas, como campos de futebol, quadras de tênis e estacionamento;
2. Não fique no alto de morros ou no topo de prédios;
3. Não se aproxime de cercas de arame, varais metálicos, linhas elétricas aéreas e trilhos;
4. Não fique dentro de piscinas durante tempestades;
5. Nunca se abrigue debaixo de árvores isoladas.

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