Isa Stacciarini, Ricardo Faria - Especial para o Correio
postado em 30/09/2017 08:00
[FOTO1]O adolescente de 16 anos que confessou ter matado a prima Ana Íris dos Santos, 12, confirmou, em depoimento, ter estuprado a menina antes de estrangulá-la. Peritos do Instituto de Medicina Legal (IML) examinam o corpo para identificar vestígios de violência sexual. Ontem, eles confirmaram, oficialmente, a identidade de Ana Íris. O suspeito está apreendido, provisoriamente, pelos atos infracionais análogos aos crimes de homicídio, ocultação de cadáver e estupro de vulnerável. Ele pode ficar até 3 anos apreendido.
De janeiro a junho, houve 415 ocorrências de abuso sexual no Distrito Federal. Entre as vítimas, 294 delas tinham 14 anos ou menos, o que configura estupro de vulnerável. No mesmo período de 2016, a Secretaria de Segurança Pública e da Paz Social registrou 314 casos de violência desse tipo, sendo 186 contra vulneráveis. Embora tivesse 12 anos, parentes e amigos próximos contaram que Ana Íris ainda brincava de boneca.
O delegado-chefe da Delegacia da Criança e do Adolescente (DCA 2), Juvenal Campos, explicou que, após receber alta do hospital, na manhã de quinta-feira, o suspeito contou que abusou da vítima sexualmente durante uma caminhada em área de cerrado, em Samambaia Norte. Alegou que a motivação do homicídio seria ocultar o estupro. Disse, ainda, que o crime ocorreu no mesmo dia do desaparecimento da menina, em 10 de setembro e, após matá-la, a arrastou por cerca de 10m.
[SAIBAMAIS]Dora Santos, uma das tias de Ana Íris, classifica o adolescente como traidor. ;Ele nos traiu e destruiu a nossa família. Usou da nossa confiança para criar o álibi perfeito;, afirmou. Abatida, a tia da garota também suspeita que outra pessoa possa ter participado da morte de Ana. ;Acho que ele está assumindo tudo por ser menor de 18 anos, mas não fazemos ideia de quem seja;, disse.
O titular da Divisão de Repressão a Sequestros (DRS), Leandro Ritt, explicou, no entanto, que, em crimes como esse, o suspeito age sozinho. ;Pode ser que haja exceção, mas, neste caso, tudo indica que não houve participação de ninguém;, ressaltou o delegado.
Perícia
Médico legista à frente do caso, Aluísio Trindade Filho não comentou o episódio, mas explicou que a violência sexual em vítimas mortas pode ser comprovado, dependendo das circunstâncias do corpo e como ele chega ao IML. Quando não é possível constatar a penetração, os peritos tentam encontrar outras marcas de violência deixadas em regiões genitais, nos seios e nas coxas. ;Cada caso depende das circunstâncias do estado de decomposição do corpo, se ele está razoavelmente preservado;, explicou Aluísio Trindade.