Cidades

Campanha promove o respeito ao idoso em filas de supermercado

Objetivo é fazer com que os brasilienses respeitem o atendimento preferencial no comércio. Ação faz referência ao Dia Internacional do Idoso

Mayara Subtil - Especial para o Correio
postado em 03/10/2017 07:30
Duas senhoras
Nos dois caixas preferenciais de um supermercardo no Lago Norte era possível encontrar selos colados próximo as esteiras. Na imagem do primeiro caixa, há um homem mais velho sorrindo. No outro, um casal de idosos guiando um carrinho de compras. Ambos apresentavam os dizeres ;Ceda a vez para a gentileza;. A mensagem ilustra a campanha lançada pelo Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT), em parceria com Sindicato dos Supermercados do DF (Sindsuper) e a Associação de Supermercados de Brasília (Asbra).
Em referência ao Dia Internacional do Idoso, comemorado em 1; de outubro, a ação objetiva conscientizar a população brasiliense de que respeitar os direitos da pessoa mais velha é mais do que um favor: um dever de todo cidadão. ;Não temos a mesma velocidade que uma pessoa mais jovem. Quero me manter ativa em sociedade. Se as pessoas tivessem consciência, nem precisaria de campanha;, conta a musicista aposentada Aldemita Vaz, 86 anos.

Após denúncias de consumidores, a Associação de Supermercados de Brasília (Asbra) acionou o MPDFT para uma reunião em conjunto com a Promotoria de Justiça da Pessoa Idosa (Projid). Como resultado, produziram a ação educativa. Os investimentos para o ;Ceda a vez para a gentileza; são da Asbra. ;Queremos atingir os comerciantes, os jovens, as mães, as crianças. Todos precisam ser respeitados. Quero que seja um sucesso para que o governo leve isso à todo o Brasil;, diz o presidente da Asbra, Antonio Peron.
As 80 empresas associadas ao Asbra aderiram à campanha. Isso inclui não somente o Plano Piloto, mas todas as regiões administrativas do DF e entorno. Além do Big Box, estabelecimentos como Walmart, Pão de Açúcar, Carrefour e Extra vão colar adesivos e incrementar banners próximos aos caixas preferenciais.


Direito do idoso


O militar reformado Lilio Oliveira, 83, prefere fazer compras sozinho. De fala mansa e caminhar lento, ele não deixa de fazer atividades do dia a dia. No mesmo Big Box em que a abertura aconteceu, na segunda-feira (2/10), Lilio diz que é comum idosos serem desrespeitados em filas preferenciais. ;Ser educado é o básico, mas, no Brasil, isso precisa ser lembrado. É lastimável;, opina. Perguntado se precisou questionar alguém uma vez, ele diz que, por ser mais frágil, tem medo de ser, inclusive, agredido. ;Eu mesmo já fiquei atrás de pessoas visivelmente embriagadas que estavam na fila errada. Como posso questionar?;.


A dona de casa Maria de Lourdes Barreto, 76, diz que é simpática com as pessoas em supermercados. Segundo ela, só assim para que consiga ser atendida de maneira respeitosa. ;O bom atendimento é o diferencial. Já aconteceu do funcionário no caixa me chamar para ir na frente. É meu direito;, conta.
De acordo com a Lei n; 10.741/2003, que trata do Estatuto do Idoso, os cidadãos com idade igual ou superior a 60 anos têm o direito de serem atendidos de imediato não apenas em supermercados, mas em qualquer estabelecimento comercial. Se alguma pessoa estiver na frente de um idoso em um local destinado a ele, precisa ceder a vez.
A promotora de Justiça Sandra Julião diz que a iniciativa é necessária, mas, deseja que, um dia, não seja mais preciso realizar campanhas. ;Isso é só o primeiro passo para que o respeito se torne rotina. Se for preciso lembrar as pessoas de que o mundo é mais leve com educação, vamos fazer;, explica. Segundo ela, estima-se que, em 2030, 30% da população do Distrito Federal será de idosos. ;Esse é um dos motivos mais fundamentais da campanha. A educação precisa se tornar automática, pois, um dia, todos seremos idosos;, diz a promotora Sandra.
Antonio Peron, presidente da Asbra, acredita que a ação só acabará quando perceber que surtiu efeito na população. ;Quando se fala de mudança de comportamento, é um despertar para a cidadania, com a visão de que existem outras pessoas além de mim e que todos merecemos ser respeitados;, destaca.

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