Jornal Correio Braziliense

Cidades

Cerca de 30% dos medicamentos da Farmácia de Alto Custo estão em falta

Serviço foi alvo de operação do Ministério Público que identificou drogas vencidas e armazenadas de forma inadequada

A Farmácia de Alto Custo centralizou pela primeira vez nesta terça-feira (3/10) um operação do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT). Os promotores constataram o desperdício de medicamentos ; há drogas vencidas desde 2013 ; e o armazenamento inadequado dos remédios. Mas esses não são os únicos problemas enfrentados pela Secretaria de Saúde. Atualmente, 30% dos medicamentos disponibilizados pela Farmácia de Alto Custo estão com o estoque zerado.
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Dados obtidos pelo Correio mostram que de 200 drogas, 60 estão em falta ; quatro são compradas pelo Ministério da Saúde. A Farmácia de Alto Custo recebe pacientes crônicos, como os doentes de asma, alzheimer, esclerose múltipla, esquizofrenia, dor crônica, insuficiência renal, além de pessoas que passaram por transplante de órgão.
O Executivo local garante que todos os processos de compra estão em dia, mas não há prazo para os estoques serem regularizados. Somente o Ministério da Saúde gastou R$ 15 milhões com o custeio do serviço entre março de 2016 e o mesmo mês deste ano. Fontes da Secretaria de Saúde estimam que são necessários R$ 270 milhões para comprar os medicamentos em 2018.

Ampliação

A Secretaria de Saúde admite que os serviços estão aquém da necessidade. A pasta destaca que cerca de mil novos pacientes são registrados mensalmente. Ao todo, 30 mil pessoas dependem dos remédios distribuídos, sendo 18 mil somente na Estação 102 Sul do Metrô. "A inauguração da nova unidade do Gama é de caráter emergencial para a execução apropriada dos serviços", avalia a secretaria, em nota.
[SAIBAMAIS] O projeto de ampliação da Farmácia de Alto Custo é de outurbo de 2015. Atualmente, o espaço está sendo mobiliado para receber pacientes. "A implantação deste núcleo é uma alternativa para humanizar o atendimento e ampliar o acesso da população aos medicamentos, gerando comodidade no deslocamento dos usuários", completa o texto.
Inaugurada há seis anos, a unidade de Ceilândia, por exemplo, recebe 85% mais pacientes que o esperado. O governo previa o recebimento de sete mil pacientes por mês. Hoje, o local atende 13 mil.

Drama

A empresária Eunice Alves, 52 anos, tem artrite reumatoide e síndrome de Sj;rgen. O medicamento que usa custaria até R$ 19 mil, caso importasse as ampolas por conta própria. A doença auto-imune acomete as glândulas lacrimais e salivares do paciente, o que dificulta a digestão e prejudica os olhos. "O atendmento é um absurdo, principalmente com as pessoas que passam a noite aqui, no chão da estação, à procura de tratamento", reclama a moradora do Jardim Botânico.

Alan de Lima, 41 anos, é paraplégico e tem dor crônica. O morador de Taguatinga Sul reclama da falta de remédios e da demora no atendimento. "A gente pensa que vai receber medicação e muitas vezes voltamos para casa sem", desabafa. Ele presenciou a operação do Ministério Público. Indignou-se. "Um absurdo", resumiu.