Cidades

Correio é um dos premiados no Vladimir Herzog

A série "Brasília Confidencial" conquista a categoria de produção de texto, com publicações em primeira mão de documentos da época da ditadura, até então em segredo

postado em 09/10/2017 21:28
Registros em papel timbrado e com o carimbo de confidencial
O Correio recebeu nesta segunda-feira (9/10) menção honrosa no Prêmio Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos, uma das mais importantes condecorações do jornalismo brasileiro. O jornal venceu o prêmio na categoria Produção em texto, com a série ;Brasília Confidencial;, publicada em fevereiro. As reportagens mostraram com exclusividade segredos escondidos durante mais de cinco décadas. Documentos até então sigilosos, abertos pelo Arquivo Público do Distrito Federal neste ano, foram revelados pelo conjunto de reportagens.

[SAIBAMAIS]Muitos registros contêm o carimbo ;Confidencial; e os timbres de diversos órgãos de repressão, incluindo o temido Doi-Codi. São documentos das operações realizadas por agentes do regime comandado por generais, até então mantidos sob segredo. O Arquivo Público permitiu consultas ao acervo da Secretaria de Segurança Pública.

O Correio foi o primeiro veículo de comunicação a publicar esse conteúdo, por meio de uma série de reportagens. Ela trouxe o que de mais significativo havia em meio às quase 100 caixas de documentos com informações de 1963 a 1990, guardadas há mais de 50 anos e garimpadas pelos repórteres Renato Alves, Helena Mader e Adriana Bernardes, da editoria de Cidades.

Renato Alves foi quem soube da abertura do acesso público aos documentos. ;A informação saiu em uma nota do Diário Oficial do DF. Era um comunicado simples, burocrático, que não dizia muita coisa. Mas percebi que a documentação poderia trazer informações preciosas. Corri para o Arquivo Público. Passei quatro dias lá, pinçando o que achava de mais interessante;, conta o jornalista, que trabalha há 17 anos no Correio.

Futuro da nação

Entre os temas mostrados estavam o plano de atentado do Hezbollah em Brasília, a desconfiança do envolvimento de padres e bispos católicos com grupos armados e investigações que levaram a dezenas de prisões de militantes de esquerda e de gente inocente em todo o Distrito Federal (veja fac-símiles). ;A produção da série foi um trabalho incrível de resgate do passado de Brasília. Alguns temas, como a realização de pegas nos anos 1970 e 1980, faziam parte do imaginário popular dos brasilienses e geraram uma grande repercussão após a publicação das reportagens;, conta a repórter Helena Mader. ;Foi uma oportunidade de revisar o passado e pensar no que se quer para o futuro da nação;, diz Adriana Bernardes.

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