Jornal Correio Braziliense

Cidades

Falta de água afeta rotina de moradores de áreas rurais do DF

Fazendeiros e chacareiros de Sobradinho, Planaltina e Brazlândia acumulam prejuízos com o prolongamento da estiagem

[SAIBAMAIS] A falta d;água também afeta a rotina de quem vive em Sobradinho, Planaltina e Brazlândia. Enquanto no restante do DF o racionamento tem data e hora marcadas, moradores dessas localidades não sabem quando faltará água, nem quando ela vai voltar a correr pelos canos. O Correio conversou com famílias que ficaram até seis dias desabastecidas. A Companhia de Saneamento Ambiental (Caesb) mantém a rotina de fazer cortes sucessivos de água, que não tem hora para acabar nem para voltar.

Moradores do Vale do Amanhecer se reuniram ontem para denunciar à Caesb e à Agência Reguladora de Águas, Energia e Saneamento Básico (Adasa) os episódios de falta de água e ligações clandestinas na área rural. A secretária Miriam Souza, 31 anos, moradora da região, contou que entre a última sexta-feira e domingo, precisou pedir ajuda a vizinhos. ;No primeiro dia, já dava sinais de que acabaria. No sábado, continuava fraco, mas consegui limpar a casa. À tarde, a água acabou. Precisei bater na porta de um vizinho para pegar ao menos um balde. E isso se tornou comum.;
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A Caesb alega que a redução significativa da disponibilidade de água do ribeirão Pipiripau, principal captação da região norte do DF, é ocasionada pela retirada de água para outros usos. ;Isso causou o desequilíbrio do abastecimento nessa região e fomos obrigados a administrar o volume de água remanescente. Caso perdure essa situação, vamos apresentar um plano emergencial de racionamento para essas localidades;, informou a estatal, por meio de nota.

José Makiyama, 32 anos, também sofre com a seca em Planaltina. O produtor rural planta inhame, berinjela e batata-doce. Porém, como a água vinda do Rio Piripau não consegue chegar ao reservatório da chácara dele, José tem enfrentado prejuízos. ;Desde quando começou a seca, não consegui plantar mais nada;, desabafa.

Calor recorde


Após os recordes de temperatura seguidos, que culminou no maior registro da história (37,3;C), a máxima registrada ontem foi de 33,6; C. A previsão é de que os termômetros fiquem acima de 32;C até o fim de outubro, segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). A chuva só deve voltar a partir do dia 22, mas ainda com precipitações rápidas.

O governador Rodrigo Rollemberg usou as redes sociais, ontem, para anunciar que esteve com representantes do Inmet para a apresentação do quadro climático na capital. ;Esses dados serão usados na reunião com a Adasa e Caesb para avaliar as próximas medidas para o DF. Neste momento, é importante que todos tenham muita consciência e cuidado no momento do consumo de água;, declarou.

Com a estiagem, moradores das regiões próximas ao Lago Paranoá passaram a se preocupar com uma queda no volume das águas. Em sete dias, o nível caiu de 1.064m para 1.030m. Segundo a Adasa, isso ocorreu porque a Companhia Energética de Brasília (CEB) voltou a gerar energia elétrica na usina do reservatório.

Para a companhia, nesta época do ano, devido ao período seco, é ;natural o nível baixar;. Mas, como o período seco se estendeu além do previsto, a Adasa pediu que a CEB suspenda a geração de energia no lago, o que vem ocorrendo gradativamente.