Cidades

No DF, Plano Piloto é líder em casos de violência contra LGBTs, diz estudo

Plano Piloto e Ceilândia foram as regiões administrativas onde mais crimes contra a comunidade LGBT aconteceram

Victor Barbosa*
postado em 17/10/2017 22:40
Bandeiras do movimento LGBT ao lado do Congresso Nacional
A Companhia de Planejamento do Distrito Federal (Codeplan) divulgou nesta terça-feira (17/10) uma pesquisa que indica em quais regiões administrativas do DF mais foram registradas ocorrências de crimes contra a comunidade LGBT de janeiro de 2015 a agosto de 2016. O Plano Piloto encabeça a lista, com 24,8% dos casos, em seguida vem Ceilândia, com 13,7%; Taguatinga, com 10%; e Samambaia, com 8,3%. Os outros 43,2% estão divididos entre as regiões administrativas restantes, com exceção de Jardim Botânico e Fercal, onde não houve ocorrência desse tipo.
Plano Piloto e Ceilândia foram as regiões administrativas onde mais crimes contra a comunidade LGBT aconteceram
Segundo a pesquisa, durante os 20 meses analisados, foram registradas 408 ocorrências, com 765 registros de crime pelo Disque 100 e da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF). A diferença entre os dois dados acontece em virtude do número de incidentes. Em alguns dos casos, mais de uma infração foi registrada na mesma ocorrência. As delegacias que mais receberam denúncias foram a 5; DP (Plano Piloto), com 12%; e a Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (DEAM), com 6,9%.

Para definir quais crimes seriam considerados na pesquisa, a companhia utilizou como critério o preenchimento do nome social e a orientação sexual ou a identidade de gênero das pessoas que fizeram o boletim de ocorrência. Apesar disso, a diretora de estudos e políticas sociais da Codeplan, Ana Maria Nogales, afirma que os dados poderiam ser mais precisos. ;Existe uma lacuna enorme, porque a gente sabe que muitas ocorrências contra a população LGBT não são notificadas, e outras não são definidas como crime contra essa comunidade;, comenta.

[SAIBAMAIS] A pesquisa faz uma diferenciação na porcentagem dos tipos de delitos praticados contra LGBTs em 2015 e nos 8 meses de 2016 . As denúncias de injúria registradas para a PCDF, por exemplo, aumentaram de 17,5% para 20,3%, e as de ameaça subiram de 15,9% para 17,5%. Já as de homicídios diminuíram de 1,9% para 0,9%. Completam a lista crimes como roubo, lesão corporal dolosa, furto, contravenção, delitos diversos, dano, estelionato e crimes ainda em apuração.
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Vítimas

Segundo os dados da PCDF, 72,1% das pessoas LGBTs que sofreram algum tipo de crime são homossexuais. Em seguida, vêm os bissexuais, com 7,6%; os assexuais, com 3,7%; e os heterossexuais, com 2,9%. Outros 13,7% preferiram não identificar a orientação sexual. Relacionado à identidade de gênero, a pesquisa indicou que 79,9% das pessoas que fizeram a ocorrência não quiseram declarar com qual gênero se identificam. Já as travestis representam 8,6%; os transexuais 5,9%; os andróginos 4,7% e os transformistas 1%.
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De acordo com os dados do Disque 100, 56% das vítimas que denunciaram por esse meio têm de 18 a 30 anos. As pessoas de 31 a 60 anos equivalem a 17% das ligações, e as crianças e adolescente, de 4 a 17 anos, representam 6%. A porcentagem restante, 22%, equivale ao número de ocorrências, nas quais o denunciante não quis informar quantos anos tinha.
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*Estagiário sob supervisão de Anderson Costolli

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