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Cidades

Juiz suspende o direito de dirigir dos envolvidos no racha da L4

Para o magistrado, a morte de Cleusa Maria Cayres, 69, e Ricardo Cayres, 46, 'demonstra a ameaça à segurança viária'. Apesar disso, o jurista indeferiu o pedido de prisão dos suspeitos

O juiz do Tribunal do Júri de Brasília, Paulo Rogério Santos Giordano, decidiu suspender o direito de dirigir do bombeiro Noé Albuquerque de Oliveira, 42 anos, e o advogado Eraldo José Cavalcante Pereira, 34, por pelo menos dois anos. Os dois são acusados de disputar um racha, que provocou a colisão fatal na L4 Sul, em abril deste ano. O magistrado entende que a medida cautelar deve ser cumprida porque a morte de Cleusa Maria Cayres, 69 anos, e Ricardo Cayres, 46, "demonstra a ameaça à segurança viária". Além disso, o jurista considera que a manutenção das permissões dos réus de dirigir "poderia ocasionar ainda mais riscos".

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No documento, Paulo Rogério acolheu a denúncia feita pelo Ministério Público, mas indeferiu o pedido de prisão preventiva contra Eraldo e Noé. Para o juiz, "não há demonstração concreta de que a liberdade dos denunciados cause risco à ordem pública". O promotor, Marcelo Leite, havia solicitado na denúncia que os departamentos de Estradas de Rodagem do Distrito Federal (DER) e de Trânsito do Distrito Federal (Detran) fossem oficiados com intuito de disponibilizar todas as imagens capturadas pelos aparelhos de fiscalização próximos ao local do acidente, e a recusa de Noé e a irmã, Fabiana Albuquerque Oliveira, em realizar o teste do bafômetro no dia do fato. O magistrado deferiu as diligências, porém recusou o pedido por parte da mulher, por entender que não há motivo, pois ela não é, sequer, investigada.

O advogado de Noé e Eraldo, Alexandre Queiroz, afirma que os clientes ainda não foram intimados e por isso ainda não sabe se vai recorrer da decisão. "A partir do momento que o documento chegar até nós, vamos decidir o que será feito. Mas, o mais importante agora, é que a defesa poderá apresentar sua versão dos fatos. Vai manifestar sua visão e as provas dentro do processo", apontou. A decisão do magistrado saiu na tarde da última terça-feira (17/10) e, somente após os réus serem intimados, é que terão 48h para entregar a habilitação em juízo.


[SAIBAMAIS]Entenda o caso

No início da noite de 30 de abril, três veículos saíram de uma marina do Lago Paranoá após passarem o dia em uma festa. O advogado Eraldo José Cavalcante Pereira era o condutor do Jetta; Noé Albuquerque Oliveira, sargento do Corpo de Bombeiros e enfermeiro da Secretaria de Saúde, dirigia uma Range Rover Evoque; e Fabiana de Albuquerque Oliveira guiava um Cruze. Os dois homens são acusados de participar de um racha, segundo a Polícia Civil, e de provocarem um grave acidente na Avenida L4 Sul, próximo à Ponte das Garças. Um deles atingiu a traseira do Fiesta vermelho em que seguiam Oswaldo Clemente Cayres, Cleuza Maria Cayres, Ricardo Clemente Cayres e Helberton Silva Quintão, condutor do veículo e cunhado de Ricardo. Com a batida, o carro da família Cayres saiu da via, bateu em uma árvore e capotou.

O acidente provocou a morte de Cleusa, 69 anos, e do filho Ricardo, 46, que estavam no banco traseiro. Helberton e Oswaldo foram levados para o Hospital de Base do DF com escoriações. Fabiana, irmã de Noé e cunhada de Eraldo, foi a única que permaneceu no local do acidente. O carro dela também foi atingido pelo Jetta.