Cidades

Brasília recebe duas exposições para apaixonados por selos postais

O evento ainda reúne colecionadores de cédulas e moedas, apaixonados por carros antigos, por orquídeas e artesanato

Deborah Fortuna
postado em 24/10/2017 06:00
O paulista Reinaldo Estevão de Macedo é um dos expositores e escolheu Brasília como tema da sua coleção
Se há quem diga que a história do mundo pode ser contada por meio de imagens, então, um pequeno adesivo que viaja pelo espaço e o tempo também deve ter muito o que falar. É assim que os filatelistas encaram os selos postais. O que para muitos pode ser apenas um pequeno desenho insignificante colado em um canto de um envelope, para os colecionadores, o símbolo oferece uma riqueza cultural inimaginável.

Por meio desses desenhos, é possível entender uma sociedade e levar os costumes de um povo para os quatro cantos do mundo. A partir de hoje, Brasília recebe, pela primeira vez, uma exposição internacional de filatelia. Ao todo, serão 55 países com coleções raras para todos os amantes do tema. Três delas são sobre a capital federal.

O evento, que prossegue até o dia 29 no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, vai reunir filatelistas do mundo inteiro, colecionadores de cédulas e moedas, apaixonados por carros antigos, por orquídeas e artesanato. A Colecionar 2017 vai abrigar duas grandes exposições de filatelia: a Brasília 2017 Internacional Stamp Exhibition, com participação de 55 países, inclusive com as 16 mais premiadas do mundo. A outra, a Exposição Nacional ; Brapex 2017, contará com participação de todos os estados do país. Antes disso, Brasília só tinha recebido essa exposição em 1978.

Rainha inglesa

Dentro do intercâmbio das exposições, pode ser encontrado o selo de uma rainha inglesa. Assim como, em terras asiáticas, há quem se depare com um adesivo postal do Congresso Nacional. Essa troca mostra que sempre haverá algo por trás desse pedaço de papel: desde curiosidades mundiais a importantes decisões políticas.

O paulista Reinaldo Estevão de Macedo, 57 anos, é um dos expositores do evento. Ele escolheu Brasília como tema da coleção ;A cidade que nasceu de um sonho;. Porém, muitas das imagens que adquiriu ele encontrou em outras partes do mundo. ;Fica uma cultura intrínseca. Eu me mudei há três anos, acabei gostando da cidade. Montei uma coleção para contar a história. O tanto que eu li para entender, acho que conheço bastante a cidade. Mais que muito brasiliense;, orgulha-se.

O amor pela filatelia começou quando Reinaldo ainda era pequeno. Aos 14 anos, o irmão havia ganhado um caderno com vários selos colados em fita adesiva. ;Acho que ele não tinha o que fazer, e deu para mim. Achei aquela coisa colorida muito legal e quis estudar;, contou. Com o desejo de entender mais sobre aquele universo, Reinaldo descobriu a magia por trás do adesivo. ;Não é apenas um lado cultural, é também disciplinador. Eu preparei minha primeira coleção em 1982 e me empolguei;, disse. Hoje, Reinaldo não sabe dizer quantos selos coleciona no total, mas se interessou tanto pelo assunto que chegou a herdar uma coluna sobre o tema em um jornal e hoje, é vice-presidente da Federação Mundial de Filatelia.

Já a história de Marcelo Correa, 42, começou nos anos 90, quando comprou uma coleção de selos sobre o mundo, vendida à época. ;Hoje, eu coleciono principalmente Brasil, peças raras, cartas do Dom Pedro I, princesa Isabel e Pelé. Tenho um armário de 2,5 m de altura bem cheio;, garante. Na exposição Brasília da Utopia à Realidade, o filatelista conta como a capital foi imaginada séculos antes de ser efetivamente construída. Segundo ele, a atração pela capital federal começou por causa da arquitetura que mesmo construída há mais de 50 anos, continua moderna. ;Eu falo sobre a cidade, a inauguração, prédios, Congresso e Senado. Falo também dos presidentes, de Juscelino a Lula, que tiveram menções em selos;, informa.

Fim das cartas

Mesmo com os avanços tecnológicos, e com a possibilidade cada vez mais remota da comunicação ser feita por cartas, em meio à realidade de mensagens instantâneas pelos celulares, Marcelo não acredita que, um dia, a filatelia vá acabar. ;Os selos vão continuar sendo emitidos, e ainda existe uma parcela muito grande de gente apaixonada. Você vê jovens amantes, é um mercado que está sempre se renovando. Talvez não crescendo como gostaríamos, mas ainda se mantém vivo;, comenta.

O terceiro expositor, Aluísio Queiroga, 61 anos, ampliou a paixão. Ele não apenas coleciona selos, como também cartões-postais. Estes últimos são tema da exposição ;Brasília ontem e hoje;, que conta a história da capital. Ele trará para o evento 94 cartões distribuídos em três quadros, contendo cada um 16 folhas. ;A motivação e inspiração vieram com minha admiração por Brasília e pela sua história. Estou na cidade desde 1979;, disse. Ele descobriu esse universo aos 20 anos, quando começou a colecionar selos postais. Com o passar do tempo, desenvolveu coleções temáticas sobre determinados assuntos, como, por exemplo, Brasília, medicina e faróis de navegação. ;A paixão pela filatelia surgiu quando percebi que é possível aprender muito com os selos. Por meio deles, podemos contar a história de uma nação, de um esporte, de uma personalidade. Enfim, tudo que diz respeito à cultura e ao conhecimento estão presentes;, assegura.

Para atrair a atenção dos jovens amantes da filatelia, Aluísio aconselha que eles comecem por selos brasileiros e a respeito de um determinado tema, de acordo com a preferência que tiver. ;São inúmeros os temas que se podem escolher. Acho que assim fica mais fácil. Com o crescimento da coleção, muitas ideias vão surgindo;, disse. Além disso, ele também aconselha a conhecer outros colecionadores e a visitar associações. ;Cada selo é uma obra de arte e tem algo em particular. Em um pequeno pedacinho de papel, o artista consegue retratar o motivo proposto de uma forma simples e ao mesmo tempo cheia de significado;, concluiu.

Curiosidades

Os primeiros selos foram vendidos em 1840. O desenho era chamado de Esfinge da Rainha. Até hoje, a Inglaterra é o
único lugar onde o nome do país não está impresso no selo. Em vez disso, há uma silhueta da rainha. O selo mais caro do mundo custa R$ 10 milhões. A filatelia é o estudo, pesquisa e o ato de colecionar selos. Os colecionadores são chamados de filatelistas.

Colecionar 2017

Evento reúne duas grandes exposições de filatelia: a Brasília 2017 Internacional Stamp Exhibition, e a Exposição Nacional ; Brapex 2017, além de programação artística
Data: De 24 a 29 de outubro
Local: Centro de Convenções Ulysses Guimarães
Horários: De 24 a 29, das 10h às 22h e no final de semana, das 9h às 18h.
De graça

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