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Cineasta Dizo Dal Moro morre em acidente de carro próximo a Alto Paraíso

Ele voltava de uma participação no 1º Festival de Cinema de São Jorge, quando um animal invadiu a pista e fez com que o motorista perdesse a direção. O veículo capotou diversas vezes e Dizo, que estava no banco de trás, não resistiu aos ferimentos

Ricardo Daehn, Júlia Campos - Especial para o Correio
postado em 30/10/2017 18:00

Cineasta cursou cinema na Universidade de Brasília e iria montar trabalho com as imagens produzidas por crianças de São Jorge (GO), após oficina ministrada por ele durante o 1º festival de cinema no município

O cineasta Dizo Dal Moro morreu em acidente de carro, na manhã desta segunda feira (30/10), próximo ao município de Alto Paraíso (GO). Ele voltava da cidade, após ter participado do 1; Festival de Cinema de São Jorge, quando um animal invadiu a pista e fez com que o motorista perdesse a direção. O veículo capotou diversas vezes e Dizo, que estava no banco de trás, não resistiu aos ferimentos. Um homem e uma mulher, que estavam nos bancos da frente, estão internados em um hospital, mas passam bem. O corpo do cineasta está em Formosa e deve ser liberado para retornar a capital na noite de hoje.

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[SAIBAMAIS]Dizo havia participado do festival como integrante do corpo de professores das atividades voltadas a oficinas. ;Ele era muito generoso, alegre e tranquilo. Acima de tudo, profissionalmente, era muito versátil no set, atuando como iluminador, com um talento extraordinário;, comentou Reginaldo Gontijo que dirigiu O colar de Coralina, do qual Dizo fez parte na equipe. Oriundo da turma de estudantes do curso de cinema da Universidade de Brasília, Dizo trabalhou com personalidades como Geraldo Moraes e Vladimir Carvalho.

Ele era amigo do governador Rodrigo Rollemberg há mais de 20 anos. O chefe do executivo local esteve com Dizo durante o final de semana. Ele fazia um sobrevôo na chapada com o governo de Goiás, quando foi convidado para ficar no festival. O cineasta havia feito oficina com crianças do povoado de São Jorge (GO) e iria montar um trabalho com as imagens produzidas por elas para ser apresentado no festival. "Me chamou para ficar no domingo e assistir. Só que não podia porque tinha compromisso aqui no domingo. Que notícia triste. Ele estava tão animado, era apaixonado pelo que fazia. Mais uma perda para o cinema", lamentou Rollemberg.

Depoimento

O jornalista e escritor Eumano Silva falou ao Correio sobre o amigo:

"Conheci Dizo Dal Moro em agosto de 1984. Eu estava no segundo semestre de Jornalismo na UnB, ele acabara de passar no vestibular. Desde então, fez parte do meu grupo de amigos mais próximos e queridos. Para o que desse e viesse.

O violão e a voz de Dizo eram a trilha sonora de nossas festas. Bonito e gente boa, conquistava amigos e namoradas com grande facilidade. Nesse ambiente, sei que foi feliz. Muito feliz.

No meio do curso, Dizo deu uma guinada e passou uma temporada no sul da Bahia. Fez o que todos nós gostaríamos de fazer. Voltou sem perder o jeito interiorano de quem nasceu em Barretos (SP). Só passou a chamar todo mundo de ;meu rei;.

Parecia ingênuo, mas tinha uma doce malandragem. Valente, enfrentou um câncer e não se abateu. Um exemplo para todos.

No cinema, teve trabalhos lindos, como a direção de fotografia de O colar de Coralina, filme de Reginaldo Gontijo. No dia da apresentação no Festival de Brasília, estivemos juntos. Ele estava feliz. Muito feliz. Essa é a imagem que vou guardar do meu amigo. Além da saudade."

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