Cidades

Partes não entram em acordo e metrô deve mesmo parar nesta quinta-feira

Companhia responsável pelos trens aguarda uma decisão judicial para tentar garantir o funcionamento do metrô; contudo, a decisão não deve sair a tempo de evitar a greve

Fernando Jordão, Gabriela Sant'Anna - Especial para o Correio
postado em 08/11/2017 19:14
Pessoas aguardam para embarcar em trem do Metrô

Quem costuma utilizar o sistema de transporte público no Distrito terá um dia ainda mais difícil nesta quinta-feira (9/11). Isso porque os metroviários entrarão em greve a partir da 0h. O Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Transportes Betroviários (SindMetrô-DF), a Companhia do Metropolitano (Metrô-DF) e o GDF não chegaram a um acordo e a categoria deve mesmo cruzar os braços.
A greve havia sido decidida pelos metroviários em assembleia geral realizada no último domingo (05/11) na Estação Praça do Relógio, em Taguatinga. Às 20h desta quarta está marcada uma reunião para organizar o movimento. A categoria reivindica a convocação dos aprovados no último concurso e a data-base, segundo acordo firmado em 2015. Na ocasião, o GDF se comprometeu a implementar reajuste salarial de 8,4% conforme Índice de Preço ao Consumidor (INPC) e a convocar 320 novos servidores para posse e mais 301 para formação de cadastro reserva, assim que o DF saísse do Limite Prudencial da Lei de Responsabilidade Fiscal. O fato aconteceu no dia 29 de setembro, mas o acordo não foi cumprido.

O Metrô foi à Justiça para tentar garantir o funcionamento de, pelo menos, parte do sistema. Por lei, as categorias que prestam "serviços cuja paralisação resultem em prejuízo irreparável" são obrigadas a manter "em atividade equipes de empregados". A companhia pediu para que 75% dos funcionários comparecessem a seus postos. Segundo o Metrô, por questões de segurança, o sistema não pode funcionar com menos de 18 trens, equivalente a 75% da frota. A autarquia aguarda uma decisão do Tribunal Regional do Trabalho (TRT-10) para se posicionar.

O TRT, por sua vez, informou que recebeu a solicitação do Metrô nesta quarta. Por volta das 17h30, o dissídio chegou à Presidência da Corte. Contudo, a análise desses casos costuma levar um tempo maior do que um dia. Por isso, a decisão ; ainda que favorável à companhia ; dificilmente sairá a tempo de evitar a greve.

O GDF disse, em nota, que enfrenta dificuldades para ajustar as contas públicas e "não tem condições financeiras para conceder reajustes aos servidores, situação esta que levaria à condição encontrada no início da atual gestão, de absoluto descontrole de gastos. Ou seja, a concessão de reajuste implicará em dificuldade para honrar salários e pagamentos de fornecedores e prestadores de serviços essenciais. A pasta informou ainda que adotará as medidas judiciais cabíveis para enfrentar as greves.

Também em nota, o Sindmetrô pediu o apoio da população. "Pedimos a compreensão e o apoio da população nesta luta que tem o intuito, antes de mais nada, de melhorar o atendimento prestado aos usuários deste sistema de transporte que vem sendo cada dia mais sucateado e esquecido por este governo que insiste em priorizar comissionados e contratos terceirizados", enfatiza o texto. A categoria afirma que já está há mais de três anos sem ter reposição de perdas salariais referentes aos índices inflacionários.

"É fato que vivemos um período de recessão em esfera nacional e que por conta de vários fatores ocorridos no meio político/empresarial estamos pagando um alto preço pela corrupção e desgoverno. Por isso, não podemos nos calar diante destas tentativas de precarizar cada vez mais este meio de transporte que já faz parte da vida cotidiana de nossa cidade. Portanto, é bom frisar que o nosso intuito não é, e nunca será, o de prejudicar esta população".

Elessandra Ribeiro, 39 anos, trabalha em um hospital e utiliza o metrô como meio de transporte diário. Apesar de concordar com as exigências, ela acredita que, com a greve, terá problemas em sua rotina. "Eu sou a favor da paralisação pelo fato de que o atendimento das exigências implicará na melhoria do serviço. Eu, como usuária, notei uma queda na qualidade nos últimos anos. Mas amanhã será um caos para chegar e voltar do trabalho, os ônibus provavelmente não conseguirão atender a demanda", lamenta.

Mudanças no trânsito

Procurados pela reportagem, o Departamento de Trânsito (Detran-DF) e o Departamento de Estradas de Rodagem (DER-DF) informaram que aguardam uma confirmação da greve para tomar alguma decisão. Porém, caso a paralisação seja mesmo confirmada, as faixas exclusivas para ônibus devem ser liberadas para o tráfego de veículos comuns.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação