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Hoje é dia do Médico Intensivista. Saiba quem são esses profissionais

O Correio passou um dia com médicos na UTI do Hospital Regional de Santa Maria (HRSM). Em cada história contada é confirmada a certeza de que todos eles possuem o dom de salvar vidas em situações extremas

Júlia Campos - Especial para o Correio
postado em 10/11/2017 06:00
Médicos na UTI do hospital de Santa Maria

A linha entre a vida e a morte é vivida diariamente no trabalho do médico intensivista. Por mais que todo esforço feito seja para que a resposta positiva prevaleça, é a negativa que se faz mais presente. O convívio diário com os dois extremos faz com que psicológico seja trabalhado constantemente para lidar tanto com a esperança daqueles que necessitam dos cuidados, quanto com a ansiedade dos que esperam a cura de uma pessoa querida. A criação de laços e inevitável. Se é difícil para um parente perder um familiar, para o médico também não é fácil perder um paciente. Essa é a rotina dos profissionais que atuam em unidade de terapia intensiva, as UTIs.
Hoje, 10 de novembro, é a data comemorativa dessa profissão tão desafiadora. O Correio passou um dia com médicos intensivistas do Hospital Regional de Santa Maria (HRSM). Em cada história contada é confirmada a certeza de que todos eles possuem o dom de salvar vidas em situações extremas. Para eles, não são apenas pessoas doentes que precisam de atendimento, são seres humanos à espera de mais uma chance.

A visita começa pelo térreo, na UTI Neonatal. Lá, as mães têm livre acesso a qualquer momento. Para as que moram longe, há um alojamento para dormirem e elas recebem todas as refeições. Logo na entrada, é possível ver várias delas compartilhando experiências de quem pode ficar por ali alguns meses. Quem nos recebe é a médica Jaqueline Tanacoli. Ela é médica intensivista na unidade desde 2013.

O amor pelo que faz é nítido em cada palavra que diz. ;Aqui eu vejo milagres acontecerem;, assegurou. Apesar do sentimento mágico que a profissão proporciona, sabe o peso que ela tem. ;Nós lidamos não só com a expectativa de sobrevivência de um recém-nascido, mas também com a confiança que os pais depositam na gente. Às vezes, é uma criança tão desejada e está em nossas mãos;, avaliou.

Em meio a um barulho de uma máquina e outra, entre as incubadoras, se sobressaem choros ao fundo. Os bebês lutam pela vida como gente grande, com a ajuda dos dedicados profissionais. ;Eu escolhi essa área porque é um mundo que ninguém vê. Os prematuros têm doenças tão graves quanto os adultos. No mundo da pediatria, a gente brinca que têm fadas e duendes, onde existe cura para o que acreditamos não haver. É mágico;, enalteceu Jaqueline.

Sorriso no rosto

A próxima unidade que nos espera fica no primeiro andar. As paredes continuam coloridas, cheias de desenhos e personagens. Na UTI pediátrica, os profissionais também não tiram o sorriso do rosto e a esperança dos olhos. Na maioria dos leitos, estão aqueles que precisam da ventilação mecânica para sobreviver e chegam a passar anos nas mesmas condições. O doutor Rafael Belotti, que trabalha na unidade há pelo menos sete anos, passou por uma situação que resume o sentimento dos profissionais.

Uma paciente teve de ser internada devido a um quadro crítico de asma. Com melhoras significativas, ele chegou para o plantão à noite e percebeu que o ventilador poderia ser retirado. Porém, alguns profissionais não fazem esse procedimento no período noturno. ;Com equipe maior durante o dia, podemos minimizar o problema, se houver insucesso. Mas eu não poderia deixar a criança passar mais uma noite naquela situação;, alegou. Duas horas e meia após o procedimento ele pôde finalmente colocar a criança no colo da mãe. ;Pela manhã, ela veio me agradecer por ter dado a oportunidade de pegar a filha após 10 dias. Isso vale a pena;, afirmou, emocionado.

No local, também trabalha o doutor Sidney Cunha. Ele está no HRSM desde a abertura da UTI pediátrica, em 2010. Há cerca de quatro anos, viveu junto com a equipe uma das histórias que marcou a unidade. Um garoto transferido para lá, com pneumonia muito grave, ficou internado por, pelo menos, 30 dias. ;Todas as complicações graves ele teve. Todos os recursos que se tem na terapia intensiva utilizamos. Por diversas vezes, pensamos que aquele seria o último dia dele;, relembrou.

Os médicos disseram nunca ter visto uma equipe tão unida em prol de um paciente. O menino se recuperou, teve alta e hoje é lembrado com fotos no mural colocado na entrada da UTI e também nos celulares de Sidney e Rafael. ;Ficamos muito emocionados quando ele foi embora, fizemos até uma festinha.Temos notícias dele até hoje. O garoto está forte e indo super bem na escola;, comemorou Sidney.

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