Cidades

Número de roubos com restrição de liberdade das vítimas aumenta 12% em 2017

Já a quantidade de ocorrências de sequestro relâmpago no DF se manteve igual em relação ao mesmo período de 2016

Thiago Soares, Isa Stacciarini
postado em 16/11/2017 06:00
Já a quantidade de ocorrências de sequestro relâmpago no DF se manteve igual em relação ao mesmo período de 2016
Por cerca de 30 minutos, sob ameaça de uma faca, um jovem de 25 anos é a mais recente vítima do crime de roubo com restrição de liberdade no DF. Apesar de estar com o carro estacionado em local de habitual movimento, a Rodoviária do Plano Piloto, o rapaz estava distraído com o celular. Ele não percebeu a aproximação de três homens que o renderam e o obrigaram a dirigir o Renault Sandero branco pela cidade até o abandonarem na madrugada de ontem, na comercial da quadra 102 sul, conhecida como Rua das Farmácias.
Esse tipo de crime, quando os bandidos retêm as vítimas para ter tempo de escapar depois de levar veículos e objetos de residências, aumentou12,25% nos nove primeiros meses deste ano, em comparação com 2016. Com cinco casos registrados de janeiro a setembro deste ano, o número de ocorrências de sequestro relâmpago no Distrito Federal se manteve igual em relação ao mesmo período de 2016.

Independentemente das estatísticas, esses crimes assustam a população. No caso do rapaz, apesar de não ter sofrido violência física, ficou sob ameaça do trio de criminosos e teve o celular e carro roubados. Ele relatou o ocorrido a policiais militares e, como o veículo tem sistema de localização, foi possível chegar aos criminosos e um deles foi preso, em Taguatinga Sul. Até o fechamento desta edição, os outros dois continuavam foragidos.

Marcas profundas

Ficar sob a mira de um revólver ou ser mantido em poder de criminosos deixa marcas profundas nas vítimas. Com medo, as pessoas sentem-se inseguras e, muitas vezes, precisam de ajuda psicológica.

Em maio de 2016, a terapeuta ocupacional Rayssa Trajano, 27 anos, passou uma hora e meia sob o poder de três assaltantes. ;Até hoje, para mim, é difícil sair sozinha. Mas sigo em frente, faço acompanhamento psicológico;, admite. Eram 20h30 quando Rayssa estacionou o carro junto a um fast food, no centro de Taguatinga, para encontrar os amigos. Ao sair do carro, o terror: um bandido armado a rendeu e exigiu que fosse para o banco de trás. Dois outros criminosos entraram com ela. Sentada no meio, ela obedeceu às exigências: ficou de cabeça baixa e passou o celular.

;Um deles disse que não teria utilidade, por causa do rastreador, mas ficou com meu celular até me abandonarem em um matagal perto da Granja do Torto;, relembra.


Tempo de fuga

O delegado-chefe da Divisão de Repressão ao Sequestro, Leandro Ritt, trabalha há 10 anos com esses tipos de caso. ;Para garantir impunidade e mais tempo para a fuga, eles permanecem com a pessoa durante um tempo;, explica Ritt. De acordo com a Secretaria de Segurança Pública, durante todo o ano de 2016, foram registrados 508 casos de roubos em que a vítima é mantida em poder dos assaltantes.

Os registros revelam que o roubo com restrição de liberdade cresceu 12,25%, em 2017: foram 394 ocorrências, nos nove primeiros meses deste ano, contra 351, no mesmo período de 2016. O número de sequestros relâmpago se manteve estável: ocorreram cinco casos, tanto nos nove primeiros meses de 2016, quanto no mesmo período de 2017. De outubro a dezembro de 2016, houve novos cinco registros, e o ano fechou com 10 ocorrências.

Ritt avalia que os crimes de sequestro relâmpago não cresceram devido ;ao endurecimento da pena, em 2009, que tem sido em torno de 12 anos. Ele diz que hoje não há nenhuma quadrilha fazendo este tipo de crime no DF.

O delegado aconselha que seja qual for a situação, ;a orientação é nunca reagir, porque as chances são mínimas;, alerta Ritt. Assim como os policiais civis, os militares são unânimes em orientar a população para não reagir, qualquer que seja o tipo de situação enfrentada. ;Em todos os casos, recomendamos que a vítima não reaja, não faça movimentos bruscos nem encare o criminoso;, reforça.

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