Isa Stacciarini
postado em 27/11/2017 06:00
O paciente de 43 anos internado há quase 10 dias com suspeita de febre amarela passa por exames na tentativa de confirmar a morte cerebral. Hoje, a Secretaria de Saúde deve soltar novo boletim médico, mas a última atualização feita ontem é de que o homem permanece na unidade de terapia intensiva (UTI) do Hospital Santa Lúcia, na Asa Sul, em estado gravíssimo.
A partir desta segunda-feira, servidores da saúde intensificarão a prevenção da doença nos três locais em que o paciente passou recentemente: Sudoeste, Asa Sul e Jardim Botânico. Equipes farão um segundo ciclo de aplicação de inseticida por fumacê. Também inspecionarão os sete prédios da quadra onde ele mora com a família para identificar e eliminar criadouros do mosquito Aedes aegypti, vetor da doença. O órgão promete, ainda, aplicar inseticida com uma máquina específica. Ela é carregada por uma pessoa equipada com roupas de segurança. ;O equipamento também será usado em três ciclos no Setor Hospitalar Sul e no Jardim Botânico. Haverá ação na terça e na quinta-feira, ambas após as 18h;, informou a pasta.
Desde sábado, a Secretaria de Saúde faz atendimentos aos moradores do Sudoeste com mutirão de vacina, que imunizou 63 pessoas, além de conscientização. O fumacê também circulou na sexta e no sábado. Um amigo do paciente, que preferiu não ser identificado, contou que o homem e a mulher estavam trocando um apartamento por um terreno com casa no Altiplano, próximo à Fazenda Taboquinha, a cerca de 2km do Lago Sul. A região faz parte da Área de Proteção Ambiental (APA) de São Bartolomeu. ;Ele não viajou nem foi para outro lugar, ou seja, pode estar tendo um surto do lado da gente;, alertou.
Em entrevista ao Correio na manhã de sábado, o secretário de Saúde, Humberto Fonseca, disse que não há motivo para pânico, uma vez que Brasília, segundo ele, tem a maior abrangência de imunização do país. ;Os brasilienses podem ficar tranquilos, porque temos cobertura vacinal em todo o território, inclusive no Entorno;, explicou. Ele reforçou que quem se imunizou contra a doença não precisa repetir a dose. As pessoas que ainda não se preveniram podem procurar um dos postos de saúde da rede pública. Segundo o secretário, as unidades foram reabastecidas.
Luta pela vida
O paciente deu entrada na emergência do hospital em 18 de novembro com dor nas costas, mas foi liberado após medicação. No dia seguinte, porém, voltou à unidade de saúde. Confuso e com fala incoerente, recebeu oxigênio e foi internado. O infectologista Davi Urbaez explicou que, em até 70% dos casos, a febre amarela pode ser fatal. ;A febre amarela é devastadora e acomete o fígado de forma muito intensa, em pouco tempo, levando a uma hepatite fulminante, além de afetar a função renal e todo o sistema de coagulação;, detalhou.