Walder Galvão*
postado em 27/11/2017 21:15
Há ao menos duas semanas, um incêndio subterrâneo incomoda moradores do Setor Royal, em Águas Lindas de Goiás, município goiano distante cerca de 50 km do Plano Piloto. A causa do fogo ainda não foi identificada pelas autoridades locais e a área permanece isolada. Especialistas da Secretaria de Meio Ambiente da região foram até lá coletar amostras para identificar o motivo da queimada.
Na área do incêndio, é possível ver a fumaça sair do solo. As árvores começaram a cair, pois o fogo queima as raízes. O solo ficou fofo e quem pisa por ali corre o risco de afundar e de se queimar gravemente. Moradores relataram que ao menos duas vacas morreram. De acordo com a Secretaria de Meio ambiente, o local pertence a um morador que ainda não foi localizado.
O secretário responsável pela pasta, Mauro Rodrigues, afirma que o fenômeno se trata de uma combustão espontânea natural. Segundo ele, existem duas teorias para explicar o incêndio: acúmulo de lixo no subsolo, que entrou em combustão após sofrer decomposição; ou presença de carvão mineral concentrado há milhões de anos.
[SAIBAMAIS]"De acordo com nossos analistas, a temperatura em baixo da terra está entre 100;C e 150;C. Estamos esperando as análises serem concluídas para apontarmos as causas para tomarmos alguma ação", afirma. A residência mais próxima fica a 400 metros de distância do local, informa o secretário, e a área de queimada é de 600 m; a 700 m;.
A professora do Departamento de Ecologia da Universidade de Brasília (UnB) Isabel Belloni Schmidt discorda que o fenômeno seja uma combustão espontânea. "Em vegetação de cerrado, a temperatura precisa chegar a 350;C para entrar em combustão, a não ser que tenha uma ignição, como uma faísca ou o próprio fogo", explica.
Na avaliação dela, o fenômeno é denominado fogo de tufa, comum em áreas que foram drenadas. A especialista ressalta que a presença de poços artesianos na região pode ter influenciado na queimada, já que retira a água do lençol freático. "O lugar é de vereda ou brejo, que geralmente são alagados. Com a extração de água dos poços ou da irrigação, há a possibilidade de queimadas", comenta.
* Estagiário sob supervisão de Mariana Niederauer