Cidades

308 mil pessoas estão desempregadas no DF, segundo pesquisa da Codeplan

A Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED) de outubro revela que, no período de um ano, a taxa de desemprego aumentou em cerca de 11,6%

Thiago Soares, Deborah Novais - Especial para o Correio
postado em 29/11/2017 15:45
A população economicamente ativa do DF é constituída por 1,638 milhão de pessoas
Após apresentar queda por cinco meses consecutivos ; de abril a agosto ; e estabilidade em setembro, a taxa de desocupação subiu novamente no Distrito Federal. Divulgada nesta quarta-feira (29/11) pela Companhia de Planejamento do DF (Codeplan), a Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED) aponta 308 mil habitantes sem ocupação, em outubro. O número representa 18,8% da população economicamente ativa. Em setembro, eram 18,7%. Comparado ao mesmo período de 2016, são 32 mil pessoas a mais sem trabalho.
A taxa de desemprego aumentou após passar por uma queda durante cinco meses consecutivos ; de abril a agosto ; e estabilidade em setembro. Para a Codeplan, o aumento de 0,1% representa uma relativa estabilidade. No 10; mês do ano passado, a capital tinha 17,5% de desocupados.
A pesquisa mostra ainda que, entre a 656 mil pessoas que trabalham no setor privado, 555 mil têm a carteira de trabalho assinada. A área pública representa 22,48% das ocupações, enquanto os autônomos e os empregados domésticos equivalem a 13,75% e 6,76%, respectivamente. Da população do DF, 825 mil pessoas estão inativas.
O professor Carlos Alberto Ramos, do Departamento de Economia da Universidade de Brasília (UnB), ressalta que a capital apresenta uma das maiores taxas de desemprego do país ; a taxa do Brasil no terceiro trimestre ficou em 12,4%, segundo o IBGE. ;Isso acontece porque o Distrito Federal é a unidade da Federação com a renda mais alta do país, o que atrai mais pessoas e, em consequência, aumenta a taxa;, argumenta.
Essa situação é vivida pelo auxiliar de almoxarifado Edmar Araújo, 35 anos. Desempregado há dois anos, ele se mudou para a capital há apenas quatro dias. Saiu do Pará em busca de oportunidade, incentivado pela irmã, moradora de Valparaíso (GO). ;Lá (no Pará) estava muito complicado. Quero trabalhar com o que tenho experiência, porém, se surgir vagas em outras áreas também, estou disposto;, ressalta.

Menos vagas

[SAIBAMAIS]A quantidade de trabalhadores na construção civil caiu 17% em um ano. Dos quatro principais setores da economia local, a indústria de transformação é o com a menor representatividade, equivalente a cerca de 3,5% da população economicamente ativa. Também comparado a outubro de 2016, o setor que mais abriu vagas é o de serviços, que teve um aumento de 6,5% em um ano. Das 1,33 milhão de pessoas empregadas no DF, 964 mil trabalham na área.
;Em todo o país, a construção civil e a indústria de transformação foram as mais penalizadas com a crise econômica;, destaca o professor Carlos Alberto Ramos. De acordo com ele, um dos principais problemas do DF é que o setor público, também em baixa, é um dos principais dinamizadores do mercado de trabalho.

Mulheres e negros

No critério de atributos pessoais, as mulheres (53,5%) e as pessoas negras em geral (74,1%) são a maioria dos desempregados no DF. Ou seja, são 164.780 habitantes do sexo feminino e 228.228 da cor preta sem trabalho. A taxa de desocupação é maior na faixa etária de 16 a 24 anos, com aproximadamente 542 mil pessoas.
Moradora do P Sul, em Ceilândia, Luciene Simões Gonçalves, 48 anos, se encaixa nos dois perfis com maior índice de desemprego: é mulher e negra. Ela sempre trabalhou como cabeleireira em atendimento domiciliar, mas, há ao menos dois meses, decidiu sair em busca de um emprego fixo, pois o trabalho eventual é insuficiente para pagar as contas. ;Realmente, para a mulher é mais complicado. Já procurei em diversos locais e só falam que vão analisar, mas não chamam para entrevista, nem para as demais etapas. Espero logo estar empregada;, reclama.
Há menos de um mês, a farmacêutica Raquel Lopes, 42, tornou-se parte da estatística. Em virtude de problemas financeiros na empresa em que trabalhava, ela acabou demitida. Agora está em busca de uma colocação no mercado. ;Vejo que existem apenas vagas para informalidade, e quando se trata de nós, mulheres, a situação é mais difícil;, relata a moradora de Planaltina.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação