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Vídeo: educador físico volta a ouvir após 32 anos e emociona a internet

Momento em que Eduardo Favaro volta a escutar depois de um implante coclear já foi visto milhares de vezes em uma rede social. Conheça a história por trás desse fato emocionante

Mariana Fernandes
Mariana Fernandes
postado em 01/12/2017 15:20

Eduardo com a esposa, Fabrícia, e as filhas, Maria Eduarda, 6 anos, e Maria Fernanda, 3

Aos 35 anos, Eduardo Favaro pôde experimentar algo que, para a maioria das pessoas, é corriqueiro ao longo da vida: ouvir a voz daqueles que ama. A realização do sonho se tornou possível graça à tecnologia. Surdo desde que tinha 1 ano e 8 meses, devido a uma meningite bacteriana, o educador físico recebeu um implante coclear (leia mais abaixo) e, no último dia 17, voltou a escutar.

O momento de ativação do dispositivo foi registrado pela esposa, Fabrícia, 39 anos, e se tornou um vídeo compartilhado nas redes sociais que logo encantou milhares de internautas. Nele, Eduardo não se contém e, emocionado, chora ao ouvir a voz da mãe, Aleny, 62. Em seguida, é a vez de Fabrícia, da filha mais velha, Maria Eduarda, 6, e dos irmãos falarem com ele.

"Fui orientado que ouviria como um bebê, e quem fala com um bebê pela primeira vez, geralmente, é a mãe. Minha mãe falou: ;Eduardo, Eduardo, é a mamãe;. E eu não contive a emoção", conta. "Foi um momento inexplicável. Esperávamos muito por isso. Todos nós nos emocionamos."

Veja o vídeo:

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Esperança nunca perdida

A meningite que afetou o morador de Brasília na infância provocou uma surdez profunda nos dois ouvidos, e aparelhos auditivos não eram o suficiente para que ele escutasse. Ainda criança, Eduardo foi a diversos centros especializados e ouviu que seu caso era irreversível, pois sua cóclea (estrutura do ouvido interno) era ossificada.

;Aceitei essa condição não como uma derrota ou fracasso. Apenas pensava que não tinha chegado a minha hora ainda e que, algum dia, haveria a possibilidade. Eu queria ouvir, como meus irmãos podiam;, lembra.

A espera chegou ao fim quando Eduardo se consultou com o otorrinolaringologista Fayez Bahmad, de quem ouviu que a tecnologia havia evoluído nos últimos anos e um aparelho podia ser adaptado especificamente para sua condição.

Bahmad explica que, há 33 anos, quando o paciente perdeu a audição, o implante coclear não era visto como uma alternativa para reabilitar a audição de uma pessoa com surdez severa e cóclea ossificada. ;Atualmente, com técnicas avançadas e algumas desenvolvidas especialmente para o caso de Eduardo, o procedimento foi um sucesso;, afirma o médico do Instituto Brasiliense de Otorrinolaringologia.

Novo mundo a ser descoberto

Em 19 de outubro, a cirurgia foi realizada, mas o educador físico precisou esperar mais um mês, período da cicatrização, para descobrir se o procedimento havia funcionado. Finalmente, em 17 de novembro, os sons voltaram à vida dele. O implante foi ativado e o resultado, melhor do que esperado. ;Eu pude ouvir, enfim. Fiquei bastante feliz e agradecido a Deus por ter dado certo. Durante a ativação, foi pura emoção. Foi um momento muito marcante na minha vida e contei com a presença da minha mãe, dos meus irmãos, da minha esposa e minhas filhas. Emocionante;, diz.

Duas semanas depois da ativação, Eduardo se mostra entusiasmado com as descobertas que tem feito. ;É muito agradável ouvir os sons. Estou amando cada som que chega e sinto a vibração no meu cérebro. É uma sensação fantástica!”, empolga-se, acrescentado que sente falta do aparelho quando precisa retirá-lo para dormir, uma medida necessária para proteger os delicados componentes eletrônicos.

A novidade representa também o início de uma nova jornada. Durante dois anos, no mínimo, ele passará por sessões de fonoterapia para aprender a interpretar e compreender os sons corretamente. ;É como se eu estivesse escutando como um bebê. Mas já consigo identificar algumas palavras;, explica. ; mas meu objetivo foi realizado. Os sons estão chegando e isso é incrível para mim. Tudo é muito novo, ainda estou descobrindo coisas, mas estou imensamente feliz.;

A felicidade se espalha pela família. "Não existem muitas palavras para descrever nossa emoção. É uma mistura de amor, de fé e da vontade de Deus. Eu me emociono quase toda hora de gratidão a Deus, por tudo ter dado certo e por vê-lo feliz e vibrando com as novas sensações, parecendo uma criança que chegou a um imenso parque de diversões pela primeira vez",comemora. Fabrícia. "Nossas filhas também estão radiantes de alegria", completa.

Tira-dúvidas: o que é o implante coclear

O que é o implante coclear?

O implante coclear é uma prótese diferente dos demais aparelhos auditivos. Uma de suas partes é implantada cirurgicamente dentro da cóclea, que fica no ouvido interno do paciente. A outra parte do fica ao redor da orelha da pessoa e é composta por uma antena e um processador de fala.

Onde o serviço é oferecido no DF?

O implante coclear, também conhecido como ouvido biônico, é feito em uma clínica particular e no Hospital Universitário de Brasília (HUB), onde o serviço é gratuito. Nesse caso, o paciente pode procurar ou ser encaminhado para o Serviço de Implante Coclear do HUB. Para mais informações: (61) 2028-5580.

Quem pode receber o implante?

Apenas as pessoas com surdez de origem neurossensorial, bilateral, de grau severo ou profundo. Esse diagnóstico é dado a partir de exames clínicos e fonoaudiológicos, como a audiometria.

Quais são os benefícios do implante?

O objetivo do implante é transformar os sons do ambiente em estímulos elétricos que são levados para o nervo auditivo, causando a sensação auditiva no paciente. Assim, a pessoa implantada, depois de um tempo de readaptação e/ou reabilitação, consegue perceber os sons, inclusive o da fala humana.

Como é a cirurgia?

Para realizar a cirurgia, a pessoa deve ser internada um dia antes da operação. É realizada uma pequena incisão (cerca de 4cm) atrás da orelha para que se chegue até a cóclea e se insiram os eletrodos e a unidade receptora/estimuladora. Após a cicatrização externa e interna (em torno de 30 a 40 dias), o aparelho externo será entregue e ativado. Só depois desse período o paciente começa a escutar os primeiros sons. Após o procedimento, o paciente deverá ser acompanhado com fonoterapia. (Fonte: HUB/UnB)

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