Renato Alves, Ana Viriato
postado em 04/12/2017 06:00
O episódio em que o 2; sargento Fabrício Marcos de Araújo, 44 anos, furtou, na madrugada de domingo (3/12), um caminhão do Corpo de Bombeiros em Ceilândia e dirigiu mais de 31km até ser detido, a tiros, na Esplanada dos Ministérios, resultou em quatro acusações contra o militar e . No entanto, uma série de perguntas continuam à espera de respostas.
Ainda não foi esclarecida a real intenção do motorista. Em um áudio enviado pelo celular a colegas, o militar disse que não queria pretendia machucar ninguém e que, quando chegasse ao Congresso Nacional, pararia. No entanto, em depoimentos aos quais o Correio teve acesso, testemunhas citaram a existência de outras mensagens em que Fabrício manifestaria o desejo de "causar danos" à sede do Legislativo e "explodir a viatura" no prédio.
Também ainda não foi esclarecido como o bombeiro conseguiu entrar na unidade, pegar a chave e sair do local com uma das maiores viaturas, destinada ao combate de grandes incêndios. Não se sabe também se o militar agiu sob o efeito de álcool ou alguma outra droga. Nenhum integrante do comando do Corpo de Bombeiros se pronunciou sobre esses fatos.
As poucas explicações vieram por meio de nota oficial da Secretaria de Segurança Pública, no meio da tarde de domingo. O texto, assinado também pelo Corpo de Bombeiros Militar e pelas polícias Civil e Militar, fala que, a princípio, não há elementos que indicam a intenção de atentado terrorista. A equipe responsável pelo caso começa a trabalhar hoje. . Ontem, foi realizada apenas a perícia no local em que o caminhão parou.
Perseguição na madrugada
O que se sabia até o fim da noite é que o 2; sargento do Corpo de Bombeiros Fabrício Marcos de Araújo, 44 anos, saiu do 8; Grupamento de Bombeiro Militar, em Ceilândia, na Avenida Hélio Prates, divisa com Taguatinga, pouco depois da 1h de domingo. Ao volante do caminhão ABT 108, onde ele trabalha, o militar seguiu pela Hélio Prates em direção à Estrutural.
ABT é a abreviação de Auto-bomba-tanque. O modelo do Corpo de Bombeiros do DF tem capacidade para levar 3.750 litros de água e 250 litros de espuma ; destinada principalmente a incêndio onde há risco de choque elétrico. O Correio apurou que o caminhão furtado estava com água, pronto para o combate ao fogo, o que não impediu o militar de circular acima dos limites da via.
A perseguição de equipes da Polícia Militar teve início na pista que liga as duas mais populosas cidades do Distrito Federal ao Plano Piloto, onde a velocidade permitida é de 80km/h. Quando o caminhão do Corpo de Bombeiros entrou no Eixo Monumental, o cerco incluiu 15 viaturas da PM e dos Bombeiros. Os policiais disseram ter feito de tudo para conter o bombeiro, naquela altura, menos atirar.
Foi ao passarem pela Rodoviária do Plano Piloto, na S1, em direção à Praça dos Três Poderes, que os militares partiram para o último recurso. Pouco depois da Catedral Metropolitana de Brasília, por volta de 1h50, um deles fez ao menos 10 disparos. Após o motorista perder o controle da direção, o veículo rodou, quase tombou e ficou parado na contramão, ao lado do canteiro central.
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Tensão filmada
O cerco e a perseguição foram filmados e narrados por alguns dos envolvidos. . Os PMs da Rotam e da Patamo, que iniciaram a perseguição na via Estrutural, demonstraram a preocupação de haver um refém no caminhão do Corpo de Bombeiros. Eles só decidiram atirar após constatar que não havia ninguém além do motorista.
Enquanto um policial se assegurava da ausência de civis ou militares na linha de fogo, o outro fazia a mira, com o carro da PM em alta velocidade. Depois de alguns minutos, finalmente, o atirador comemorou o sucesso dos disparos. Tiros acertaram primeiro pneus dianteiros do caminhão. Em seguida, atingiram traseiros. Sem estabilidade, a viatura derrapou e os policiais militares conseguiram deter o bombeiro.
Logo todos os PMs participantes da perseguição cercaram o caminhão. Ileso, o bombeiro não esboçou qualquer reação. Os PMs o levaram ao 1; Grupamento de de Bombeiro Militar, ao lado do Palácio do Planalto. Um major, oficial de plantão na unidade, deu a voz de prisão ao 2; sargento. No momento do crime, a Esplanada estava fechada parcialmente ao trânsito de veículos devido a um evento esportivo marcado para a manhã de domingo.
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