Cidades

"Tragédia evitável", diz Rodas da Paz sobre morte de pesquisador da UnB

Em dois meses, ONG recebeu quatro relatos de assaltos na região onde o crime aconteceu. Em 2015, o Correio já havia exposto os perigos de se trafegar na ciclovia do Eixo Monumental

Fernando Jordão
postado em 09/12/2017 08:00
Vista aérea da ciclovia do Eixo Monumental
O assassinato do pesquisador da Universidade de Brasília (UnB) Arlon Fernando da Silva na ciclovia do Eixo Monumental, na noite dessa quinta-feira (7/12), chocou o Distrito Federal, mas, infelizmente, não chegou a ser uma surpresa. Pelo menos para a ONG Rodas da Paz. Marcelo Saboia, integrante e responsável pela comunicação da entidade, informou que, só nos últimos dois meses, a organização recebeu relatos de, ao menos, quatro assaltos na região. "Era uma tragédia evitável", definiu Saboia.

[SAIBAMAIS]Em julho de 2015, o Correio já havia exposto em uma reportagem os perigos de se trafegar na ciclovia do Eixo Monumental. O texto da época alertava: as faltas de iluminação e policiamento tornam a volta do trabalho uma árdua experiência. "A escuridão causa insegurança nos usuários", dizia a matéria.

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Dois anos e meio depois, os problemas permanecem inalterados na avaliação de Marcelo Saboia. "Além de ser uma área sem iluminação, tem muitas árvores, a maioria delas com troncos grossos, que podem acabar servindo de esconderijo", descreveu. O integrante da Rodas da Paz afirmou que, em todos os encontros e discussões, a entidade cobra uma atitude do governo para melhorar a segurança dos ciclistas. Contudo, nunca recebeu uma resposta.

Ainda conforme Saboia, tais falhas não são uma exclusividade da ciclovia do Eixo Monumental. "Grande parte das ciclovias foi construída em locais isolados. Então, esses problemas de baixa circulação de pessoas, falta de iluminação e policiamento são recorrentes, assim como os assaltos", explicou. "É um desestímulo não só ao uso de bicicletas, mas ao uso dos espaços públicos por parte dos brasilienses", completou.

Usuários divergem sobre insegurança na região

A equipe do Correio voltou ao local nesta sexta-feira (8/12), por volta das 19h30. Durante a quase uma hora em que a reportagem esteve na região ; até 20h30, hora em que Arlon teria sido morto ;, poucos foram os ciclistas que passaram por lá. Um deles foi o protético dentário Éverton Andrade, 29 anos. Morador do Cruzeiro, ele usa a bicicleta para ir e voltar do trabalho, no Setor Comercial Sul, e disse faltar iluminação e policiamento no local. "Eu passo, no máximo até essa hora (19h45). Quando fica mais tarde, eu já não passo mais", afirmou. Éverton ainda classificou a morte de Arlon como "inaceitável", principalmente por ter ocorrido em frente às sedes do poder Executivo ; o Palácio do Buriti ; e Legislativo ; a Câmara Legislativa ; do DF.

Há, no entanto, quem discorde dessa opinião. É o caso do servidor público Leonardo Carvalho, 38 anos. Ele afirma utilizar a ciclovia há três anos para se deslocar de casa, no Sudoeste, ao trabalho, na 603 Norte, e garante não se sentir inseguro na região. No entendimento dele, uma melhor iluminação no local não evitaria a morte de Arlon: "Foi uma fatalidade."

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