Cidades

Corpo de estudante da UnB será sepultado no Paraná, onde mora a família

Admirado pelos colegas, estudante de física da Universidade de Brasília, assassinado a facadas quando voltava de bicicleta para casa, foi velado ontem no Cemitério Campo da Esperança

Augusto Fernandes
postado em 10/12/2017 08:00
Admirado pelos colegas, estudante de física da Universidade de Brasília,  assassinado a facadas quando voltava de bicicleta para casa, foi velado ontem no Cemitério Campo da Esperança
O Templo Ecumênico II do Cemitério Campo da Esperança estava lotado na manhã de ontem. Apesar da grande quantidade de pessoas, o silêncio dominava o local, interrompido apenas pelo choro dos amigos que foram prestar a última homenagem a Arlon Fernando da Silva, 29 anos. Doutorando de física da Universidade de Brasília (UnB), ele foi morto na quinta-feira, a facadas, no trecho da ciclovia do Eixo Monumental, em frente à Câmara Legislativa, a poucos metros do Palácio do Buriti, quando voltava de bicicleta para casa, no Sudoeste.

Dentro do Templo, viam-se fotos de Arlon. Na maioria delas, o estudante estava pedalando, atividade que realizava com frequência, ou na companhia de amigos. Muitos deles estavam ali e pareciam não acreditar que Arlon perdera a vida de forma tão repentina.

Ao lado do caixão do paranaense, natural de Rio Branco do Sul, a reação era de perplexidade. Muitos ficavam por um longo tempo olhando para o corpo de Arlon, como se quisessem dizer uma última mensagem a um rapaz tão admirado e respeitado por todos. Com tamanha comoção, os amigos e conhecidos de Arlon não conseguiram segurar as lágrimas.

Uma dessas pessoas era Vanessa Carvalho de Andrade, 44, coordenadora de graduação do Instituto de Física da UnB. Arlon chegou a atuar como professor substituto de Vanessa em algumas ocasiões. Para ela, o doutorando era um colega querido, além de uma pessoa bastante focada e competente. ;Ele era um exemplo de pessoa. Alguém muito dócil;, lembrou.

Colegas de classe também compareceram à cerimônia fúnebre, como Emanoel José, 26, também mestrando de física na UnB. Na sua opinião, uma das características mais admiráveis de Arlon era a prestatividade. ;O Arlon era muito solidário. Ele sempre ajudava com o que eu precisava. Eu sabia que podia contar com ele. Éramos como irmãos. Gostaria de falar com ele outra vez, e agradecer por sermos amigos;, contou.

Arlon tinha o costume de dar aulas de reforço de física. A estudante de química Camila Farias, 26, foi uma das suas alunas. No dia do latrocínio, ela havia conversado com Arlon. Transtornada pelo crime, ela conta que ;não espera que isso aconteça com as pessoas que a gente conhece;. Nas suas palavras, Arlon era ;dedicado, atencioso e paciente. Ele me ajudou muito;.

Um dos amigos mais próximos de Arlon, o estudante de medicina Isaac Sanglard, vai guardar boas recordações do paranaense. Ambos fãs de Rammstein, banda alemã de heavy metal, chegaram a viajar para São Paulo para assistir a um show do grupo musical. ;O show foi ótimo. Nós dois sempre gostamos dessa banda;, comenta. No velório, para relembrar os bons momentos com Arlon e homenagear o amigo, Isaac reproduziu algumas canções da banda.

O cotidiano com Arlon é aquilo do que mais Isaac sentirá falta. Segundo ele, Arlon adorava discutir assuntos polêmicos. ;Se eu tivesse a chance de falar uma última palavra para ele, não seria um adeus. Tenho certeza de que ele viria falar comigo sobre política ou economia, coisa que a gente sempre fazia. O Arlon sabia defender os seus argumentos muito bem, isso era o mais legal;, completou.

O velório de Arlon teve início às 10h e se estendeu até o meio-dia. Perto do fim, todos os presentes se reuniram dentro do templo, e Ítalo Sanglard, 24, um dos melhores amigos de Arlon, recitou um poema escrito pelo doutorando. Bastante emocionado, ele elogiou a personalidade do amigo. ;Uma pessoa maravilhosa e sensível;, destacou. Ítalo disse que Arlon construiu uma nova família na UnB.

Após o velório, o corpo foi trasladado para o Paraná, onde moram todos os familiares do estudante, para o sepultamento. A cerimônia no Cemitério Campo da Esperança foi organizada por amigos de Arlon.

;Era um colega querido, muito focado e competente, um exemplo de pessoa;
Vanessa Carvalho de Andrade, coordenadora de graduação do Instituto de Física da UnB

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