Cidades

Maurício de Campos Bastos deixa legado para a Justiça do Distrito Federal

Campos Bastos repetiu diversas vezes que o direito significa comprometer-se com a "vida plena", no sentido de que o advogado atua para defender a vida das pessoas

Otávio Augusto
postado em 11/12/2017 09:28 / atualizado em 16/09/2020 16:22
Natural de Juiz de Fora (MG), o magistrado veio para o planalto central para consolidar a Justiça Trabalhista no Distrito Federal

;Morar em Brasília é de encher a alma e o coração.; Apaixonado pela capital federal, o professor, advogado e jornalista Maurício Campos Bastos dedicou mais de quatro décadas de sua vida à cidade. Foi protagonista de uma história irretocável e de uma família de prestígio. Os números impressionam: nove filhos, 23 netos e três bisnetos. Ontem, aos 87 anos, a falência múltipla dos órgãos, causada por um câncer, silenciou a voz do contador de histórias nato. Morreu em um hospital particular.

Campos Bastos repetiu diversas vezes que o direito significa comprometer-se com a ;vida plena;, no sentido de que o advogado atua para defender a vida das pessoas. Ele foi vice-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB/DF), de 1990 a 1992, e conselheiro, de 1993 a 1996. A tolerância era uma das suas características mais marcantes. O zodíaco explica: nascido em 21 de fevereiro de 1930, ele era do signo de peixes.

[SAIBAMAIS]Natural de Juiz de Fora (MG), o magistrado veio para o planalto central para consolidar a Justiça Trabalhista no Distrito Federal. Desde 1962, trabalhava na antiga Junta de Conciliação e Julgamento, depois chamada Vara do Trabalho. Quem assinou o decreto de nomeação foi o ex-presidente João Goulart, em novembro de 1972. No mesmo mês, a família se mudou para Brasília. O endereço? Um apartamento na 104 Norte.

Casado com Cléa Caputo Bastos havia 63 anos, Maurício construiu a credibilidade de uma família de juristas. Cinco dos nove filhos seguiram a profissão do pai no direito. Ao analisar a passagem do tempo, ele se dizia um homem de sorte. ;Eu a vejo com humildade. Recebi a sorte com naturalidade, talvez por isso ela sempre me tenha aparecido;, destacou, em entrevista ao Correio, em 2013.

Ele realmente tinha sorte. Em 1950, aos 19 anos, transmitiu a Copa do Mundo pela Rádio Industrial de Juiz de Fora. Contava o feito, mas sem a alegria do título de campeão. A taça escorreu das mãos da Seleção Brasileira, em pleno Maracanã. Conteve as emoções no apito final que consagrou o Uruguai campeão do mundo. ;Vi como era a concentração dos jogadores na véspera, em São Januário. A quantidade de gente, de jogador trançando de um lado para o outro, recebendo presente. Aquele time não tinha pernas para ganhar o jogo;, resumiu, certa vez.

Cidadão honorário


Campos Bastos morreu cinco meses após receber uma das mais importantes condecorações da cidade: o título de cidadão honorário de Brasília. A sessão solene ocorreu em junho e foi bastante festejada. ;É uma enorme honra saber que ainda foi por unanimidade. Quero repartir tudo isso com minha esposa, que é mais credora que eu, um exemplo de mulher;, ressaltou.

Na cerimônia, autoridades, como o vice-presidente do STF, José Antônio Dias Toffoli, o vice-presidente do STJ, Humberto Martins, o ministro da Justiça, Torquato Jardim, o corregedor do Tribunal de Justiça do DF, José Cruz Macedo, e o presidente da OAB no DF, Juliano Costa Couto, comemoraram a iniciativa da Câmara Legislativa. ;Foi uma noite gloriosa;, destacou Campos Bastos.
 
 
 
 
 

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