Mayara Subtil - Especial para o Correio
postado em 14/12/2017 06:00
Um projeta, pensa e desenha o produto. Depois, o molde é encaminhado para a marcenaria, onde as peças são confeccionadas. Depois, segue para ser lixado e polido. Ao ficar pronto, é repassado a um pintor, responsável pelo acabamento final. A linha de produção descrita faz parte da rotina dos cerca de 100 voluntários que fabricam produtos artesanais durante todo o ano para o Bazar do Rema, tradicional feira natalina do Distrito Federal. Em 2017, chega a 41; edição.
Os trabalhos serão postos à venda no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, de hoje a domingo. A produção é da Casa Espírita Recanto de Maria (Rema), presente no DF desde 1976. O bazar é composto por peças diversas exibidas em 12 seções, como Natal, Infantil, Decoração, Bijuterias, Crochê, Brechó, Cantinho da Etiennette, Cantinho do Lar, Garage Sale, Baby, Sebo e Galeria (veja serviço). ;O trabalho sustenta o Rema, pois não há cobrança de mensalidade. Complementamos a renda também com um restaurante e uma lanchonete;, disse o coordenador do bazar e artista plástico, Maurício Maia.
Segundo Maurício, este ano, foram confeccionados cerca de 5 mil itens para o Natal. Na área infantil, a quantidade de peças ultrapassa a casa dos 3 mil produtos. Otimista, o coordenador garante que, apenas no primeiro dia de bazar, 50% das peças são vendidas. ;Sempre enche de pessoas. Há também aqueles clientes fiéis que vão prestigiar e comprar todos os anos. O valor também é mais em conta, sendo que é 25% mais barato do que está disponível no mercado;, mencionou o integrante do Rema.
Além de manter o centro e auxiliar na compra de matéria-prima para a confecção das peças, parte do dinheiro arrecadado no bazar de Natal é destinada para obras de caridade. O Rema se mobiliza para entregar enxovais a recém-nascidos, atende gestantes e ajudam creches por Brasília.
Há, ainda, campanhas realizadas pela instituição, como a do cobertor, leite em pó e material escolar. ;O Bazar do Rema é a nossa vida. Sem esse projeto, acredito que o centro não teria toda a estrutura que tem hoje em dia;, destacou Octicília Sabino, presidente do Centro desde 1996.
Origem e aprendizado
Entre os voluntários estão médicos, engenheiros, professores, advogados, estudantes e donas de casa. A maioria são idosos e jovens. Há, inclusive, delegado da Polícia Federal aposentado, como é o caso de Gilson Campos, que frequenta o Rema e trabalha no Bazar há 30 anos. Ele conta que nunca imaginou ter capacidade para desenhar ou pintar qualquer tela. ;Só na prática que você aprende as técnicas e aprimora o conhecimento. É de pouco em pouco. Eu não sabia pintar um copo, que é simples;, relatou, aos risos.
Além de adquirir conhecimento, a pintura tornou-se uma paixão para o aposentado. Para ele, pintar uma peça é como uma terapia. ;Cheguei a virar madrugada só para deixar uma produção pronta. É prazeroso. Sei que aquilo vai parar na casa de alguém. As mãos executam, mas o coração que comanda;, disse, orgulhoso.
A idealização do bazar veio da presidente do Rema, Octicília Sabino. Há 41 anos, dentro do quarto, no próprio apartamento, ela reuniu um grupo de oito mulheres com objetivo de criarem peças artesanais. ;Fazíamos pazinha de lixo, bichos de pelúcia, camisola e colher de pau decorada. Mesmo sem qualquer experiência;, contou.
Da residência de Octicília, as mulheres seguiram para a Casa das Artes, na 102 Norte, e, depois, para a Escola Parque 313/314 Sul. ;O grupo cresceu muito e ficamos sem espaço. Para a produção, atualmente, contamos com salas separadas no Rema mesmo;, disse a presidente. Durante o ano, os voluntários se reúnem todos os domingos, de manhã até a tarde. A partir do mês de julho, a rotina segue uma escala de plantão para o Natal, onde o trabalho acontece todas as noites, das 20h às 23h30.
Serviço
1; Edição do Bazar do Rema
Responsável: Casa Espírita Recanto de Maria (Rema)
Local: Centro de Convenções Ulysses Guimarães
Programação
Hoje: Abertura às 10h
Amanhã e sábado: Das 10h às 22h
Domingo (17/12): Das 10h às 19h
Informações: (61) 3248-7245/ (61) 98117-2356 (Maurício Maia)