Cidades

Juiz remarca audiência da Máfia dos Concursos por falta de escolta policial

Três dos quatro acusados na Operação Panoptes não compareceram ao tribunal porque não havia agentes para escoltá-los. Secretaria alegou falta de efetivo

Deborah Novais - Especial para o Correio
postado em 14/12/2017 14:20
Acusado de comandar quadrilha, Hélio Ortiz foi um dos réus que não pode comparecer à audiência de instrução
Sem escolta policial, três dos quatro acusados da primeira fase da Operação Panoptes, que investiga a Máfia dos Concursos, não puderam comparecer à audiência de instrução marcada para a tarde de quarta-feira (13/12). Por isso, o juiz Gilmar Rodrigues da Silva remarcou a oitiva das testemunhas para as 13h30 de sexta-feira (15/12).


Caso houvesse escolta para levar os acusados do Complexo Penitenciário da Papuda até a Vara Criminal de Águas Claras, o magistrado ouviria Hélio Garcia Ortiz, Bruno de Garcia Ortiz, Rafael Rodrigues Matias e Johann Gutemberg dos Santos, o único que pode comparecer.

O magistrado alegou que não foi avisado da ausência da escolta. Ele chegou a acionar a Diretoria Penitenciária de Operações Especiais (DPOE), que justificou que não havia de efetivo. ;Tendo em vista a não apresentação dos acusados, resta prejudicada a realização da audiência;, escreveu o juiz Gilmar da Silva no despacho.

Em nota, a Secretaria de Segurança Pública e da Paz Social (SSP/DF) garantiu que haverá equipe para escoltar os acusados na audiência remarcada. A pasta também justificou que o "número de audiências marcados pelo Judiciário foi além da capacidade operacional da DPOE".

A SSP/DF informou, ainda, que vai integrar a equipe de escolta.

Fraudes em concursos públicos


Hélio Ortiz, um dos acusados que não teve como comparecer à audiência, é investigado por fraudar concursos públicos desde 2005. Ele e o filho, Bruno, estão presos por supostamente comandar uma quadrilha que fraudava certames, entre eles o do próprio Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios.

[SAIBAMAIS]A Polícia Civil deflagrou a primeira fase da Operação Panoptes em 21 de agosto, quando outras 16 pessoas foram levadas coercitivamente para prestar depoimento na Delegacia de Repressão ao Crime Organizado (Deco).

Na segunda fase, deflagrada em 30 de outubro, a Polícia deteve outros oitos acusados de atuar na organização criminosa desde 2011. Na ocasião, o Ministério Público do Distrito Federal (MPDFT) pediu que os denunciados pagassem o valor mínimo de R$ 2,7 milhões, em decorrência de lesões à administração e à fé públicas e à confiabilidade das instituições que promovem concursos públicos.

As denúncias apontaram, ainda, que as vagas em concursos públicos eram vendidas por um preço equivalente a 20 vezes o salário previsto em edital. O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) pela Polícia Civil.

A fraude ocorria de quatro formas: utilização de ponto eletrônico pelo candidato, que recebe a resposta de membros da organização; envolvimento da banca organizadora , que pega a folha e a preenche conforme o gabarito oficial; utilização de celular escondido no banheiro; e a apropriação da vaga do verdadeiro candidato, por meio de documentos falsos.


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