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Com passado sofrido, Palhaço Psiu encontra a felicidade doando brinquedos

Com uma história de muita dor e perserverança, o Palhaço Psiu vence o passado com a solidariedade

Para ele, ser palhaço é seu destino. Aos 20 anos, um irmão de criação do orfanato, Francisco José, o convidou para trabalhar como animador infantil. ;Agradeço muito ao Francisco, porque foi por intermédio dele que as portas se abriram;, relembra.

O nome Psiu foi o modo que Genilson Francisco Lopes encontrou para homenagear o falecido irmão Geraldinho. O amigo Francisco saiu do ramo e fez carreira como ator. Porém, o Palhaço Psiu tinha se tornado parte da vida de Genilson: ;Continuei como palhaço, sempre gostei. Fazer as pessoas rirem é o que o mais gosto. Levar a alegria é meu remédio, porque sofro ainda hoje pela falta da minha família;.

Em outro momento trágico de sua vida, o Palhaço Psiu também serviu de refúgio diante da dor. Em um catastrófico acidente de carro, Genilson perdeu a filha Raniele, quando ela tinha 15 anos. E é justamente no ofício de fazer as pessoas felizes que o palhaço mantém Genilson forte.

Hoje, além de animar festas, ser requisitado, ele se preocupa com os excluídos, com as crianças carentes. ;Disse para mim mesmo: ;Quando crescer, vou fazer uma campanha em que eu possa distribuir brinquedos novos para crianças pobres;;, conta. Para sua campanha de Natal, só aceita itens novos, dentro da caixa e com o cheirinho de novo. O motivo, ele faz questão de explicar. ;Quero que as crianças tenham o prazer de saber que ganharam algo novo ao abrirem as caixas, que elas sintam a magia do Natal e tenham um momento de felicidade;.

No primeiro ano, pediu a ajuda de um amigo para comprar 10 brinquedos, cuja distribuição foi para crianças em situação de rua. No ano consecutivo, a arrecadação gerou 600 brinquedos novos. O ápice da campanha foi conseguir 10 mil brinquedos.

Uma das histórias mais emocionantes para o Palhaço Psiu foi quando ele voltava para casa, após uma das doações, quando morava em Vicente Pires. Ao avistar duas crianças com brinquedos velhos, parou o carro e pediu para conversar com elas, vestido a caráter.



Emoção


;Perguntei para cada um qual era o sonho deles. O menino disse que era um carrinho e a menina, uma boneca Barbie. Quando entreguei os presentes, a mocinha chorou de tanta emoção e nisso eu também me emocionei. Depois conversei com os pais, para explicar de onde os brinquedos haviam saído e eles agradeceram;, relembra.

[SAIBAMAIS]Em todos esses anos, até estados como Piauí e Bahia entraram na lista de ajuda do Palhaço Psiu. A Organização Não Governamental (ONG) Vida Positiva, que atende crianças soropositivas, também faz parte da lista de ajuda do palhaço. Há 10 anos o animador se desloca para o local para levar alegria às crianças.

;Eu fiz amizade com o pessoal e disse que toda vez que precisassem de mim para animar as crianças, poderiam me chamar, que eu ia de graça. Fazemos espetáculos e toda a arrecadação da bilheteria vai para a instituição;, explica.

O projeto de doação de Natal completa 16 anos. Mas este ano a campanha encontrou dificuldades. Para o animador, a situação econômica do país influencia. ;Está mais difícil por conta da crise, mas eu não desisto, eu corro atrás;. As arrecadações vão até o próximo dia 20.


O trabalho

Os shows do Palhaço Psiu são destinado para todas as idades. ;Não faço trabalho simplesmente para distrair crianças, mas um show completo, com música, dança e animação. Eu busco englobar a todos na festa, interagindo adultos e crianças;, afirma.


Serviço
; Doações até 20 de dezembro, pelo telefone: 98117-6101.

; Parceria 99 Pop: quem utilizar o aplicativo e tiver doação, basta entregar para o motorista que ele entregará o brinquedo para o palhaço. Quem optar por ligar para o artista, ele mesmo se desloca até a pessoa para buscar os brinquedos.