Pedro Grigori - Especial para o Correio, Sarah Peres - Especial para o Correio
postado em 22/12/2017 06:00
Revelação de amigo-secreto, confraternizações de trabalho ou simplesmente aquela vontade de sentar mais vezes com os companheiros para se despedir do ano que termina movimentam o setor de bares e restaurantes do Distrito Federal. O aumento da demanda obrigou os proprietários dos estabelecimentos a se organizarem para atender ao público e, consequentemente, lucrar mais após um ano de estagnação econômica.
O contador Raphael Rachid escolheu o Piratas Bar, no Setor de Indústrias Gráficas, para a confraternização de 10 anos de amizade com os colegas de faculdade. ;Nos conhecemos em sala de aula, em 2007. Formamos e agora tentamos manter a tradição de nos encontrarmos pelo menos nas datas comemorativas;, conta. O grupo, formado por 13 contadores, precisou reservar mesa antes devido à grande procura por mesas no fim de ano. ;As últimas semanas foram as melhores em vendas desde que abrimos o bar, em outubro;, diz o gerente, Júnior Baptistim.
Os amigos de Guilherme Amaral, 27, também escolheram o Piratas Bar para a primeira confraternização de fim de ano do grupo. ;Estudamos juntos e nos formamos neste mês, por isso, decidimos comemorar juntos o fim dessa etapa;, afirma.
Diretor executivo do grupo Jorge Ferreira, Mauro Calichman estima crescimento entre 12% e 15% no movimento somente nos primeiros 20 dias de dezembro em comparação com o mesmo período do ano anterior. ;No fim de ano crescem as reservas de mesas maiores e as pessoas estão dispostas a gastar um pouco mais. É um período de movimento significativo, tendo um aumento de 10% a 15% nos lucros, o que é muito bom, porque ajuda no pagamento de 13; dos funcionários;, diz.
Apesar de estar disposto a gastar um pouco mais se comparado com meses anteriores, esse público tem buscado promoções. ;As pessoas fazem cotação e vão onde tem a melhor condição, como casas que oferecem o chopp em dobro. A partir desses fatores, decidem onde ir;, explica Mauro.
Mesmo com o aumento do público, o empresário não viu a necessidade de ampliar o número de trabalhadores. ;Mantivemos o quadro mesmo diante da crise, porque se leva muito tempo treinando uma pessoa para, depois, demiti-la. Por isso, há mão de obra suficiente;, garante.
Mas ele pode ser exceção. Segundo o presidente do Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de Brasília (Sindhobar), Joel Antônio da Silva, para o ramo de bares e restaurantes, em média 500 pessoas devem ser chamadas como temporários para este fim de ano. ;Os donos de bares e restaurantes contratam temporários apenas para esse período de festas. Este foi um ano estável para o ramo, em comparação com 2016, quando o setor passou por um momento mais difícil. A maioria dos empresários do setor empacou em 2017;, afirma Silva.
[SAIBAMAIS]Para dar conta da alta demanda de fim de ano, o sócio-diretor da Belini Pães & Gastronomia, Luiz Guilherme Carvalho, contratou funcionários temporários. ;As duas primeiras semanas de dezembro são muito movimentadas devido às reuniões de amigos e colegas de trabalho. Além disso, temos as demandas de entregas para a ceia de natal;, conta. Para garantir a clientela, Luiz investiu em pacotes especiais de bufê. ;Neste ano, mesmo com a crise econômica, percebemos que as reservas não diminuíram. Nossa aposta é de que as pessoas não se importam em gastar para garantir bons momentos no fim de ano.;
Driblando a crise
Para aqueles que não querem gastar tanto, como o grupo de colegas de Clarissa de Lima, 19, bares populares, como o Simpsons, na 307 Sul, são a escolha ideal. ;Passamos no vestibular de medicina e decidimos marcar uma confraternização para nos conhecermos melhor e comemorarmos a aprovação;, afirma. Para fazer a festa, só foram necessários vários litrões de cerveja e uma porção de batata frita. ;Não queríamos algo chique, então, decidimos fazer um esquenta aqui e emendar em uma festa;, diz Clarissa.
Embora tenha sido um ano mais tranquilo para os bares e restaurantes em relação a 2016, muitos estabelecimentos fecharam as portas em decorrência da crise. Para manter o equilíbrio do segmento, medidas tiveram de ser tomadas pelos empresários. ;Houve um processo de demissão de pessoas que não eram tão qualificadas. Outra forma de driblar a crise foi criar promoções como o sistema de chopp duplo e controle de desperdício;, explica o presidente do Sindhobar.
Apesar das dificuldades, Rodrigo Freire, presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes do Distrito Federal (Abrasel-DF), avalia que este foi um ano bom. ;Eu acho que 2017 foi um ano melhor, porque, ao menos, a expectativa melhorou. A gente voltou a ter uma luz;, afirma.
Nem todos os estabelecimentos conseguem manter o pique após 24 de dezembro. Depois do Natal ocorre uma redução de público em bares e restaurantes, mas, mesmo assim, neste ano, a expectativa está melhor do que a do ano passado. ;Apesar de dezembro ser bom, perdemos muito na última semana do mês e na primeira semana de janeiro. Além disso, o fluxo de caixa está sempre comprometido, por conta do 13;;, destaca Freire. Colaborou Isa Stacciarini