Bruno Lima - Especial para o Correio
postado em 23/12/2017 15:48
Uma semana depois de perder o filho em um acidente de trânsito, o pai de Ailton da Silva Assis, 31 anos, disse que perdoa o motorista que provocou o desastre. "Eu perdoo porque meu filho tinha um coração muito bom e, se tivesse sobrevivido, era o que gostaria que eu fizesse", disse Domingos Assis, 55, neste sábado (23/12).
A declaração foi feita durante uma passeata em Ceilândia Norte que, na tarde deste sábado (23/12), reuniu familiares e amigos de Ailton, que, muito comovidos ainda, pediram por justiça e mais civilidade no trânsito. A manifestação ocorreu na Praça da Bíblia, próximo ao local da tragédia.
Ailton voltava da igreja no último domingo (17/12) com a família, quando teve o carro atingido pelo veículo de Emanuel Batista de Sousa, 34 anos. Durante nove horas, ele lutou pela vida, mas não resistiu às fraturas múltiplas. A esposa dele, Thaynã Carvalho, 27 anos, continua internada no Hospital Anchieta, onde já passou por duas cirurgias. O filho do casal, um bebê de 1 ano, também estava no carro e se recupera do acidente, segundo familiares.
Emanuel, que dirigia alcoolizado uma caminhonete Frontier, foi submetido ao teste do bafômetro ainda no local. O resultado apontou a presença de 1,24mg de álcool por litro de ar expelido dos pulmões ; quatro vezes mais que o limite de 0,33mg/L considerado crime. Ele ficou detido na Delegacia de Polícia Especializada (DPE). Após pagar fiança, foi liberado no dia seguinte.
"Nossa família não terá Natal"
[SAIBAMAIS]De acordo com a irmã da vítima, Aline da Silva Assis, a viúva se recupera bem, mas está muito abalada com o que aconteceu. "A nossa revolta é saber que ele já está solto. Nossa família não terá Natal nem ano-novo, enquanto ele vai poder comemorar essas datas em liberdade", criticou.
Pastor na igreja que Ailton frequentava, Willian Luiz de Souza é uma das últimas pessoas que o viu com vida. "O mais difícil é conviver com a impunidade. Nós estávamos velando o corpo dele quando recebemos a notícia de que o outro motorista tinha sido solto. É uma perda muito grande para todos. Ele tinha muita alegria de viver", lamentou.
Emanuel deve responder por homicídio com dolo eventual, quando não há intenção de matar, mas se assume o risco ao adotar determinada conduta.