Cidades

Instituições intensificam pedidos de doação de sangue e leite materno

A doação de sangue e de leite são gestos de solidariedade ao próximo. Em época de férias, o auxílio costuma entrar em baixa. Para manter os estoques, responsáveis pelos bancos reforçam a importância de a ajuda não ser esquecida

Augusto Fernandes
postado em 25/12/2017 06:00 / atualizado em 14/10/2020 12:33


Doar pode salvar vidas. Apesar de muitos saberem disso, não são todos que se interessam em se tornar doadores, ainda mais com o fim do ano batendo à porta. Com as férias se aproximando, o período impacta na quantidade de pessoas que reservam um momento para praticar o ato de solidariedade, afinal muitos viajam ou passam mais tempo com a família. Sabendo disso, instituições que recebem doações de sangue e de leite humano pedem à população que considerem a importância do ato, mesmo nesta época do ano.

De acordo com a chefe do núcleo de coleta da Fundação Hemocentro de Brasília, Thays Borba, mesmo com o estoque da instituição em níveis satisfatórios, as doações sempre são indispensáveis. “Todos os doadores são bem-vindos e todas as tipagens sanguíneas são necessárias para a manutenção do nosso estoque”, assegura.

Saiba Mais

Do início do ano até 20 de dezembro, o Hemocentro registrou 51.895 doações efetivadas. Durante o ano de 2016, foi de 57.794. A média mensal da instituição é de 5 mil doações, mas em dezembro, até o momento, foram recebidas 2.680.



Thays esperava a redução e informa que o Hemocentro se prepara para essa época do ano. “Além das férias, estamos em um período chuvoso, o que dificulta o acesso. Por isso, trabalhamos nos meses anteriores com campanhas para captação de doadores, a fim de manter o nosso estoque”, diz. De qualquer forma, ela reforça o pedido à população. “O meu recado para as pessoas é: por favor, passem aqui antes de viajar!”, solicita.

Quem também faz um apelo para a sociedade é a coordenadora dos Bancos de Leite Humano (BLH) do Distrito Federal, Miriam Santos. Apesar de mais litros terem sido doados em 2017, em comparação ao ano passado, ela estima que os números precisam aumentar. “Todas as mães são potenciais doadoras”, lembra.

O banco de leite recebeu 15,1 mil litros, o que possibilitou alimentar mais 9,6 mil crianças até novembro

Nos 11 primeiros meses deste ano, 9.676 crianças foram alimentadas com leite materno doado. No mesmo período, foram recebidos 15,1 mil litros de leite, 400 litros a mais do que de janeiro a novembro de 2016. A expectativa de Miriam é superar os 15,8 mil litros recebidos no ano passado. Para isso, deve ser mantida a média mensal de 1,5 mil litros.

Para que o número seja alcançado, Miriam espera a contribuição de novas doadoras.  Até novembro, 5.285 mulheres auxiliaram os BLH. Segundo a coordenadora, informações desencontradas atrapalham a participação das lactantes. “A maioria acha que tem que doar de dois a seis potes por semana, enquanto o suficiente é apenas um, de 300 ml. Essa quantidade serve para alimentar 10 crianças”, cita.

Além disso, Miriam comenta que alguns mitos se tornam empecilhos. “Há quem ache que se doar, vai faltar alimento para o seu bebê. Na verdade, a produção de leite aumenta a partir do momento em  que a mulher que está amamentando retira o alimento”, observa.

Da mesma forma, a falta de esclarecimentos sobre a doação de sangue costuma retrair a captação. “Divulgam que a agulha é muito grande e o processo, bastante dolorido. Isso é mito.  A agulha usada é igual às utilizadas em exames laboratoriais. Outros dizem que a doação faz mal, que o sangue ficará mais grosso ou fará falta. Nada disso é real”, esclarece Thays.

“Todas as células que nós perdemos, o organismo trabalha para recompor. Por isso, os homens devem esperar 60 dias e as mulheres, 90 para voltarem a doar. O doador também conta com um controle periódico da sua saúde. “Nós coletamos amostras para sabermos se a pessoa está ou não com doenças no sangue”, destaca.

Tanto para Thays quanto para Miriam, doar deveria ser uma cultura em nosso país. “Algo que as crianças aprendessem desde pequenas:  se algo que não me faz falta, eu entregar para quem precisa”, defende Miriam.

Felicidade

No ano passado, entre janeiro e julho, a psicóloga Mariana Leão, 29 anos, decidiu doar leite. Após virar mãe, em novembro de 2015, ela esperou se sentir recuperada do parto. “Eu doava toda semana cerca de 750 ml. Antes, eu tinha receio, mas, após começar, o sentimento era de felicidade por ajudar crianças que estavam precisando”, afirma.


Outra doadora é a empresária Damiana Rodrigues, 44. Ela ficou impressionada com quantidade de crianças que precisavam do alimento e recomenda: “Se você tiver leite sobrando, doe”.

Desde jovem, o vigilante Wesley de Souza, 36, vai com regularidade ao Hemocentro. Sua primeira doação foi aos 18 anos. “O que eu puder fazer para ajudar um desconhecido, eu farei. Pode ser que amanhã, meu filho ou um parente precisem de sangue. As pessoas deveriam pensar nisso”, avalia

A professora Selena Couto, 29, compartilha do mesmo pensamento. Ela doa sangue três vezes por ano. “Não dói nada. Todos deveriam se colocar no lugar do outro, pois um dia  podemos ser nós a precisarmos de uma transfusão”, avalia.


A maioria acha que tem que doar de dois a seis potes por semana, enquanto o 
suficiente é apenas um, de 300 ml. Essa quantidade serve para alimentar 10 crianças”

Miriam Santos, coordenadora dos Bancos de Leite Humano do DF


5,2 mil
Número de mulheres que doaram leite para o Banco de Leite Humano do DF

51,8 mil
Número de doações de sangue registradas no Hemocentro até 20 de dezembro
 
 

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