Sarah Peres - Especial para o Correio
postado em 10/01/2018 06:00
Faça sol ou chuva, para a criançada não existe tempo ruim. As brincadeiras ao ar livre abrem horizontes para os pequenos que, muitas vezes, se esquecem do celular, do tablet e da televisão para aventuras e jogos nas ruas ou nas areias dos parques de Brasília, principalmente neste período de férias.
Júlia Borges Ferreira, 4 anos, é estimulada pelos pais a aproveitar a infância com brincadeiras ao ar livre, seu passatempo favorito. ;Gosto muito de ir aos parquinhos e de brincar na areia com meus pais;, diz, animada, a filha mais velha de Anna Paula Borges Resente, 26, e de Rafael Franco Ferreira, 28.
Acompanhada da irmã de apenas nove meses, Lara curtia o ;mundo; do Parque Ana Lídia, no centro do Plano Piloto. As duas meninas se divertiam com a areia, fazendo pequenos montes com a ajuda de brinquedos de plástico.
[SAIBAMAIS];Júlia brinca no celular, mas com limite, pois acredito que passar muito tempo no aparelho prejudica o crescimento e a visão das crianças. Na nossa época, brincávamos ao ar livre e, hoje em dia, as crianças não fazem tanto isso;, afirma a mãe, Anna Paula, que mora em Samambaia Norte. ;A gente tenta conciliar a tecnologia e as brincadeiras mais tradicionais;, complementa o pai, Rafael Franco, bombeiro civil.
Mas é na escola que as crianças mais interagem com brincadeiras lúdicas. Como confirma o estudo da professora Ingrid Wiggers, coordenadora do Grupo de Pesquisa Imagem, vinculada à Faculdade de Educação Física (FEF) da UnB. ;As brincadeiras tradicionais são uma forma de socialização e conhecimento da cultura na qual essas crianças estão inseridas. É um espaço onde elas aprendem a conviver com a diferença, a negociar regras em grupo e, enfim, experimentar a tolerância;, afirmou Wiggers.
O laboratório da pesquisadora foi a sala de aula. Lá, pediu para 145 crianças desenharem sua diversão favorita. A maioria (40%) usou a folha em branco para desenhar brincadeiras, como pular corda. Em segundo veio o esporte, como natação e futebol (30,4%), as opções midiáticas ficaram em terceiro (11,4%). Outras atividades ficaram com 18,2%. A pesquisa foi realizada em seis escolas públicas, distribuídas pela Asa Sul, Asa Norte, Ceilândia, Riacho Fundo II, Arniqueira e São Sebastião.
Melanie Sofia Gonçalves, 10 anos, moradora de Vicente Pires, se interessa por jogos de celulares e de tablets, embora a paixão seja mesmo estar acompanhada das colegas. ;Prefiro brincar com minhas amigas, porque é mais legal do que ficar só olhando uma tela da tevê ou do celular;, emenda com convicção, enquanto passeava com as amiguinhas no Parque Ana Lídia em companhia da mãe, Viviane Gonçalves, e do pai Everealdo Gomes da Silva. As brincadeiras favoritas são cobra-cega, pique-pega e escalada.
Em um momento de diversão em família, Arthur Gonçalves Duarte, 8, morador de Taguatinga Sul, se equilibrava em cima de um skate longboard, a fim de aprender manobras radicais. ;Gosto de brincar ao ar livre;, diz, ao lado da mãe, Thálita de Mendonça Gonçalves Duarte. As atividades favoritas do pequeno Arthur são andar de skate, bicicleta e jogar bete latinha;, disse.
A preferência pelas brincadeiras tradicionais varia conforme a faixa etária da criançada, diz a professora Ingrid Wiggers. ;Quanto mais velha a criança, maior será o interesse pelos jogos midiáticos. Todavia, é importante delimitá-las e permeiá-las com brincadeiras tradicionais, misturando elementos dos dois, reproduzindo, desse modo, uma cultura infantil própria;, observa.
Cobra-cega
Também é chamada de cabra-cega, pata-cega ou galinha-cega. É preciso de, no mínimo, três pessoas. Basta uma venda para colocar nos olhos de um dos participantes, que será a cobra-cega e começar a diversão. A atividade consiste em a cobra-cega pegar um participante, que, após ser tocado, assume o posto de quem a pegou, e assim sucessivamente.
Bete latinha
Pode-se chamar bete, simplesmente. É necessário quatro crianças, dois tacos (que podem ser feitos com cabos de vassoura), uma bola de tênis ou de borracha, duas latas ou garrafas para a base e um giz, carvão ou pedaço de tijolo para marcar o chão. As crianças se dividem em dois times e desenham círculos para cada um, com uma distância mínima de 10 metros. O objetivo dos lançadores de bola é derrubar a latinha do adversário, enquanto o denfensor usa o bastão para rebater a bola e evitar os pontos do time contrário. O jogo acaba com 24 pontos.