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Mesmo após 4 anos sem investimentos do governo, luta pelo samba continua

A crise dos desfiles das escolas de samba do Distrito Federal se arrasta há quatro anos. Apesar da falta de previsão de investimento do governo, organizadores acreditam em um retorno das apresentações de rua



A secretária adjunta de Cultura, Nanan Catalão, explicou que o problema maior é a falta de proposta para a contratação da empresa que cuidará da festa. ;Recebemos apenas uma e insuficiente;, disse. Segundo ela, o auxílio privado é bem-vindo. ;Porém, é mais importante ainda que as empresas venham com propostas relevantes, bem como justo com o ganho privado de publicidade, isso em relação ao valor que esteja disposto a investir;, concluiu.

Recomeço

Nesse tempo, a Aruc, que completa 57 anos em 2018, tenta se manter em atividade. Moacyr Oliveira, no quinto mandato à frente do grupo, diz que depender apenas de verbas públicas não adianta. É preciso formar um novo modelo de carnaval. ;Vi isso tudo sair do papel, tudo ser construído. Mas, assim como o mundo, o carnaval necessita se reinventar. Por conta desse tempo sem samba, não tem como voltar aos velhos tempos. É um recomeço;, avaliou.

Os quatro espaços da Aruc ; galpão de ensaio, confecção de carros alegóricos, lazer e eventos ;, distribuídos em uma área de 32 mil metros, estão vazios. ;Nessa época, estaríamos correndo com os preparativos. Hoje, nem fantasias temos para contar história, mas quero que o samba volte;, ressaltou Moa. Para os desfiles, a escola contava com uma equipe de mais de mil pessoas, entre costureiras, músicos, coreógrafos e desenhistas. Hoje, há 50.

Por causa disso, a Aruc mantém parceria com blocos de rua. Neste ano, o grupo do Cruzeiro desfilará com o Suvaco da Asa, as Virgens da Asa Norte e o Fio Desencapado. ;Não é pela crise. Essa polêmica de que carnaval em Brasília é só bloco não existe. Os organizadores que nos procuraram. E a parceria vai continuar;, reforçou Moacyr. A Aruc também se prepara para se apresentar no evento organizado pelo governo.

Outra tradicional escola de samba que marcará presença na Torre de TV em 2 de fevereiro é a Acadêmicos da Asa Norte, que faz a alegria dos brasilienses há 49 anos. Entre 2012 e 2014, sagrou-se tricampeã da folia candanga. Porém, o presidente da agremiação, Jansen Melo, está preocupado com o futuro das escolas brasilienses. ;Nem o GDF em si, muito menos a Secretaria de Cultura, nos deram mais atenção;, reclamou. ;Contratamos muita gente. Tínhamos até uma equipe de costureiras que cuidavam das fantasias na Estrutural. Hoje, dependemos de eventos que não suprem as necessidades;, lamentou.

Desfile

As seis escolas tradicionais que se apresentarão são: Acadêmicos da Asa Norte, Águia Imperial de Ceilândia, Aruc do Cruzeiro, Bola Preta de Sobradinho, Império do Guará e Unidos da Vila Planalto/Lago Sul. A escolha das escolas foi feita pelo Governo do Distrito Federal. O motivo de ter apenas seis escolas, segundo o Executivo local, é o limite de verba.