Cidades

Governo promete começar a captar água de Corumbá IV até dezembro

Obras estão 72% concluídas, segundo a Caesb. Governos do DF e de Goiás esperam que o sistema seja entregue até o fim do ano

Pedro Grigori - Especial para o Correio
postado em 17/01/2018 11:51
Reservatório vai abastecer parte Sul do DF, além do Entorno

O início da captação de água da usina de Corumbá IV, principal projeto de combate à crise hídrica vivida pelo Distrito Federal, deve ocorrer até dezembro. Cerca de 13 anos após a execução do projeto, a Companhia de Saneamento Ambiental (Caesb) anunciou que a obra está 72% concluída. Um ciclo de paralisações de quase uma década levou aos sucessivos adiamentos da entrega.


Nesta quarta-feira (17/1), os governadores Rodrigo Rollemberg, do Distrito Federal, e Marconi Perillo, de Goiás, acompanhados dos ministros das Cidades, Alexandre Baldy, e da Secretaria-Geral da Presidência da República, Moreira Franco, fizeram vistoria nas obras da Estação Elevatória Valparaíso e da Adutora de Água Tratada, que fazem parte do Sistema Produtor de Água de Corumbá IV. Segundo Rollemberg, o prazo para a finalização do sistema termina em 30 de dezembro, mas está sendo trabalhado para que a entrega ocorra antes dessa data, nos primeiros meses do segundo semestre deste ano.

Mapa mostra como funcionará o sistema Corumbá
Com a execução de Corumbá IV, o governador do DF afirma que serão resolvido os problemas de crise hídrica em Brasília pelos próximos 30 anos. "Quando assumimos o governo, há 16 anos, não se fazia investimento em captação de água no DF. Bastaram três anos seguidos com o volume de chuvas abaixo da média histórica para que Brasília vivesse a maior crise hídrica da sua história. Apenas no último ano, entregarmos duas obras de captação e uma outra de captação e tratamento, que, juntos com a entrega de Corumbá IV, resolverão os problemas de abastecimento do DF", afirmou.

O Lago Corumbá, com 173 quilômetros quadrados, tem capacidade para abastecer até 1,3 milhões de pessoas. O valor para a realização da obra é de R$ 550 milhões. Em um primeiro momento, 2,8 mil litros de água por segundo serão captados do reservatório, metade da captação irá para Goiás e a outra, para o DF. Além do Entorno, em um primeiro momento, o reservatório abastecerá Gama, Santa Maria e Recanto das Emas, regiões mais próximas do sistema, o que diminuirá o preço no transporte da água.

A expectativa é que a captação no lago seja dobrada para 5,6 mil l/s com o passar do tempo, pois a outorga permite a retirada de até 8 mil l/s do manancial. "Atualmente, 3,2 mil litros de água são retirados por segundo do Descoberto, que abastece um terço do DF. Com mais 2,8 mil litros de água por segundo, a situação hídrica do DF ficará bem mais confortável", afirmou Rollemberg

A elevatória no Valparaiso, parte do projeto que recebeu a inspeção dos políticos, tem o objetivo de bombear água captada no Lago de Corumbá IV e tratada na Estação de Tratamento de Água (ETA) Corumbá para que seja transferida, por meio da adutora em obra, para o Centro de Reservação de Santa Maria, de onde será distribuída para várias cidades do DF. Essas duas obras somam um valor de R$ 70,52 milhões e estão previstas para serem concluídas até o fim de abril.
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Racionamento completa um ano


Nesta terça-feira (16/01), completou-se um ano desde o início do racionamento de água nas regiões abastecidas pelo reservatório do Descoberto. A medida atingiu mais de 1,6 milhão de brasilienses em um primeiro momento e, no mês seguinte, foi expandida para as demais cidades abastecidas pelo sistema Santa Maria/Torto. Durante a visita à nova obra de captação, a data não foi esquecida por Rollemberg. "Mesmo sendo duro, o racionamento trouxe resultado. Quando começamos com o corte, em 2017, o nível do Descoberto era de 19%. Hoje, um ano depois, com apoio da população e ajuda de São Pedro com a chuva, dobramos esse nível, chegando a mais de 39% da capacidade total".

Problemas


[SAIBAMAIS]A última paralisação na obra de captação de Corumbá IV ocorreu em agosto de 2016, quando o Ministério Público Federal em Goiás (MPF/GO) e a Controladoria-Geral da União questionaram, via Operação Decantação, os valores superfaturados das bombas de captação da água. O parecer do MPF/GO indicava sobrepreço de 388% e recomendava ao Ministério das Cidades que suspendesse os repasses.
As obras foram retomadas em setembro de 2017, no auge da crise hídrica, quando o Ministério das Cidades voltou a repassar os recursos para a continuação da obra após um acordo assinado entre as empreiteiras envolvidas, os órgãos de transparência e controle e a empresa que vendeu as bombas. Por fim, o preço dos equipamentos foi reduzido para menos da metade: de R$ 34,9 milhões para R$ 15,4 milhões.

Enquanto o status das obras sobe a passos lentos, o número de chácaras e condomínios irregularidades e regularizados próximos ao espelho d;água do Lago Corumbá só se multiplicam. Na série de reportagens Brasília na seca ; um ano sem água, publicada pelo Correio em dezembro de 2017, foi mostrado o aumento do movimento imobiliário na orla do lago em Alexânia. Pelo menos sete condomínios já são regulamentados, e muitos abrigam mais de 50 terrenos. Especialistas alertam que a atividade pode diminuir o tempo de vida útil do reservatório.

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