Lucas Vidigal - Especial para o Correio
postado em 18/01/2018 09:52
Uma mulher de 20 anos foi vítima de tentativa de feminicídio na noite de quarta-feira (17/1), no Riacho Fundo II. De acordo com uma testemunha ouvida pelas polícias Civil e Militar, o agressor, um homem de 22 anos que vivia com a jovem, atingiu a cabeça dela com socos, pontapés, joelhadas e pisões. Isso foi o suficiente para os investigadores concluírem que ele tentou matar a moça.
A testemunha também relatou aos policiais que, mesmo com a mulher caída chão, o acusado continuava a agredí-la. O homem teria, também, desferido golpes contra o abdômen da jovem. Segundo a Polícia Civil, a vítima tinha dado à luz um bebê há menos de dois meses.
Não se sabe aonde a criança foi levada nem se ela é filha do agressor. A vítima, até o início da manhã, continuava internada no hospital.
Preso em flagrante, o agressor ainda xingou a testemunha e a ameçou de morte. Depois de detido na 27; Delegacia de Polícia (Recanto das Emas), o acusado foi encaminhado à carceragem da Polícia Civil. Ele deve responder por injúria, ameaça e tentativa de feminicídio. Se condenado, pode pegar 21 anos de prisão.
Feminicídio chocou o Riacho Fundo em 2017
O Riacho Fundo II, mesma cidade onde ocorreu a tentativa de feminicídio na quarta-feira, foi palco do cruel assassinato de uma mulher de 38 anos pelo marido, em setembro do ano passado. Ele é acusado de atear fogo na vítima em frente à sobrinha do casal, uma menina de 4 anos.
Por causa da gravidade do caso e por envolver uma menor de idade, a identidade da mulher e do assassino permanecem em segredo. De acordo com as investigações da 29; Delegacia de Polícia (Riacho Fundo), o homem aproveitou um momento de distração da vítima e jogou álcool sobre ela.
Ao ligar o fogão, as chamas consumiram a mulher, que ficou com 48% do corpo queimado e morreu no Hospital Regional da Asa Norte (Hran). Preso, o acusado vai a júri popular e responde por feminicídio qualificado. Se condenado, pode passar 30 anos atrás das grades.
Mais de um caso de feminicídio por mês no DF
Os dados mais recentes da Secretaria de Segurança Pública e da Paz Social (SSP/DF) mostram que, de janeiro a setembro do ano passado, 14 mulheres morreram vítimas de feminicídio no Distrito Federal. Não há balanço, por enquanto, dos meses seguintes.
[SAIBAMAIS]Apesar de o levantamento revelar dois casos a menos em relação ao mesmo período de 2016, os números mostram que há mais de uma morte de mulher por ser mulher a cada mês.
O dado é a ponta do iceberg da violência contra a mulher, cujos números são ainda mais alarmantes segundo a SSP/DF: a pasta registrou 10.810 casos enquadrados na Lei Maria da Penha somente entre janeiro e setembro de 2017, cerca de 7% a mais do que o registrado no mesmo período no ano anterior.
A maior parte dos casos, segundo o levantamento, é de violência moral (69,9%), em que entram queixas de ameaça, por exemplo. A violência física responde por 52,6% das denúncias.