Cidades

Mesmo com falhas, GDF lança aplicativo que rastreia ônibus do DF

Secretaria de mobilidade promete dar previsibilidade aos passageiros do transporte público. Porém, o serviço não detalha as linhas e ainda atende a menos da metade do sistema

Lucas Vidigal - Especial para o Correio
postado em 31/01/2018 11:37
Aplicativo mostra, com êxito, o tempo de espera até a chegada do ônibus. Faltam, porém, detalhes sobre as linhasUsuários do sistema de transporte público do Distrito Federal podem usar, a partir desta quarta-feira (31/1), o aplicativo %2b Ônibus, que diz, em tempo real, os horários de 989 ônibus de 319 linhas. Até maio, o sistema deve ser ampliado para todos os 2,8 mil veículos do DF. Porém, apesar de o secretário de Mobilidade, Fábio Damasceno, descrever o novo serviço como um "exemplo positivo", o sistema não detalha os itinerários das linhas e, até fevereiro, só funcionará para celulares com Android ou em desktop.


O Correio testou o novo aplicativo. O serviço realmente informa as linhas disponíveis na parada escolhida pelo passageiro, além de quanto tempo falta para cada ônibus chegar no ponto de origem do usuário, que deve informar qual o destino. No entanto, não há detalhes sobre todos os pontos por onde o veículo passa.

Outro problema é a dificuldade para se encontrar o aplicativo dentro da Play Store. O passageiro deve digitar " ônibus geocontrol". Não há resultados para buscas mais usadas, como "ônibus brasília" ou mesmo "ônibus GDF". Além disso, para usar a versão desktop, é preciso entrar no site oficial do Bilhete Único, algo pouco intuitivo para o público.
Segundo Damasceno, os ajustes no aplicativos devem ficar prontos em até 180 dias. A vantagem, afirmou o secretário, está na previsibilidade dos horários de passagem. "O usuário vai poder saber, com antecedência, os atrasos nas linhas. Além disso, ele não vai precisar se deslocar aos pontos muito antes de o ônibus passar", comentou.

O tempo real chega ao sistema graças a um GPS implantado nos cerca de 2,8 mil ônibus do sistema de transporte público do Distrito Federal. Por satélite, a informação chega aos centro de controle das empresas e da Secretaria de Mobilidade, que repassa a informação ao aplicativo.

[SAIBAMAIS]"Isso evita que dois ônibus da mesma linha cheguem quase ao mesmo tempo na parada", explicou Damasceno. De acordo com o secretário, as empresas que desrespeitarem o cronograma devem sofrer medidas punitivas, mas ele não especificou quais.

Caso haja algum problema no GPS, o histórico de passagem dos ônibus passa a imperar. Uma escala indica o grau de confiabilidade da previsão: quando verde, é maior a probabilidade de o veículo chegar à estação no horário previsto. Quando vermelho, o sistema ainda não apropriou por completo o itinerário. Além disso, segundo o governo, falhas podem ser comunicadas pela ouvidoria do GDF e da Semob.

Por enquanto, apenas ônibus da Piracibana e Marechal Brasília podem ser guiados pelo aplicativo. Até maio, as outras bacias do transporte público do DF entrarão no sistema.
Para o secretário de Mobilidade,

"Todos têm acesso à Internet"


De acordo com o governador Rodrigo Rollemberg, presente na cerimônia de lançamento do aplicativo no Palácio do Buriti, o novo serviço fará com que os passageiros economizem tempo. "O usuário vai poder ver quanto tempo falta para o próximo ônibus, e, assim, não precisará parar de estudar ou de trabalhar para esperar ainda mais tempo nas paradas", destacou.
Para o secretário Damasceno, as pessoas ficarão "menos expostas" ao não passar tanto tempo nas paradas, o que, segundo ele, reduzirá o total de crimes nas paradas. Em dezembro, uma onda de assalto a pontos de ônibus levou medo à população.

No entanto, somente os usuários dos aplicativos ou da versão para desktop terão acesso ao serviço. Quem não pode acessar a Internet continuará se deslocando às paradas sem saber quando passará o ônibus seguinte.

Isso porque, segundo Damasceno, não está prevista a instalação de mostradores eletrônicos ou mapas nos pontos do DF. "Trabalhamos com a Internet. Hoje em dia, todos têm acesso a ela, pelo celular ou no trabalho." Porém, de acordo com relatório de 2017 da Organização das Nações Unidas (ONU), menos de 60% dos brasileiros estão conectados à rede.

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