Lucas Vidigal - Especial para o Correio
postado em 06/02/2018 11:50
Um grupo acusado de vender drogas para servidores públicos foi preso na manhã desta terça-feira (6/2) na Operação Delivery, da Polícia Civil. A quadrilha mantinha um serviço de tele-entrega e possuia cerca de 50 clientes fixos. Eles telefonavam ou trocavam mensagens por celular com os traficantes, que entregavam a droga em frente aos edifícios. A quadrilha, segundo a corporação, fornecia, principalmente, cocaína em órgãos da administração pública, na Esplanada dos Ministérios. Os investigadores detiveram 23 acusados.
Segundo o delegado-chefe da 5; Delegacia de Polícia Civil (Área Central), Rogério Henrique Oliveira, uma ex-estagiária da Procuradoria-Geral da República, também detida, passava informações que ajudavam os clientes a não serem descobertos "Ela dizia aos compradores como levar a droga para dentro dos órgãos sem ser percebido e como era melhor carregar pouca quantidade para não levantar suspeitas", explica.
Os clientes, segundo Oliveira, são pessoas de alto poder aquisitivo. Entre os presos, há, inclusive, o motorista do deputado federal Valadares Filho (PSB/DF). Por telefone, a assessoria de gabinete do parlamentar confirmou ao Correio que o servidor foi exonerado ainda nesta tarde.
"Até pelo alto poder aquisitivo, eles não achavam que seriam presos. Então, deixavam escapar as informações durantes as conversas, o que ajudou nas nossas investigações", comenta. A cocaína era vendida por R$ 40 o grama. O haxixe, por R$ 20. A polícia ainda não contabilizou quanto a quadrilha lucrava.
O delegado afirma, ainda, que alguns dos envolvidos participavam de outros crimes. Junto com um dos detidos, a Polícia Civil apreendeu uma farda falsificada da Polícia Militar, um revólver e até um cassetete com taser na ponta.
Um ano de investigações
As investigações começaram em fevereiro do ano passado.Os suspeitos foram localizados em diversas partes do Distrito Federal, a maioria na Vila Planalto. Houve também mandados de busca e apreensão de dinheiro e drogas. Até o momento, a Polícia Civil não finalizou o balanço do quantitativo.
Apesar do longo tempo de investigação, a Operação Delivery ainda está no início. A expectativa da Polícia Civil é de que novos desdobramentos surjam ao longo das ações.
Alvos são os traficantes
Os policiais conduziram os detidos em celas separadas, duplas ou trios para a carceragem da 5; DP, que coordena as investigações. Ao todo, 300 agentes de diversas delegacias participaram da ação. Por enquanto, a Operação Delivery tem como alvo somente os fornecedores, e não os clientes do tráfico.