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Com 187 metros de altura, Cachoeira do Label tem a maior queda d'água de GO

Apesar de ser visitada por moradores da região desde 1980, a abertura ao público só ocorreu há menos de um mês, em 29 de janeiro: área ganhou trilha, sinalização, restaurante e espaço para camping

Jéssica Eufrásio*
postado em 27/02/2018 06:00
O acesso à cachoeira exige uma caminhada de dificuldade moderada, mas a beleza compensa

Agora, amantes do turismo de aventura do Distrito Federal e de Goiás podem aproveitar para conhecer um local de beleza quase que inexplorada e recentemente aberto à visitação. O destino é a Cachoeira do Label, que tem ganhado fama por ser a maior do estado goiano e por estar entre as seis maiores do país. Com cerca de 187 metros de altura, ela supera em 19 metros o Salto do Itiquira, considerado, até então, a mais alta queda-d;água de Goiás.

A cachoeira fica na Reserva Bellatrix, uma área Particular do Patrimônio Natural (RPPN) localizada a 25km do município de São João d;Aliança, na região da Chapada dos Veadeiros. A pequena cidade fica a cerca de 150km de Brasília. Apesar de ser visitada por moradores da região desde a década de 1980, a abertura ao público só ocorreu há menos de um mês, em 29 de janeiro. A fazenda onde a cachoeira se localiza foi comprada em 2016 e transformada em uma reserva. Nos últimos dois anos, a área ganhou trilha, sinalização, restaurante e espaço para camping, exatamente para atrair turistas.

O trajeto até lá começa no município de São João d;Aliança, o mais próximo de Brasília entre os sete que compõem a região da Chapada dos Veadeiros. O acesso se dá pela BR-020, sentido Planaltina, e pela GO-118 (ou BR-010, na Rodovia Belém-Brasília). A partir dali, o caminho é por estrada de terra até a Reserva Bellatrix. O percurso pode ser feito por qualquer tipo de veículo, mas carros muito baixos podem ter dificuldade com as irregularidades do terreno em alguns trechos.

De acordo com Marcello Clacino, um dos proprietários da fazenda, o acesso da reserva à cachoeira exige uma caminhada de 1,8km. A trilha tem dificuldade moderada e, apesar de os últimos 200 metros serem um pouco mais complexos, não há maiores obstáculos para pessoas acompanhadas de crianças. O percurso não é recomendado para turistas com problemas de locomoção.

Com a abertura para visitação, Marcelo quer tornar o local popular, mas mantendo a região preservada. ;Esta área fazia parte dos atrativos da Chapada dos Veadeiros, mas era meio abandonada. Nosso trabalho é para promover o turismo sustentável e a preservação da área;, comentou. De acordo com ele, serão instalados equipamentos para segurança em turismo de aventura, além de serem feitos o levantamento de espécies nativas e vegetais úteis e o reflorestamento da margem do rio.

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Experiências


Servidor público e morador do Sudoeste, Wagner Vilella, 48 anos, decidiu conhecer a cachoeira há cerca de duas semanas. Ele conta que soube do atrativo turístico em alguns grupos sobre trilhas no Facebook. Em 17 de fevereiro, ele saiu de Brasília, por volta do horário de almoço, com um casal de amigos e voltou para a capital no fim da tarde. Wagner relata que a experiência foi boa e que a cachoeira é uma ;joia revelada na Chapada;. ;Ela é lindíssima. Na parte baixa, há poços onde até crianças podem nadar. A trilha também é muito acessível e tranquila para se fazer a pé e a vegetação nativa é espetacular;, elogiou.

Para Wagner, uma das principais diferenças entre a Cachoeira do Label e outras na região da Chapada dos Veadeiros é a preservação. Ele opina que há algumas muito exploradas, comprometendo a preservação delas. ;O que vi de interessante na Label é a proposta de utilizar o espaço para preservar o meio ambiente na região;, comparou.

Mecânico de aviões, o carioca William Class, 28, soube da queda d;água pelo Instagram. Ele conta que havia visitado a Chapada dos Veadeiros outras três vezes e que em nenhuma delas chegou a conhecer a atração. ;É a maior cachoeira que já vi na minha vida. Foi a minha quarta vez na Chapada e fiquei impressionado ao conhecer a Label;, assegurou.

A maior cachoeira de Goiás


O Salto do Itiquira perdeu o posto de maior cachoeira de Goiás por acaso. Há mais ou menos 15 anos, o guia turístico e fotógrafo Ion David Zarantonelli sobrevoou a área com um grupo de pessoas para fazer imagens aéreas da Serra do Paranã, onde fica a Cachoeira do Label. Dias depois, Ion David e um grupo de guias da Chapada dos Veadeiros decidiram fazer o reconhecimento da região por terra, mas a descoberta da altura da queda só ocorreu no ano passado.

O fotógrafo, junto com praticantes de rapel, desceu pela cachoeira. A altura da queda d;água foi determinada com base na medida das cordas usadas para a atividade. ;À época, seguimos o curso do rio e, depois de descermos, aferimos 187 metros. Até então, a maior era o Salto do Itiquira, com 168 metros de altura e que fica na mesma serra. Pode acontecer de haver outras maiores na mesma região que ainda não foram medidas ou descobertas, mas essa é a maior medida entre as de Goiás;, afirmou Ion David.

Turismo


Para o gerente de projetos e produtos turísticos da agência estadual Goiás Turismo João Lino, o atraso na medição do porte da cachoeira se deveu ao fato de ela ter sido pouco explorada para visitação. ;Com a abertura para expedição e explorações, conseguimos essa confirmação. O Salto do Itiquira é uma cachoeira de fácil acesso, então ela ficou como a mais alta do estado de Goiás por muito tempo;, acrescentou.

Do ponto de vista turístico, além de permitir que mais pessoas visitem a cachoeira, a abertura deve contribuir com a economia do município de São João d;Aliança. ;É um ganho principalmente para o município, que ainda está iniciando o processo de desenvolvimento da atividade de turismo, ecoturismo e turismo de aventura;, observou João Lino.

O secretário de Turismo de São João d;Aliança, Geraldo Bertelli, destacou que a divulgação do município está aumentando. ;Nosso interesse é despertar nas pessoas a vontade de abrir pousadas, hotéis. Está difícil, mas, aos poucos, vamos resolvendo isso;, pontuou.

Apesar de ser visitada por moradores da região desde 1980, a abertura ao público só ocorreu há menos de um mês, em 29 de janeiro: área ganhou trilha, sinalização, restaurante e espaço para camping

* Estagiária sob supervisão de Margareth Lourenço (Especial para o Correio)

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