Passado o carnaval, os comerciantes do Distrito Federal esperam um ano melhor do que 2017, e foram justamente as estatísticas do último trimestre o motivo da expectativa positiva para 2018. A Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Distrito Federal (Fecomércio/DF) prevê crescimento de 3,5% nas vendas até dezembro.
;As estatísticas de dezembro foram superiores às de novembro. Percebemos que a curva passou a ficar ascendente;, explica o presidente da entidade, Adelmir Santana. As vendas cresceram 17,7% no último mês do ano em comparação a novembro.
Mesmo com a projeção positiva, Adelmir destaca que a recuperação é tímida, se comparada ao patamar de vendas em 2012 e 2013. ;O ano de 2017, por exemplo, registrou baixa de quase 6% em relação a 2016. A partir de agora, a expectativa é de que o fluxo seja melhor que o do ano passado, mas a base de comparação é ruim.; A Copa do Mundo e a definição do futuro político nas eleições têm potencial, na visão dele, de contribuir para a melhora do cenário.
;Uma possível mudança de governo pode influenciar a retomada da economia. Já com o Mundial, as pessoas provavelmente vão se preparar para acompanhar as partidas, aumentando o volume de vendas;, diz. Ele realça, no entanto, que os próprios comerciantes devem provocar as mudanças, com criatividade e inovação.
Sabendo disso, a gerente de uma loja de calçados Nilcelene Soares instrui os funcionários a oferecerem um atendimento de qualidade. ;Nosso trabalho precisa estar direcionado à necessidade do cliente. Não é só o preço;, conta. Para este ano, ela acredita que o volume de vendas na loja deva crescer 10%.
Os consumidores, contudo, ainda evitam projeções. O secretário parlamentar Arli Gois, 41 anos, prefere ser cauteloso. ;É claro que eu gostaria de poder fazer compras com mais regularidade, mas sou um consumidor sábio. O atual momento do comércio não é bom, e nós não podemos extrapolar. O jeito é se adaptar à situação. Sempre fazer pagamentos à vista, para não acumular dívidas e comprar quando necessário;, explica.
Na avaliação de Roberto Piscitelli, professor do Departamento de Ciências Contábeis e Atuariais da Universidade de Brasília (UnB), o evento esportivo e as eleições são fatores secundários. ;É bom que existam perspectivas otimistas, porque a economia se move também pelas expectativas. Porém, as quedas nas taxas de juros, facilidade de créditos, melhoria no mercado de trabalho são fatores muito mais fortes e importantes do que as eleições e Copa do Mundo. No entanto, esse tipo de promoção, marketing, pode, de fato, atrair consumidores e impulsionar alguns setores.;