Cidades

Sem vigilantes, brasilienses enfrentam transtornos no INSS e em bancos

No INSS, atendimentos ficaram restritos apenas a quem tinha agendamento prévio

Mayara Subtil - Especial para o Correio
postado em 05/03/2018 18:49
Greve será discutida ainda nesta segunda, durante assembleia da categoria

O quinto dia da greve dos vigilantes causou transtornos a quem procurou o Instituto Nacional de Seguro Social (INSS) e agências da Caixa Econômica e do Banco do Brasil na tarde desta segunda-feira (5/3). Com a paralisação, que se estende desde a última quinta-feira (1;/3), os serviços no INSS funcionaram apenas para quem havia agendado previamente. Nos bancos, apenas os caixas eletrônicos funcionaram. O destino da greve deve ser decidido ainda nesta segunda, durante assembleia da categoria.

[SAIBAMAIS]A analista de sistemas Odara Bernardes, 30 anos, foi uma das pessoas que não conseguiu atendimento no INSS. Ela, que sofre de Síndrome do Pânico, contou ao Correio que precisava fazer um pedido de auxílio-doença. A moradora da Asa Norte foi orientada por funcionários do Na Hora, na Rodoviária do Plano Piloto, a seguir para a Previdência Social na 502 Sul. "Porém, chegando aqui, falaram desse negócio de agendamento. E olha que tinha feito três prévios, mas, para eles, não serve. Alegaram falta de vaga e, por isso, fui barrada", contou a analista.

O servidor público Itamar Rodrigues, 65 anos, saiu de Ceilândia Norte somente para ver em qual fase está o pedido de aposentadoria. Ele também foi impedido de ser atendido por falta de agendamento. "Um absurdo isso tudo. Também fui primeiro ao Na Hora e me orientaram a vir aqui. Ninguém avisou de agendamento", desabafou.
Dona de casa Neide Leite, 53 anos:
A dona de casa Neide Leite, 53 anos, saiu de Samambaia, mesmo com problema na perna direita, para retirar um documento que a autoriza a obter o benefício do Passe Livre. Por não ter agendado, ela também foi barrada na porta. "Não posso ficar em pé por muito tempo e não houve aviso sobre isso. Os funcionários do Na Hora que me orientaram a vir aqui", explicou Neide. Apesar de entender os motivos de greve, ela lamentou o descaso com a população. "Não acho justo isso prejudicar quem mais necessita. Compreendo, mas é uma falta de respeito com a população", contou a mulher, aos prantos.

Bancos


Pelos bancos da W3 Sul, a principal reclamação foi sobre pagamento de contas e de dívidas. A dona de casa Eunice Oliveira, 56 anos, estava em uma agência da Caixa Econômica Federal, na 504 Sul. Ela tentou duas vezes quitar a conta do condomínio e não conseguiu. Como não havia quem a orientasse nas agências, chamou a filha, Suzana Oliveira, 26, para fazer o pagamento. Porém, nem ela conseguiu. "É frustrante, pois isso é um atraso de vida. Qualquer greve nos atrasa. Sei que eles têm direito total de reivindicar, mas quem paga o preço maior somos nós. Espero que tudo se resolva logo", disse a dona de casa.

Quem também precisava ser atendido na agência do Banco do Brasil, na 516 Sul, precisou exercitar a paciência. O motivo era a fila quilométrica que se formou para uso dos caixas eletrônicos. "O tempo de espera está infernal. Não consegui pagar a conta por não aguentar ficar aqui", contou o aposentado do serviço público Carlos Chagas Ribeiro, 71 anos.

O Sindicato dos Bancários de Brasília informou que nenhum banco deve funcionar sem o apoio de vigilantes, determinação expressa na Lei 7.102/83, de 20 de junho de 1983, que dispõe sobre segurança para estabelecimentos financeiros.

Para que a ordem judicial seja cumprida, os bancários notificaram as instituições e solicitaram que equipes da Polícia Federal fiscalizem o fechamento dos bancos. Em caso de descumprimento, o sindicato denunciará a agência. "O estabelecimento também corre risco de pagamento de multa. Se o sindicato localizar alguma agência aberta, o fechamento é feito na hora", explicou o porta-voz da entidade, Rafael Zanon.

Sem acordo


A primeira reunião para negociação entre o Sindicato de Empresas de Segurança do Distrito Federal (Sindesp-DF) e o Sindicato dos Empregados de Empresas de Segurança e Vigilância do Distrito Federal (Sindesv) terminou sem acordo.

A categoria determinou o início da greve em assembleia na noite da última quarta-feira, em reivindicação à concessão de reajuste salarial de 3,10% e aumento de 6,8% no auxílio-alimentação. Na reunião, a categoria profissional defendeu que as cláusulas não acordadas ou parcialmente acordadas da convenção coletiva fossem mantidas, de acordo com norma, que vigorou até dezembro de 2017.

O diretor de comunicação do Sindesv, Gilmar Rodrigues, informou que, até o momento, as empresas não entregaram a contraproposta sobre os reajustes. "Se forem sugestões suficientes e que a categoria aceite, a greve é finalizada. Tudo depende dos patrões", alegou Rodrigues.

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