Cidades

Conheça a companhia de palhaços que leva alegria e conhecimento a Samambaia

Grupo coordena e oferece projetos e atividades artísticas voltadas à comunidade

Suzanny Costa*
postado em 09/03/2018 17:50
Palhaços do Galpão do Riso
No começo dos anos 2000, a partir de uma iniciativa do ator João Porto Dias, nasceu um projeto de intervenção cultural que fornecia cursos de palhaços, teatro, composições de espetáculos, entre outros. Tudo começou em um pequeno espaço no Parque Três Meninas, em Samambaia Norte. Ali nasceu o Galpão do Riso. O projeto seguiu até 2003, quando o grupo teve de fechar o galpão, por estar em condições inadequadas de uso. Foi então que em 2006, João Porto fundou o grupo Nutra.

Em busca de um melhor espaço para seguir suas pesquisas,
que tiveram início na intenção de dar continuidade aos projetos de artes cênicas, o Galpão do Riso foi transferido para um Centro Comunitário que estava vazio à época. Localizado na Quadra 405 da Samambaia Norte, o espaço foi revitalizado e virou sede do grupo Nutra, que acabou sendo transformado em um centro de pesquisa, difusão e ensino da arte. O lugar também abriga projetos e atividades artísticas voltadas à comunidade. E desde então, o galpão tem sido palco para apresentações e oficinas de artistas nacionais e internacionais.
[FOTO1121707]

Além do fundador João Porto Dias e do administrador Adriano Porto, integram o grupo Nutra Teatro a atriz Paula Sallas ; Xicaxaxim e o ator André Muller ; Pocatelha. Além dos palhaços residentes, há a atriz Stephanie Marques, com sua personagem Corega, e Willy Costa com o Balofo.

Os artistas contam que a escolha do nome do palhaço não é algo tão simples. Segundo eles, o batizado acontece, geralmente, de estudos de comportamento. Xicaxaxim, por exemplo, vem dos cabelos cacheados de Paula Sallas e de releituras de personagens negros. Já o do palhaço Balofo remete à forma física de Willy Costa; e Corega, do sorriso marcante de Stephanie Marques. "Quando os nomes surgem, não é algo que ficamos super felizes em sermos chamados assim. São nomes que, por muitas vezes, machucam, mas nesse caso nos traz um estado diferente por ser do palhaço;, relata Paula.
[VIDEO1]
A primeira palhaça mulher no Brasil, Maria Eliza Alves, é referência predominante entre os atores. Paula se emociona a falar sobre a importância de Maria Eliza e das barreiras que enfrentou para dar espaço a outras mulheres, que usufruem, hoje, da dádiva de estar nos palcos circenses. Entre essas referências estão também outros grandes nomes, como Piolhinho, conhecido como o Chaplin dos picadeiros, palhaço Carequinha e o palhaço Xuxu.

A paixão dos atores pela comédia surgiu em meio aos estudos das artes cênicas na Universidade de Brasília (UnB). Contudo, foi no Galpão do Riso que essa paixão se aflorou, a partir dos cursos de palhaçaria oferecidos pelo espaço. "No teatro normal, você tem que demonstrar a mesma emoção todos os dias, em uma temporada inteira, independente de como você esteja. E o palhaço me possibilita ser eu todo o tempo. É um trabalho totalmente meu", contou Willy Costa.

Segundo os atores, apesar de toda felicidade estampada na cara dos personagens e de todo o glamour dos palcos, existe, ainda, um grande preconceito diante da profissão. "As pessoas têm dificuldade de aceitação ainda. Se você fala que é palhaço, elas ficam chocadas. Quando falo que sou palhaça, é ainda pior. Perguntam ;como assim? Mulher? Palhaça?;;, comenta Stephanie.

Entretanto, apesar de alguns contratempos, Willy, Stephanie e Paula se sentem extremamente privilegiados por terem o galpão para suas performances. "Ter o Galpão do Riso aqui, numa cidade satélite, é um lugar de afeto muito grande. Além de ser muito bom para a gente como artistas de satélite, ainda podemos proporcionar uma diversidade para as pessoas da região que talvez nunca pensariam em ter", revela Stephanie.

Serviço
Facebook: @gruponutra
E-mail: nutracontato@gmail.com
Galpão do Riso: Quadra 405, Área Especial 2, Samambaia Norte
* Estagiária sob supervisão de Anderson Costolli

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação