Walder Galvão - Especial para o Correio
postado em 21/03/2018 07:35
Um grupo de católicos de Formosa, município goiano distante cerca de 70km de Brasília, organiza manifestação em apoio as investigações do Ministério Público de Goiás (MPGO), que resultou na prisão de cinco padres, um bispo e mais três pessoas nessa segunda-feira (19/1). O protesto está marcado para acontecer às 11h, em frente ao órgão. Os presos são acusados de desviar mais de R$ 2 milhões das paróquias da região. O dinheiro vinha de doação de fiéis, casamentos e eventos realizados pelos templos.
Um dos organizadores do protesto, que preferiu não se identificar por medo de represália, diz que a população quer resposta sobre o caso. "Esse movimento é em apoio as investigações. Precisamos que tudo isso seja esclarecido e quem cometeu algum tipo de crime pague pelo que está devendo", comenta.
Ele ressalta que a mobilização começou por redes sociais e está sendo divulgada em grupos de Whatsapp. "Cada paróquia está fazendo seu papel. Ainda não temos uma estimativa de público, mas queremos reunir o máximo de pessoas que conseguirmos", afirma. "Nossa igreja tem padres bons. Não são poucos que podem estragar o que foi feito há muitos anos na cidade", reforça o homem.
Nessa terça-feira (20/3), o clima era de tensão em Formosa e muitos ainda buscavam respostas para o que estava acontecendo. O Correio esteve no município Goiano e procurou a Diocese, a Cúria, o seminário e a secretaria da Paróquia Nossa Senhora Imaculada Conceição, mas não conseguiu um posicionamento dos líderes religiosos. Eles afirmam que quem poderia dar respostas está preso.
Investigações
Até o momento, a apuração ds promotores goianos apresentou como provas um livro contábil, escutas telefônicas autorizadas pela Justiça, rastreio de contas bancárias e ao menos R$ 1,4 milhões apreendidos em imóveis e moeda nacional. Além disso, o órgão encontrou duas caminhonetes, joias, dezenas relógios, equipamentos importados e notas estrangeiras, que ainda estão sendo contabilizadas. Todos objetos apreendidos são de propriedade das nove pessoas presas na Operação Caifás. Entre os suspeitos estão cinco padres, o bispo José Ronaldo Ribeiro e outras pessoas atuantes nas paróquias.
O promotor à frente das investigações da 5; Promotoria de Justiça de Formosa, Douglas Chegury, explica que os acusados foram presos temporariamente, isso significa que ficarão no presídio da região por cinco dias, prazo que pode ser estendido por mais cinco. "Estamos tentando converter a prisão em preventiva, que não tem prazo determinado para soltura", reforça Chegury.
Na tarde dessa terça-feira (20/3), começaram as oitivas no Ministério Público de Formosa. Os promotores receberam um dos padres acusados de participar do esquema, Waldson José de Melo. Além disso, os dois empresários presos durante a operação também foram levados ao órgão, Antônio Rubens Ferreira e Pedro Henrique Costa Augusto. A dupla é investigada por servir de laranjas para os líderes religiosos. Nesta quarta-feira (21/3), mais pessoas devem ser ouvidas pela investigação.