Walder Galvão - Especial para o Correio
postado em 21/03/2018 14:20
Após a segunda oitiva com os acusados de desviar dinheiro de paróquias na região de Formosa, nesta quarta-feira (21/3), o advogado de defesa do grupo, Bruno Opa, afirmou que os bens confiscados e apontados como resultado de crime são "fruto de trabalho árduo dos padres".
"Temos como justificar todos os gastos", garantiu Opa, segundo o qual a defesa dos suspeitos está sendo feita por um grupo de advogados. Ele ressaltou que os outros representantes da defesa devem se reunir ainda nesta quarta para definir uma estratégia.
Segundo o promotor à frente do caso, Douglas Chegury, os acusados ouvidos até agora negaram as acusações e disseram várias vezes não se lembrar de fatos, numa tentativa, segundo o membro do Ministério Público de Goiás (MPGO), de não se complicarem mais. "Os depoimentos foram marcados por incoerências, inconsistências e contradições", ressaltou.
Reunião com fiéis
Após a oitiva, os promotores receberam cinco representantes da comunidade cristã da cidade para explicar o andamento das investigações. Eles esclareceram como a operação começou e quais são as acusações contra os líderes religiosos.
Os nove suspeitos estão presos temporariamente (cinco dias). Os promotores querem estender o prazo por mais cinco dias e conseguir aprovação da Justiça para converter a prisão em preventiva, que não prevê prazo para soltura.
Antes da reunião, cerca de 100 fiéis da igreja organizaram um protesto em frente à sede do MP, onde eram colhidos os depoimentos. Eles rezaram e pediram justiça. Os acusados saíram vaiados do local, em direção ao Presídio de Formosa. O ato começou às 11h e terminou por volta das 13h.
Bispo e padres presos
Foram presos o bispo responsável por 33 paróquias em 20 municípios goianos, dom José Ronaldo Ribeiro; o monsenhor Epitácio Cardozo Pereira, vigário-geral da Diocese de Formosa; os padres e párocos Moacyr Santana, Waldoson José de Melo e Mário Vieira de Brito; o padre e juiz eclesiástico Thiago Wenceslau; o secretário da cúria, Guilherme Frederico Magalhães; e os empresários, acusados de serem laranjas da quadrilha, Pedro Henrique Costa Augusto e Antônio Rubens Ferreira. Eles são alvo de operação que apura desvio de mais de R$ 2 milhões de templos em Formosa (GO).
Nesta terça-feira (20/3), mais três acusados foram escutados por representantes do Ministério Público de Goiás (MPGO). Os padres Mário Vieira de Brito e Moacyr Santana, e o secretário da Cúria da região, Guilherme Frederico Magalhães compareceram ao órgão, em Formosa, por volta das 8h. A sessão durou cerca de 4 horas. O bispo dom José Ronaldo Ribeiro deve ser escutado nesta quinta-feira (22/3).