Cidades

Vídeo mostra bispo e padre reunidos em restaurante, arquitetando crime

Investigadores da Operação Caifás do Ministério Público de Goiás (MPGO) acompanharam, de longe, o encontro dos religiosos em Brasília

Walder Galvão - Especial para o Correio
postado em 22/03/2018 23:00
Encontro do bispo dom José Ronaldo Ribeiro e do juiz eclesiástico padre Juiz Eclesiástico Thiago Wenceslau em restaurante no Lago Sul Um dia antes de serem presos, no domingo (18/3), o bispo dom José Ronaldo Ribeiro e o juiz eclesiástico padre Thiago Wenceslau se encontraram em um restaurante do Lago Sul. Investigadores da Operação Caifás, do Ministério Público de Goiás (MPGO), acompanharam, de longe, a reunião dos dois. Em um vídeo, ao qual o Correio teve acesso com exclusividade, é possível ver a dupla acusada com outros dois homens. Pe. Wenceslau havia acabado de chegar de São Paulo e seguiria para Formosa (GO). Segundo Douglas Chegury, da 5; Promotoria de Justiça de Formosa, que investiga o caso, o religioso teria vindo da cidade paulista na intenção de ameaçar os padres que se negaram a participar do esquema criminoso, que teria desviado mais de R$ 2 milhões da Igreja Católica.

Chegury aponta que a chegada do juiz eclesiástico foi um dos motivos para deflagração da operação. Na segunda-feira (19/3), tanto ele quanto o bispo foram presos na cidade do Entorno. Além da dupla, policiais civis detiveram mais sete pessoas, entre padres e pessoas vinculadas à diocese da região. O grupo é acusado de desviar dinheiro de dízimos, casamentos e eventos promovidos pelas paróquias.
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Uma das gravações telefônicas, captadas com autorização judicial, revela a conversa de duas pessoas, comentando que o juiz eclesiástico chegaria ao município goiano exatamente para intimidar os religiosos. Uma das pessoas flagradas seria Mário Vieira de Brito, outra religioso preso durante a operação. "Padre Thiago não está vindo manso?;, pergunta Mário a uma pessoa não identificada. Em seguida, essa pessoa responde: "É uma lista grande, do tamanho do mundo. São 12 ou 14 padres", explica, se referindo aos outros sacerdotes, que não queriam participar do esquema e, por isso, passariam a ser retaliados.

Depoimentos


Os promotores do MPGO começaram a colher os depoimentos dos presos na terça-feira (20/3), dia seguinte à prisão. Nesta quinta-feira (22/3), ocorreu o último dia de oitivas, quando Dom José foi levado ao MP de Formosa para prestar esclarecimentos. Além dele, o vigário-geral monsenhor Epitácio Cardozo Pereira e o juiz eclesiástico Pe. Thiago foram ouvidos. Por orientação da defesa, ninguém respondeu as perguntas dos investigadores.

Com o fim desta fase na investigação, os promotores concluirão a denúncia, que deve ser apresentada nesta sexta-feira (23/3) à Justiça. Os suspeitos foram presos temporariamente. Isso significa que eles podem ficar encarcerados por até cinco dias, prazo que se encerra nessa sexta. Por lei, esse tempo pode ser estendido por mais cinco dias, mas os promotores pretendem converter a prisão de temporária para preventiva.

Interventor


Nesta quinta, o arcebispo de Uberaba (MG), dom Paulo Mendes Peixoto, assumiu o posto de administrador apostólico da Diocese de Formosa. Mendes chegou a Brasília por volta do meio-dia e participou de reuniões na Nunciatura Apostólica e na Conferência Nacional dos Bispos (CNBB). Após os eventos, ele seguiu para Formosa.

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