Augusto Fernandes
postado em 27/03/2018 06:00
Um dia após o adiamento da audiência de conciliação que poderia ter determinado o fechamento temporário do Zoológico de Brasília, a morte de mais um animal, a segunda desde janeiro, trouxe preocupação sobre as condições de funcionamento da instituição. Depois de perder o elefante Babu, em 7 de janeiro, no sábado, a girafa Yvelise morreu devido à necrose no cólon maior.
A audiência de conciliação havia sido marcada após ação popular movida pela Confederação Brasileira de Proteção Animal (CBPA), alegando que o zoológico não tem capacidade de garantir segurança e tratamento adequado aos animais e visitantes. Como o diretor-presidente do zoológico, Gerson de Oliveira, não poderia comparecer na data marcada, a Procuradoria-Geral (PGDF) adiou o encontro para 9 de abril.
Porém, com a morte da girafa, no domingo, a própria procuradoria sugeriu ao Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT) substituir a audiência por uma verificação in loco das questões denunciadas pela CBPA. Segundo a PGDF, isso possibilitaria a ;obtenção de melhor resultado; das condições do local. A petição ainda aguarda despacho do juiz responsável pelo caso, Carlos Frederico Maroja de Medeiros, da Vara de Meio Ambiente, Desenvolvimento Urbano e Fundiário do DF. Caso o pedido seja aceito, o zoológico pretende divulgar o laudo definitivo sobre a morte do elefante Babu, suspeito de envenenamento, na data da vistoria.
Ciente das alegações feitas pela CBPA, Gerson adianta que o zoológico vai aceitar as decisões estabelecidas na audiência de conciliação, mas comentou que a instituição não opera de forma irregular. ;Se o zoo não fosse 100% legalizado, não estaríamos funcionando. Mas vamos responder item por item. O pano de fundo sempre vai ser o bem-estar animal;, destacou.
Ele defendeu que, desde que assumiu a gestão da instituição, em 2016, foram realizadas melhorias, como a reforma dos recintos dos animais. O administrador assegura que os 242 funcionários recebem os treinamentos necessários. ;Todos são instruídos para observar qualquer comportamento atípico, seja dos animais ou dos visitantes;, disse.
Segundo Gerson, o caso de Yvelise não tem nenhuma relação com a morte de Babu. ;O que aconteceu com o elefante foi algo inusitado e raro. Um ato criminoso. No dia 6 de janeiro, ele estava se movimentando bem e agindo normalmente. No dia seguinte, estava morto. Com a girafa, assim que percebemos uma mudança de atitude, nós fizemos o que precisava ser feito. Foi uma fatalidade. Se a equipe não entrasse no tempo certo, o animal morreria sem atendimento prévio;, frisou.
Conforme informações do Tribunal de Contas do Distrito Federal, não há auditoria específica sobre o operacional da instituição, ou seja, os cuidados com animais e a segurança dos frequentadores, por exemplo. A fiscalização em curso é regular e verifica a execução de contratos, os termos de cessão de uso e os controles adotados pelo zoológico para prevenir perdas de receitas próprias e gerir o seu plantel.
Problemas
Uma das principais denúncias da CBPA diz respeito à falta de segurança no local. ;A segurança do local precisa ser reforçada. Um lugar que recebe 2,5 mil pessoas por dia necessita de mais vigilantes e câmeras. São 380 recintos na instituição e apenas 12 câmeras de monitoramento. Isso é insuficiente;, criticou a presidente da CBPA, Carolina Mourão.
De acordo com Carolina, os recentes casos de mortes de animais evidenciam a necessidade de uma mudança de gestão do zoológico. ;O nosso pedido principal é o fechamento temporário para visitação. É uma época de reflexão para os gestores da instituição. Eles não têm porque resistir. O nosso pedido não é nenhuma ofensa ou ataque. Em meio a esses acontecimentos ruins, é hora de repensar estratégias para oferecer uma vida mais digna a esses animais, mesmo eles estando confinados;, defendeu. O zoológico informou que, desde o ano passado, está ampliando o sistema de vigilância. Segundo a instituição, o processo de licitação está em andamento e os 160 novos equipamentos serão colocados em posições estratégicas.