Otávio Augusto
postado em 28/03/2018 18:08
O Ministério Público de Contas do Distrito Federal (MPC-DF) alertou a direção do Hospital de Base sobre as falhas no sistema de ar-condicionado em dezembro do ano passado, após inspeção na unidade médica. O órgão de controle constatou que o aparelho "se mostra precário" e "podendo levar riscos à população".
Apesar dos avisos, segundo o MPC-DF, nada foi feito. "Apesar de passados cerca de três meses, não há sinais de que a situação tenha se alterado. Ao contrário, noticia-se, nesta data, que houve uma pane geral no sistema de ar-condicionado do hospital, com nítido prejuízos à população", escreveu a procuradora-geral do MPC-DF, Cláudia Fernanda de Oliveira Pereira, em ofício.
[SAIBAMAIS] Ao menos 16 pacientes deixaram de ser operados e oito salas de cirurgia estão com o funcionamento comprometido. O conserto do aparelho pode levar até 15 dias. Segundo a unidade médica, o problema foi constado apenas na última sexta-feira (23/3). Contudo, pacientes reclamam de falhas há 13 dias. Médicos e enfermeiros também se queixaram da alta temperatura no centro cirúrgico.
A procuradora-geral ainda criticou o tempo que o conserto do aparelho pode levar. O gerente médico-cirúrgico do Hospital de Base, José Humberto Gebrim, disse ao Correio, no início da semana, que não considera 15 dias muito tempo. "Para as características que necessitamos, não. O paciente eletivo pode esperar. Eventualmente, o serviço pode ser entregue antes", explicou.
A situação do Hospital de Base não é a única na capital federal. A unidade de terapia intensiva (UTI) Hospital Regional do Gama (HRG) também sofreu uma pane em seu sistema de refrigeração no fim do ano passado. Auditores de MPC-DF vistoriaram o local e preparama um relatório cobrando providências e o cumprimento de diretrizes da Agência Nacional de Vigilância Sanitária. O ideal é que o ambiente permaneça entre 19;C e 21;C. O Correio entrou em contato com a Secretaria de Saúde e com o Hospital de Base, e aguarda resposta.
Equipamento antigo
As equipes que trabalham na manutenção tiveram dificuldades para encontrar peças de reposição, já que o aparelho é antigo. Nem o Hospital de Base soube informar há quantos anos o mesmo equipamento está funcionando. Um orçamento para a modernização do sistema de refrigeração chegou a ser feito, mas a unidade de saúde não divulga o valor. Não há prazo para a troca acontecer. A reforma exigiria adequações no prédio, inaugurado em 1960.
A interrupção das cirurgias eletivas penalizou menos o funcionamento da unidade. "Nosso plano de contingência foi para as cirurgias eletivas, já que os pacientes podem aguardar. Isso é menos nocivo ao atendimento público. As urgências e emergência continuam funcionando normalmente", justificou Gebrim, no início da semana.