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Prata da Casa: Blues de bolso repagina clássicos e dá nova cara ao estilo

Trio, que não toca só blues, se aventura também nas esferas do rock e da MPB. A ideia é agregar leveza aos clássicos

Hellen Resende*
postado em 30/03/2018 13:20
Blues de Bolso
A banda Blues de Bolso começou a sua história ainda em 1997, quando os integrantes se conheceram na cena musical de Brasília. Foi um encontro despretencioso e nem eles sabiam que 21 anos depois, ainda estariam juntos na estrada. À época, a capital era recheada por grandes influências roqueiras, o que já não é novidade para nenhum amante do estilo musical. Em 2000, com a união de três integrantes nasceu o grupo. O trio, que não toca só blues, se aventura também nas esferas do rock e da MPB. A ideia é agregar leveza aos clássicos e, é claro, às próprias composições.

"Em 1997, começamos a fazer um duo e a tocar só por diversão", conta José Adalberto, 56 anos, músico e arquiteto. Depois, em parceria com Haroldinho, o Haroldo Mattos, 52, e Renato Martins, 48, Adalberto conta que a banda passou a interpretar mestres do blues e do jazz, como Robert Johnson e Billie Holliday. Do rock, trazem Eric Clapton, como não poderia faltar. E da música brasileira, destacam Secos e Molhados, Almir Satter e a rainha do rock pop nacional, Rita Lee.

O trio fez a experiência de levar o blues, um estilo considerado mais refinado, à rodoviária do Plano Piloto. "A gente teve um retorno fabuloso de gente que nunca ouviu falar em blues na vida", diz Haroldinho. Os músicos contam que ficou na mémória deles uma senhora que, muito emocionada, se dirigiu a eles sem saber que estilo era aquele, mas que era "muito bonito o som". "Aí a gente sentiu que a emoção que você tem ao tocar o blues pode ser transmitida e ainda volta para você", completou o músico.

Trajetória


Aproveitando a onda dos acústicos e a ascensão dos canais de TV a cabo, nos anos 2000, Haroldinho desafiou-se a tocar no violão canções com a mesma maestria com que ele tocava guitarra. E conseguiu. O Blues de Bolso compõe e cria melodias a partir de testes despretensiosos, utilizando-se da bagagem musical e da capacidade de improvisação dos integrantes, que possuem uma forte sintonia durantes os ensaios e shows. "Sucesso para mim é você estar bem, de dentro para fora. Você poder fazer a sua profissão com os amigos, é isso que importa", conta Haroldinho. "A cada apresentação, a gente vê a alegria das pessoas que curtiram o nosso trabalho e a nossa alegria de realizar mais um show", completa Adalberto.
Duas vezes por mês, o Blues de Bolso se apresenta no bar Trow, do Lago Norte. Na rotina há, ainda, a música deles levada diretamente para a casa das pessoas, em aniversários e celebrações. "A gente leva um pequeno equipamento e a diversão. Acho que eles se divertem com isso, o público observa que há um tipo de comunicação amistosa", diz Haroldinho.
Blues de Bolso

Tirando do bolso


"Haroldinho já estava na cena musical há tempos, ele acompanhava todo mundo bom da época", comenta Adalberto, que escutou o atual parceiro e pensou ;esse cara toca blues;". Com uma garrafa de Wiski na mão, se aproximou para fazer contato com o cara que viria a ser um dos grandes amigos e parceiro de som. O encontro foi importante para que ambos descobrissem a própria identidade musical. A partir desse dia, uniram-se no grupo Oficina Blues, que teve quase 20 anos de estrada.

Mas a bagagem musical deles, de fato, começou de forma diferente, ainda na infância. Haroldinho lembra do pai, que era artista plástico, pintando e escutando música clássica. Da mãe ligada à MPB e dos irmãos roqueiros. Já a influência de Adalberto veio pelo rádio, onde ele escutava do rock ao brega. "O meu contato com o rock foi inicialmente com o brasileiro ; Rita Lee e Mutantes", conta. Diante do novo mundo, não se fez de rogado: insistiu em aprender violão, coisa que sempre quis, e ainda novo inspirou-se em Cazuza, fazendo versões para música brasileiras e de Bob Dilan.

O Blues de Bolso apresenta essa bagagem musical toda no primeiro disco, previsto para o início do ano que vem. Nas redes sociais, é fácil encontrar o trabalho do trio pelo @bluesdebolso.
* Estagiária sob supervisão de Anderson Costolli

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