Influenciado por clubes campestres internacionais, o Brasília Country Club nasceu antes mesmo de a capital do país ser inaugurada. As histórias do espaço remontam ao ano de 1958, quando foi criado. De lá para cá, a área recebeu personalidades como Juscelino Kubitschek, Vinicius de Moraes e Tom Jobim. Os dois compositores teriam se inspirado em uma nascente na região para compor a canção Água de Beber. Histórias como essa e outras vividas ao longo dos 60 anos de existência da agremiação são relembradas pela diretoria do clube para celebrar o aniversário, comemorado no próximo dia 26. A data será marcada por um baile para os sócios.
Desde que foi inaugurado, o Brasília Country Club ; ou ;BCC;, como também é chamado ; se manteve na mesma localidade: ao lado do Catetinho. A criação do clube girou em torno da proposta de oferecer espaço de lazer e coletividade aos primeiros moradores e visitantes do que viria a ser a capital do país. A cidade sequer havia sido erguida: não havia Congresso Nacional, Palácio da Alvorada ou mesmo o Lago Paranoá. O BCC funcionava como uma alternativa para reunir quem estava em uma cidade tomada por barracões de madeira e canteiros de obras.
Ele aterrissou no aeroporto de Vera Cruz, próximo à antiga Rodoferroviária, e seguiu para o Catetinho em um avião de tipo teco-teco. A pista de pouso ficava ao lado da Casa Velha, onde o ex-presidente e a comitiva foram recebidos por dona Zenaide, registrada em uma foto ao lado de JK e do grupo. A sede da fazenda passou a fazer parte das dependências do Country Club. Transformada em museu em 2006, a Casa Velha foi tombada como patrimônio histórico e cultural do Distrito Federal.
Pulmão de Brasília
À época, a área ocupada pelo clube foi doada pela Companhia Urbanizadora da Nova Capital (Novacap). As terras, próximas ao Catetinho, foram repassadas em abril de 1958, mas o processo só foi finalizado em março de 1960, com o apoio de Israel Pinheiro, primeiro prefeito de Brasília. Ainda assim, até janeiro de 1961, a área pertencia à residência presidencial provisória, instalada dentro do perímetro onde hoje é o Country Club. Então diretor de obras da Novacap, Pery da Rocha França defendia a independência do clube, alegando que ;toda metrópole precisava de um pulmão;.
Inicialmente, o Brasília Country Club era constituído por conselheiros, cuja maioria eram diretores da Novacap e empresários de construtoras. A associação começou com apenas 93 sócios, que compraram os primeiros títulos. Parte desse grupo ainda mora na capital e será homenageada em uma festa programada para 21 de abril, em comemoração ao aniversário do Country.
Hoje, o número de associados está próximo de 750. Segundo o conselheiro e ex-presidente da agremiação Rodolfo Prado, algumas das qualidades que tornam o local um reduto para muitos brasilienses é a segurança e a discrição que os sócios encontram no espaço. Para Rodolfo, pelo fato de o clube não ser muito conhecido, os frequentadores se sentem mais à vontade para aproveitá-lo. ;Qualquer um que vier aqui não será aborrecido. As pessoas frequentam o Country Club com absoluta segurança e privacidade;, comenta.
Ponto de encontro
Nascido em Uberlândia (MG), o servidor público aposentado Luiz Humberto Del Isola, 70 anos, veio para Brasília entre 1959 e 1960 e se tornou sócio do clube em 1962. Ele conta que a ideia era que o espaço funcionasse como um ponto de encontro para as pessoas que vinham conhecer a cidade, trabalhar ou morar em Brasília. ;Não havia nada em 1958. O Lago Paranoá ainda não existia. Como você poderia fazer o enraizamento e a socialização de todo o pessoal daqui? Era preciso um ponto de congregação que, à época, era o Country Club;, relembra.
Ele também conta que Tom Jobim e Vinicius de Moraes estavam aqui para compor a sinfonia de Brasília. "Quando estavam na residência presidencial, viram a nascente e dela surgiu o ;água de beber camará;. Essa fonte nasce na nossa divisa com o Catetinho. Hoje, ela cai em uma bica no Country Club;, conta o aposentado.
Estrutura
Com oito quadras de tênis, três campos de futebol, cinco piscinas, pista hípica, trilha, além de dezenas de espaços para atividades ao ar livre, o espaço conta com arquitetura predominantemente colonial, projetada por João Luiz Batelli, que privilegiou estruturas construídas em alvenaria e telhados de tijolos. A ênfase do clube campestre é oferecer atividades esportivas aos sócios, principalmente na categoria hípica. Além da sede em Brasília, o clube conta com uma filial em Paracatu (MG). O espaço possui alojamentos, como casas e conjuntos de apartamentos, para hospedagem dos sócios. A sucursal mineira fica a 260km do Distrito Federal.
O presidente em exercício, Carlos Henrique de Paulo, afirma que, até 2020, quando deixa o cargo, a proposta é modernizar a pista hípica do clube. ;Aqui ocorrem importantes eventos, como a Copa JK Quality de Hipismo para o campeonato Sul-americano. Recebemos gente do Brasil inteiro. Temos parcerias em andamento e a proposta é que a nossa pista seja a melhor do Centro-Oeste;, afirma o presidente.
Para visitar
Interessados em conhecer o Brasília Country Club podem agendar visita pelo telefone (61) 98184-1422.