Cidades

Arruda e clã Roriz podem ficar em lados opostos nas eleições deste ano

Família do ex-governador por quatro mandatos deverá ser liderada pela chapa de Liliane e da ex-distrital Eliana Pedrosa contra aquela integrada por Jofran Frejat

Ana Viriato
postado em 06/04/2018 06:00
Vista aérea do Palácio do Buriti
Aliados em diversas eleições, o clã Roriz e o ex-governador José Roberto Arruda (PR) tendem a se apresentar como adversários no pleito deste ano. Recém-filiadas ao Pros, a caçula do único político a ocupar por quatro mandatos o Palácio do Buriti, Liliane Roriz, e a ex-distrital Eliana Pedrosa articulam uma chapa na qual concorreriam, respectivamente, ao Senado e ao GDF. Em outra via, cujas vagas majoritárias estão preenchidas, está Jofran Frejat (PR), pré-candidato ao Executivo local com a bênção de Arruda ; a mulher dele, Flávia Arruda, sairá para deputada federal. Apesar do histórico de parcerias, a aliança entre as duas coalizões é considerada ;improvável; por integrantes.

Viabilizado pelo presidente nacional do Pros, Euripedes Júnior, o acerto entre Eliana, Liliane e a legenda ocorreu na noite de quarta-feira. A filha de Roriz, no entanto, precisa reverter a inelegibilidade para disputar votos. O Tribunal Regional Eleitoral do DF (TRE-DF) a condenou por compra de votos e falsidade ideológica. A parlamentar é suspeita de oferecer vantagens indevidas a eleitores e não declarar, na prestação de contas da campanha de 2010, despesas com apoiadores. Liliane recorreu ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e aguarda os desfechos do processo.

Na quarta-feira, encontro do Pros determinou o acerto com Eliana Pedrosa e Liliane Roriz
Desde a última eleição, a distrital tenta viabilizar voos mais altos que a Câmara Legislativa. Em 2014, seria a número dois da chapa de José Roberto Arruda. Entretanto, depois de poucos meses de acordo, a parlamentar anunciou a desistência em pronunciamento na Casa. Ela disse ;ter escutado a voz do povo; e garantiu que tentaria a reeleição. Àquela época, por conta de impedimentos judiciais, Arruda emplacou Frejat na disputa pelo GDF. Apesar do troca-troca, o clã manteve o apoio.

Responsável pela gravação dos áudios que levaram, em 2016, à deflagração da Operação Drácon, que investiga desvios de valores de emendas parlamentares, Liliane afirmou que não concorrerá ao Legislativo local novamente, porque ;é preciso haver renovação;. ;O meu pai sempre teve essa teoria de que não devemos ficar no mesmo cargo por muitos anos. É necessário dar espaço para outras pessoas. Pretendo tocar novos projetos;, ponderou.

O Pros ainda deve contar com Joaquim Roriz Neto, filho de Jaqueline Roriz, na concorrência por uma cadeira na Câmara dos Deputados. Outra integrante da família que pode entrar no páreo é a mulher do ex-governador, Weslian Roriz (PMN), que assumiu o lugar dele no pleito de 2010 por causa dos impedimentos judiciais. Ela é cotada para um cargo majoritário ; Vice-Governadoria ou Senado.

Esta será a primeira disputa desde que foram instauradas as eleições diretas em que Joaquim Roriz não participará das campanhas ; seja em comícios, seja por meio de vídeos, como em 2014. O ex-governador apresenta um quadro de saúde delicado, com ;síndrome demencial, de etiologia mista, Alzheimer e vascular, em estágio grave;, de acordo com um laudo do Instituto de Medicina Legal (IML). Com o patriarca fora dos palanques, o índice de transferência de votos a candidatos tende a ser menor.

Ex-dobradinha

Vice de Joaquim Roriz e, depois, de Weslian na campanha de 2006, Frejat classificou Eliana e Liliane como ;grandes concorrentes;, mas destacou que a miscelânea de candidaturas garante maiores chances de vitória ao governador Rodrigo Rollemberg (PSB). ;Todos têm direito de disputar, mas casa dividida não para em pé;, pontuou.

O ex-secretário de Saúde, que há pouco mais de um mês esteve na casa de Weslian e conversou com a matriarca sobre o eventual apoio do clã à sua candidatura, disse que a união das chapas ;é muito pouco provável;. ;Tudo pode ser negociado, mas dependeria de como faríamos esse encaixe. Para ser governador, precisa ter uma perspectiva de votos maior do que a minha. Em relação aos demais cargos, tem de ser conversado com quem vem postulando;, explicou Frejat. A situação, no entanto, poderia mudar de figura no 2; turno.

Eliana e Arruda
Pré-candidata ao GDF, Eliana Pedrosa também manteve proximidade com o ex-governador Arruda nos últimos anos. Em 2014, à época do PPS, a ex-distrital sonhava em ser a vice dele na campanha, após a desistência de Liliane Roriz. Para tanto, abriu mão de ser a cabeça de chapa. O acordo, firmado em meados de junho, entretanto, acabou barrado pela direção nacional do partido. Naquele ano, ela concorreu a deputada federal e não foi eleita.

Desta vez, Eliana começou a articulação pelo Buriti no Podemos, mas deixou o partido após perder a Presidência regional para Ronaldo Fonseca, que deve ser candidato ao Senado. Migrou, então, para o Pros, sigla em que tem a bênção do comandante nacional para se candidatar. Pela legenda, são pré-candidatos, ainda, o senador Hélio José à Câmara dos Deputados e a distrital Telma Rufino à Câmara Legislativa.

A disputa pelo Buriti

A corrida pelos cargos majoritários do Distrito Federal esquentou nas últimas semanas, com o rompimento de grupos e criação de alianças. Confira a condição das coalizões:

PR/MDB/PP/DEM/Avante ; A chapa será encabeçada pelo ex-secretário de Saúde Jofran Frejat (PR). As vagas do Senado devem ser ocupadas pelo empresário Paulo Octávio (PP) e pelo deputado federal Alberto Fraga (DEM).
O vice será indicado por Tadeu Filippelli (MDB), que controla o partido na capital

PTB/PSDB/ PPS/PSD/ PRB/PSDC/DC/Patriota ; A única candidatura definida é a do senador Cristovam Buarque (PPS) à reeleição.
A chapa pode ser encabeçada por Alírio Neto (PTB), ex-distrital; Izalci Lucas (PSDB), deputado federal; ou Wanderley Tavares, presidente regional do PRB.
A coalizão ainda conta com Rogério Rosso (PSD), que não definiu qual
posto disputará, mas descarta o GDF

PDT ; Apesar de lançado pré-candidato ao Buriti para fazer o palanque eleitoral do presidenciável Ciro Gomes, Joe Valle não definiu se, no fim das contas, concorrerá ao Senado ou ao GDF. As alianças também estão em aberto. As opções são a Rede, o PSB, a depender das costuras nacionais, e os grupos de Frejat ou de Cristovam

PSol ; O partido definiu a chapa majoritária quase por inteiro. A diretora da Faculdade de Ciências da Saúde da UnB, Fátima de Sousa,
será a candidata ao Executivo local. Ao Senado, concorrerão o auditor federal Marivaldo Pereira e o ex-presidente
do Sindicato dos Jornalistas, Chico Sant;Anna. Falta o vice

PSB ; O governador Rodrigo Rollemberg concorrerá à reeleição.
A chapa contará com a secretária de Planejamento, Orçamento e Gestão, Leany Lemos, que disputará o Senado.
O restante depende das composições nacionais. O grupo considera aproximações com o PDT, de Ciro Gomes; o PSDB, de Geraldo Alckmin;
e a Rede, de Marina Silva

Novo ; Herdeiro da rede Giraffas, Alexandre Guerra encabeçará a chapa. Um dos candidatos ao Senado é o advogado Paulo Roque. Resta a definição sobre o vice e o segundo senador da legenda

Robério Negreiros opta pelo PSD

Segundo distrital mais votado em 2014, com o apoio de 25.646 eleitores, Robério Negreiros escolheu o PSD, partido presidido pelo deputado federal Rogério Rosso, para disputar a reeleição. O parlamentar assinou a filiação ontem, um dia depois de deixar o ninho tucano, o qual integrou por quase dois anos. Com a novidade, a sigla contará com dois representantes na Câmara Legislativa, no ano eleitoral. Além de Negreiros, Cristiano Araújo integra o partido.

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