Cidades

Justiça bloqueia bens de acusados de desviar dinheiro de igrejas do Entorno

Entre os bens bloqueados estão imóveis e R$ 9 milhões em contas bancárias

Flávia Maia
postado em 13/04/2018 12:14
O bispo José Ronaldo Ribeiro, um dos acusados de integrar o esquema fraudulento
A Justiça de Goiás determinou o bloqueio e sequestro dos bens dos membros da Igreja Católica e empresários presos na Operação Caifás, que desarticulou um esquema milionário de desvio de dinheiro de igrejas do Entorno do Distrito Federal. O magistrado Fernando Oliveira Samuel expediu o ofício determinando as buscas e o bloqueio de imóveis adquiridos pelos suspeitos atendendo pedido do Ministério Público de Goiás (MPGO). O objetivo é facilitar um eventual ressarcimento aos prejudicados pelo esquema fraudulento. Além dos imóveis, a 2; Vara Criminal de Formosa autorizou a quebra do sigilo bancário e a penhora on-line das contas, no limite de R$ 1 milhão para cada um dos nove denunciados.

[SAIBAMAIS]Os documentos foram expedidos para os cartórios das cidades de Posse (GO) e Formosa (GO). Entretanto, as buscas podem se estender a outros estados. O Correio teve acesso a documentos que indicam que os religiosos têm propriedades além do território goiano. O monsenhor Moacyr Santana, por exemplo, teria dois imóveis na cidade de Santo Anastácio, no interior de São Paulo.

Documento do cartório com imóvel em nome de padre denunciado na Operação Caifás, no Entorno do DF

Na pequena cidade de 20 mil habitantes, Moacyr teria comprado o primeiro imóvel de 240m; em 2004, a um preço de R$ 3,4 mil. Na época, ele era pároco no município de Posse (GO). Em fevereiro de 2010, comprou outra casa no mesmo conjunto habitacional ao preço de R$ 16 mil. Na ocasião, Moacyr já era padre em Planaltina de Goiás.
A reportagem entrou em contato com o MPGO na manhã desta sexta-feira para saber se os imóveis em nome de Moacyr no interior de São Paulo estão bloqueados. Um dos promotores à frente da investigação, Douglas Chegury, comunicou que, a princípio, as buscas estavam restritas a Goiás, mas que, a partir da informação levantada pelo Correio, as buscas podem se estender para outras unidades da Federação.

No fim da tarde, o MPGO informou que vão oficiar o cartório do interior de São Paulo onde constam os imóveis apresentados pelo Correio.

Documento do cartório com imóvel em nome de padre denunciado na Operação Caifás, no Entorno do DF

Envolvidos permanecem presos

São alvo da decisão judicial sobre bloqueio de bens: o Monsenhor Epitácio Cardozo Pereira; o bispo José Ronaldo Ribeiro; os padres Moacyr Santana, Mário Vieira de Brito e Waldson José de Melo; e os empresários Pedro Henrique Costa Augusto e Antônio Rubens Ferreira; e o secretário da Cúria, Guilherme Frederico Guimarães.
Guilherme é o único que responde ao processo em liberdade, porque está colaborando com a Justiça. Os demais continuam presos preventivamente, embora suas defesas já tenham impetrado inúmeros habeas corpus em distintas instâncias judiciais. De acordo com o cartório de Formosa, apenas o monsenhor Epitácio Cardozo tem bens imóveis registramos na cidade.

Relembre o caso

O bispo dom José Ronaldo Ribeiro, quatro padres e o vigário-geral de Formosa deram um prejuízo superior a R$ 2 milhões aos cofres da Igreja Católica em Formosa (GO), segundo o Ministério Público de Goiás (MPGO). Dinheiro desviado de dízimos, doações, taxas de celebrações e usado na compra de uma fazenda de gado e uma casa lotérica, entre outros bens, de acordo com as denúncias de fiéis e de padres que não faziam parte do esquema.
Policiais civis e militares prenderam o bisco, cinco padres, dois empresários e um funcionário da Cúria, na última segunda-feira, durante a Operação Caifás. Na casa de um monsenhor, apreenderam dinheiro escondido no fundo falso do guarda-roupa, além de dezenas de relógios e aparelhos eletrônicos e importados.
As investigações começaram em 2015. No ano passado, fiéis denunciaram ao MPGO que as despesas da casa episcopal de Formosa, onde o bispo mora, passaram de R$ 5 mil para R$ 35 mil. Todos negam o envolvimento no caso. Na sexta-feira, a Justiça converteu a prisão temporária em preventiva, que não tem prazo.

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