Crianças, adolescentes, idosos, pais, filhos, avós. Não importa a idade nem o amor pelo esporte, o objetivo é o mesmo: completar o álbum de figurinhas da Copa do Mundo. Para atingi-lo, eles fazem trocas em bancas de jornal e na escola, combinam encontros em grupos de aplicativos de mensagens instantâneas e negociam compra ou venda. Além dos papéis com anotações do que falta, as pessoas utilizam, inclusive, aplicativos de celular criados justamente para a função.
O hobby serve como uma forma de reforço da aproximação familiar. O aposentado Clóvis Venuto, 65 anos, além de preencher um álbum da Copa pela sexta vez, auxilia na coleção das netas, de 4 e 6. ;Elas viram que eu estava fazendo e também quiseram;, conta. Morador da 112 Norte, ele frequenta a Banca do Brito, na 106, um dos grandes pontos de troca de figurinhas na cidade.
[FOTO1142726]
Há quem veja nas figurinhas algo mais do quem uma simples coleção: o passatempo também pode ser um meio de fazer novas amizades. Nos colégios, por exemplo, o bafo ; jogo em que o objetivo é virar as cartas com batidas de mão ; virou febre entre os alunos e ajuda nas aproximações. Mas o estudante Felipe Queiroz, 10, enfatiza: ;durante a aula, elas têm que ficar na mochila;. Ele está completando o álbum juntamente com o pai, Paulo de Tarso, 42, que dá um dinheiro semanal para o filho. Com a ;semanada;, o pequeno compra entre sete e 10 envelopes de cinco figurinhas por semana.
Para muitos, o hábito de completar os álbuns vem da infância. ;Sinto um saudosismo infantil em comprar e abrir o pacote, descobrir e apreciar as figurinhas, colar e ver a coleção tomando forma. Mas também tem aquela coisa de ir à banca, algo que eu achava tão gostoso e hoje não faço mais;, destaca o crítico de cinema Thiago de Mello, 34. Essa é a quarta edição que ele coleciona.
Outro costume praticado pelos colecionadores é o debate sobre os jogadores. ;Na minha infância, gostava muito de conversar com os colegas sobre quem poderia ajudar mais a seleção, quem joga bem, quem não deveria estar no time;, relembra Luisa Basto, estudante de biotecnologia. Hoje, aos 22, ela troca as figurinhas com os colegas de faculdade.
Empreendedorismo
A polvorosa em torno da coleção tem sido um fator importante no retorno financeiro das bancas de jornal. ;A venda estava muito fraca, principalmente em dezembro e janeiro. Agora, o álbum tem praticamente sustentado a gente;, conta Joserlândio Parente, 43, que gerencia a Banca Opção, na 113 Sul, em parceria com o pai, José Livino, 73. Desde o lançamento, eles venderam mais de 25 mil figurinhas e cerca de 450 álbuns ; 400 normais e 50 de capa dura.O ganho não faz parte apenas do cotidiano das empresas. O vendedor de bebidas José Cláudio Vellozo, 46, completou três álbuns desta Copa e está a seis colagens da finalização do quarto. Até então, comprou cerca de 4 mil figurinhas e vende as excedentes para outros colecionadores ; os preços variam entre R$ 0,50 e R$ 5. ;Eu só quero me desfazer do tanto que adquiri;, garante. Questionado pelo Correio sobre o que fará com os livros, ele disse que vai guardar para a filha e os futuros netos.
A negociação acontece até nas instituições de ensino. Quando João Pedro Oliveira, 9, percebe que a procura por uma figurinha que tem é grande, vende para os colegas. ;Ele e a irmã, às vezes, chegam com dinheiro em casa, pois aprenderam desde cedo a empreender;, confessa, às gargalhadas, a mãe Viviane Rabelo, 46, que é empresária. Após ter completado as páginas dos estádios e os times do Brasil, Portugal e Inglaterra, a principal meta do pequeno é adquirir o adesivo da Seleção Brasileira de 1962.
Fifa World Cup Russia 2018
Um álbum normal: R$ 7,90Um álbum de capa dura: R$ 49,90
80 páginas
681 figurinhas
Um envelope com cinco figurinhas: R$ 2
Um pacote com 40 envelopes: R$ 80
Disponível em bancas, livrarias, supermercados e no site https://loja.panini.com.br.