Cidades

Cerca de 150 pessoas dão o último adeus à jornalista Valéria de Velasco

Velório reuniu colegas de trabalho, amigos e familiares da jornalista, conhecida nacionalmente pela luta no cumprimento da Justiça e pelo fim da da violência

Isa Stacciarini
postado em 17/04/2018 18:31
Sepultamento Valéria de Velasco
Sob aplausos e homenagens, o corpo da jornalista brasiliense Valéria de Velasco foi sepultado, no fim da tarde desta terça-feira (17/4), no cemitério Campo da Esperança, na Asa Sul. Cerca de 150 pessoas estiveram no local para dar o último adeus a ela, além de prestar solidariedade aos familiares e amigos de uma das jornalistas mais respeitadas de Brasília.

O velório começou por volta das 14h30, na capela 6, e reuniu colegas de trabalho, amigos e familiares da jornalista, conhecida nacionalmente por lutar pelo cumprimento da Justiça e pelo fim da da violência na capital federal. Valéria morreu na madrugada desta terça, 12 dias após ser internada devido a um aneurisma na aorta abdominal.

Amiga de Velasco, a jornalista Conceição Freitas contou que elas foram companheiras de redação por muito tempo e que nunca se esquecerá dos dias de trabalho noite adentro. Segundo Conceição, Valéria sentiu a pior dor do mundo, que foi a perda do filho, e mesmo assim continuou tendo forças para seguir na luta, apoiando mães que também perderam os filhos para a violência urbana. "Ela era uma mulher de muita bravura e ao mesmo tempo de muita delicadeza", detalhou.
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O jornalista e escritor Marcos Linhares, 48 anos, lembrou a generosiadade de Valéria e a forma leve com que ela enxergava as pessoas e a vida. "Ela tinha um jeito firme e ao mesmo tempo doce", detalhou o amigo. Segundo Linhares, desde a morte de Marquinhos, o olhar e o sorriso de Valéria nunca mais foram os mesmos, mas ela seguia generosa. "Ela procurava reverter a dor em amor", detalhou.

Irmão de uma das netas de Valéria, o professor Hugo Molina, 31, lembrou o entusiasmo com que a jornalista via a vida, sempre persistente e defensora das causas humanistas. "Ela era correta e de bem com a vida", disse o educador.
Com vasta carreira no jornalismo, Valéria fazia parte de um seleto grupo de pessoas que pensam e escrevem em favor do humanismo ; tão distante das commodities jornalísticas de hoje em dia. A sua ferramenta era a vida, principalmente a dos excluídos, dos invisíveis da sociedade. Como dizia: "jornalismo é para mudar vidas".
Jamais fugiu à luta diante dos desmandos e desmantelos sociais. Defendeu a Justiça, nunca o justiçamento; defendeu a conscientização, nunca o ódio. Criou o Convive (Comitê Nacional de Vítimas de Violência) depois de perder o filho Marco Antônio Velasco, o Marquinhos, espancado até a morte por uma gangue que se denominava Falange Satânica, formada por jovens de classe média, um crime que abalou a cidade no início dos anos 1990.

Trabalhou no Correio na década de 1980 e depois, por mais de uma década, nos anos 2000, ajudando a novos repórteres com sua voz suave, sem nunca alterá-la, como se fosse um mantra. Nos últimos meses, estava como colaboradora da Revista do Correio, era ela quem dava o verniz às reportagens, era ela quem sugeria as pautas mais perto do coração. Ela era assim: humana, humilde e poderosa.

Valéria, nascida em 11 de setembro de 1944, deixa três filhas, cinco netos e um bisneto.

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