Cidades

TJGO concede habeas corpus a juiz eclesiástico preso em Formosa

Tiago Wenceslau é acusado pelo Ministério Público de falsidade ideológica e associação criminosa. Ele também é investigado por ameaçar padres que não queriam participar do esquema criminoso

Walder Galvão - Especial para o Correio
postado em 18/04/2018 17:55
A Operação Caifás, deflagrada em 19 de março, investiga desvio de mais de R$ 2 milhões dos cofres da Igreja Católica
O Tribunal de Justiça de Goiás (TJGO) concedeu habeas corpus ao único padre que continuava detido no Presídio de Formosa. O juiz eclesiástico Tiago Wenceslau deve sair da cadeia ainda nesta quarta-feira (18/4). Ele e mais oito pessoas, inclusive o bispo de Formosa, dom José Ronaldo Ribeiro, estavam presos desde 19 de março, acusados pelo Ministério Público de Goiás (MPGO) de desviar mais de R$ 2 milhões da Igreja Católica.
A decisão foi expedida nesta tarde, um dia após os outros réus serem liberados da cadeia. Segundo o advogado de Wenceslau, Thiago de Pádua, o malote com o pedido de liberação está a caminho da 2; Vara Criminal de Formosa e será encaminhado ao presídio da região ainda nesta quarta. "Os próximos passos da defesa já foram iniciados. Apresentamos a defesa prévia e começamos as oitivas das testemunhas", diz. Para o advogado, a investigação do MPGO trata-se de uma perseguição religiosa.
Wenceslau é acusado por falsidade ideológica e associação criminosa. O promotor do MPGO Douglas Chegury ainda investiga se o juiz eclesiástico recebeu dinheiro para intimar os padres e participar da falsificação de um documento que apresentava auditoria nas contas da Diocese de Formosa. A defesa nega todas as acusações.
Nessa terça-feira (17/4), a Justiça goiana concedeu o habeas corpus do bispo, dos outros sacerdotes presos e dos dois empresários, apontados pela investigação como laranjas do esquema. Foram liberados o vigário-geral Epitácio Cardozo Pereira, o pároco da Catedral Nossa Senhora da Imaculada Conceição, de Formosa, Moacyr Santana, o pároco da Paróquia São José Operário, em Formosa, Mário Vieira de Brito, o pároco da Paróquia Sagrada Família, em Posse (GO), Waldson José de Melo, e dois empresários, Pedro Henrique Costa Augusto e Antônio Rubens Ferreira.
Os religiosos foram recebidos em clima de festa pelos fiéis e familiares. Um vídeo mostra o momento em que o bispo deixa o Presídio de Formosa. Cantorias e abraços marcam a saída de dom José da cadeia.
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Confira a participação de cada acusado no suposto esquema, segundo o MPGO:

Dom José Ronaldo Ribeiro, bispo de Formosa
Apontado como líder da quadrilha, responderá por 10 acusações de apropriação indébita qualificada (por estar no exercício do ofício enquanto cometia os crimes); por falsidade ideológica; e por associação criminosa (antiga formação de quadrilha).

Epitácio Cardozo Pereira, vigário-geral
Segundo na hierarquia da diocese de Formosa, responderá por apropriação indébita qualificada (falta tipificar o número de vezes que teria cometido o crime) e associação criminosa. Na casa dele, a Polícia Civil de Goiás apreendeu mais de R$ 70 mil em dinheiro, relógios de luxo e equipamentos eletrônicos em um fundo falso no guarda roupas.

Moacyr Santana, padre
Pároco da Catedral Nossa Senhora da Imaculada Conceição, em Formosa, responderá por apropriação indébita qualificada pelo fato de cometer crime no exercício do ofício, por lavagem de dinheiro e por associação criminosa. O MPGO encontrou o nome do sacerdote em notas promissórias que o ligariam a uma casa lotérica em Posse (GO).

Mário Vieira de Brito, padre
O pároco da Paróquia São José Operário, em Formosa, responderá por apropriação indébita com a mesma qualificadora dos anteriores, além de ser acusado de falsidade ideológica e associação para o crime. Ele foi flagrado em escutas telefônicas comemorando, com Moacyr, a chegada de um juiz eclesiástico, para intimidar sacerdotes contrários ao esquema, segundo o MPGO.

Waldson José de Melo, padre
Pároco da Paróquia Sagrada Família, em Posse, responderá duas vezes por apropriação indébita qualificada, além de associação criminosa.

Thiago Wenceslau de Barros Barbosa Júnior, padre
Juiz eclesiástico, responderá por falsidade ideológica e associação para o crime. Ainda é suspeito de receber dinheiro para intimidar padres que denunciaram o golpe e de participar da falsificação de um documento que apresentava auditoria nas contas da diocese.

Antônio Rubens Ferreira, empresário
Responde por lavagem de dinheiro. Emprestaria o nome e documentos para a compra de bens móveis e imóveis.

Pedro Henrique Costa Augusto, empresário
Responde por lavagem de dinheiro. Emprestaria o nome e documentos para a compra de bens móveis e imóveis.

Guilherme Frederico Magalhães, secretário da Cúria de Formosa
Responderá por apropriação indébita qualificada e associação criminosa.

Darcivan da Conceição Sarracena, funcionário da diocese de Formosa
Responderá por falsidade ideológica e associação criminosa.

Edimundo da Silva Borges Júnior, advogado da diocese
Pesam contra ele as acusações de falsidade ideológica e associação criminosa.

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